Until Dawn põe jogador em filme de terror

'Pânico', 'Jogos mortais' e outros clássicos influenciaram game. Destaque é possibilidade de personagens morrerem ao longo da partida


É normal achar que personagens de filmes de terror são grandes idiotas. Eles sempre tomam decisões obviamente erradas: seja indo atrás de barulhos suspeitos na floresta, se separando do grupo enquanto são caçados por uma entidade misteriosa e até lendo em voz alta versos macabros de um livro esquisito dentro de uma cabana abandonada. E em "Until Dawn", game de terror para PlayStation 4 lançado em 25 de agosto, o jogador finalmente tem a chance de evitar tais escolhas – o que não significa que o nível de stress seja menor.

No jogo da Supermassive Games, você controla oito personagens em uma trama inspirada em alguns dos maiores filmes do gênero, como "Pânico" (1996) e "Jogos mortais" (2004).

O game usa com desenvoltura e a seu favor alguns dos principais clichês desses clássicos, mas também é vítima de muitos deles.

Efeito borboleta
"Until Dawn" conta a história de um grupo de jovens que volta a uma estação de esqui na montanha um ano depois de um incidente traumático. Mas chegando lá, eles começam a ser perseguidos por um psicopata mascarado e passam a testemunhar acontecimentos que parecem ser sobrenaturais. O desafio do jogador é tomar decisões ao longo da partida que podem significar a vida ou a morte para cada um deles.

Através do tempo limitado para as escolhas e uma ambientação competente, o game consegue dar ao jogador uma sensação real de responsabilidade sobre o destino dos oito personagens. Os controles de "Until Dawn" lembram bastante os de "Heavy Rain" e "Beyond: Two Souls", mas com um sentimento de urgência muito maior a cada decisão ou "quick time event" (quando você precisa apertar determinado botão no controle).

Para um game que promete ser influenciado por cada um desses momentos, afetando todo o resto da trama e criando diversos desfechos diferentes, isso é fundamental. Principalmente quando um dos pontos centrais de "Until Dawn" é o chamado "efeito borboleta", que diz que algo tão insignificante quanto o bater de asas de um inseto pode gerar um furacão dias depois.

Com o passar da história, e principalmente se você não tiver sido fisgado pela tensão criada pelo jogo, é possível ficar com a impressão de que algumas decisões não tem consequências tão radicais. Isso acontece geralmente na hora de apertar os botões na sequência mostrada na tela.

Porém, se a atmosfera de isolamento e horror de "Until Dawn" bater forte, esse será um daqueles games que você irá jogar sentado na ponta da poltrona, com os olhos vidrados na TV, e com medo de qualquer barulhinho do seu quarto.

Pesa a seu favor a trama, que é desenvolvida de forma suficientemente inteligente para homenagear os diversos subgêneros dentro do terror, como os filmes de psicopatas ("slasher films"), de fantasmas ou de monstros. Infelizmente, seu maior "plot twist" – o momento da grande revelação – trabalha contra o próprio game, e reduz bastante as chances de uma segunda partida.

Com um elenco formado por alguns nomes conhecidos, como Hayden Panettiere ("Heroes"), Peter Stormare ("Anjos da lei 2") e Rami Malek ("Mr. Robot"), que emprestam voz e movimentos aos personagens, o game se aproxima muito de um filme interativo. Nesse sentido, "Until Dawn" consegue ser um game de terror divertido, tenso e empolgante. Mas que como produção cinematográfica não revolucionaria o gênero.

G1

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