Waze negocia trocar informação sobre trânsito com cidades do Brasil

Parcerias são parte de programa criado no Rio e levado até para NY. Brasil alterna com EUA posto de mercado top, diz empresa do Google


O Waze, aplicativo que acompanha o trânsito em tempo real, negocia levar para cinco cidades brasileiras um programa de troca de informações que nasceu no Brasil e já se espalhou para o resto do mundo. O serviço de navegação será exibido a partir de 2015 em alguns aeroportos do Brasil, que divide com os Estados Unidos a posição de maior mercado para a empresa comprado pelo Google no ano passado.

Duas delas, Vitória (ES) e Petrópolis (RJ), já assinaram o contrato e a iniciativa conjunta deve começar em breve, informou nesta sexta-feira (24) a diretora para América Latina, Flavia Sasaki. O Waze mantém conversas com as cidades de Porto Alegre (RS), Salvador (BA) e Florianópolis (SC).

O programa funciona como uma via de mão dupla para troca de dados. Por um lado, o Waze concede informações como velocidade média dos veículos em uma via e o grau de lentidão minuto a minuto, tempo médio de um percurso e atrasos provocados por congestionamentos; rotas alternativas; acidentes automobilísticos e incidentes na vida, como buracos. Em contrapartida, as prefeituras informam as vias bloqueadas e obras que atrapalhem o trânsito.

Para cada cidade, a necessidade de informação é diferente. “Se tem um tufão na Indonésia, a gente entra em contato com eles para saber quais as principais rotas de fuga”, conta Flavia Sasaki, chefe de parcerias corporativas do Waze na América Latina.

Tempo real
O Waze se tornou um dos serviços de navegação mais famosos do mundo, a ponto de chamar a atenção da gigante Google, cujo um dos principais serviços é o Maps, também capaz de traçar rotas. Apesar de se mudar para o Google Campus, na Califórnia (EUA), o Waze mantém operação independente da empresa de internet. Devido à agilidade para informar a situação do tráfego, o Maps acaba mostrando alguns dos dados do Waze.

Isso ocorre porque boa parte dos dados do Waze são informados pelos usuários. Sasaki assegura que todos as informações, sobretudo as cedidas com as prefeituras, não são individualizadas. “A gente não compartilha a velocidade específica de cada usuário, é sempre uma média”, diz a executiva, acrescentando que os motoristas não correm o risco de serem dedurados caso pisem demais no acelerador.

Cidadãos conectados

Lançado no começo de outubro, o programa “Connected Citizens” começou a funcionar em 10 localidades, como Los Angeles, Nova York, Tel Aviv e Rio. De lá para cá, mais cinco aderiram. As raízes da iniciativa são brasileiras. Nasceu de uma parceira com Rio de Janeiro em 2013 que ganhou corpo, segundo Sasaki, em julho deste ano, quando a prefeitura queria soluções para melhorar o trânsito antes da visita do Papa Francisco I. “Não foi uma ideia do Waze, foi uma necessidade do prefeito, que nos procurou”, diz.

No Rio, a ferramenta funciona como uma camada de dados adicional às informações reunidas no Centro de Operações. Segundo a executiva, os dados ajudam a administração a direcionar suas ações, como consertar um semáforo cujo problema foi apontado por usuários do app. Apesar de atuar nos bastidores, a parceria já tomou as ruas. No momento em que o “Connected Citizens” era lançado em Nova York, a Prefeitura do Rio começava a exibir em 20 painéis eletrônicos instalados nas ruas o tempo para percorrer vias na cidade.

Segundo a empresa, a troca de informações não envolve recursos financeiros. “Se a gente fosse cobrar, as cidades que realmente precisassem desse serviço provavelmente não teriam como pagar”, afirmou Julie Mossler, diretora de comunicação do Waze.

A partir de 2015, o serviço do Waze será exibido, como um teste, nos painéis de mídia interna dos aeroportos de Congonhas, em São Paulo, e Santos Dumont, no Rio, diz Sasaki. Os dados do app já dão suporte a veículos de comunicação.

Não só por incentivar novas parcerias como essa, mas também por ser um dos países com mais usuários do Waze no mundo, o Brasil alterna com os Estados Unidos o posto de maior mercado para o aplicativo. São Paulo, com 1,5 milhão de usuários, e o Rio, com 500 mil, fazem parte das cidades top cinco para o Waze, ao lado das norte-americanas Los Angeles e Nova York e Jacarta (Indonésia). Ao todo, cerca de 50 milhões de pessoas usam o app no mundo.

G1

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