Prefeito de Jataí está inelegível

Humberto Machado não poderá disputar as eleições neste ano de 2012. Prefeito era favorito para disputa


Considerado até então um candidato praticamente imbatível para a reeleição em Jataí, o prefeito Humberto Machado (PMDB) está na lista dos políticos que tiveram contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e não poderá disputar as eleições de outubro. A notícia foi divulgada na terça, 19, faltando apenas 11 dias para a convenção do partido, e alterou completamente o quadro político do município.

Com Humberto Machado fora do páreo, a cúpula do PMDB articulou imediatamente o nome do deputado federal e presidente do PMDB de Jataí, Leandro Vilela, para a disputa. A intenção é possibilitar uma candidatura do deputado estadual Daniel Vilela (PMDB) para a Câmara dos Deputados em 2014 e permitir que, caso Leandro seja eleito, Wagner Guimarães deixe a primeira suplência da legenda para assumir uma cadeira na Câmara Federal.

Esta troca, na verdade, só está sendo antecipada. Nos bastidores, Leandro e Daniel já vinham articulando todo este cenário. O deputado federal apoiaria uma candidatura de Daniel à Câmara Federal de 2014 e, em troca, teria o apoio de Humberto para concorrer à prefeitura de Jataí em 2016. Com a impossibilidade da reeleição do prefeito, Leandro Vilela viverá o seu projeto eleitoral quatro anos antes do previsto.

Se Leandro for eleito, a sua saída do Congresso daria vaga de titular à deputada Marina Sant'anna (PT). Ela hoje ocupa uma cadeira no legislativo federal devido à licença do deputado Thiago Peixoto (PSD), que é titular da Secretaria Estadual de Educação. Wagner Guimarães assumiria o mandato como suplente e permaneceria na Câmara enquanto Thiago estiver no governo estadual. Atual vice-presidente do diretório regional do PMDB, Wagner também deve assumir o comando da legenda em nível estadual no próximo mês. O atual presidente, Adib Elias, será candidato a prefeito em Catalão.

Apesar do apoio da cúpula do partido, Leandro Vilela enfrentará resistências locais para confirmar sua candidatura a prefeito de Jataí. Vice-presidente do diretório local do PMDB, o vereador Gênio Eurípedes disse que “tem gente querendo preparar o velório antes da hora.” Ele prometeu denunciar à cúpula do PMDB qualquer correligionário que “agir com deslealdade” para lançar candidatura a prefeito. Segundo ele, uma possível escolha de um substituto para Humberto no pleito deverá ser feita de forma coletiva. Mesmo assim, afirmou que o problema seria contornado até o começo desta semana.

Oposição
A divulgação da lista do TCU, que inclui outros 276 políticos goianos impedidos de participar das eleições municipais, injetou novo ânimo na oposição. O empresário Victor Priori (PSDB), que parecia já ter desistido do pleito em razão do favoritismo de Humberto Machado, teve reunião com o governador Marconi Perillo (PSDB) no dia seguinte à notícia. O tucano, que foi candidato a prefeito em 2008 e a deputado estadual em 2010, deverá ter como vice em sua chapa a ex-deputada e atual presidente do PSD de Jataí, Cilene Guimarães.

Na semana passada, a Tribuna apurou que a oposição estava perdida em Jataí. Com o grande favoritismo de Hum­berto Machado, alas da oposição queriam se unir ao peemedebista e lançar Priori como vice. Já os líderes, que não concordavam com este caminho, pregavam o lançamento de um nome para concorrer contra o prefeito. Ninguém, contudo, queria encabeçar a chapa.

Victor Priori chegou a dizer à reportagem que já havia desistido de disputar a prefeitura. “Eu não sou candidato. (…) Estamos trabalhando em algumas opções, mas ainda está tudo muito indefinido e qualquer coisa não passa de especulação”, disse, na oportunidade. Já Cilene Guimarães admitiu que poderia ser candidata, mas queria garantias de estrutura. “Eu quero ter realmente ter a chance de vencer”, mostrou.

Com a saída de Humberto Machado, o processo eleitoral em Jataí está zerado. A tendência é que o prefeito possa impulsionar a candidatura de Leandro Vilela e lhe passar a popularidade necessária para vencer o pleito. Vários exemplos passados mostraram, porém, que a transferência de votos não é algo natural. Por isso o ânimo da oposição aumentou. Tentará, no meio de toda a confusão, espaço para vencer.

Irregularidades

A inclusão do nome do prefeito de Jataí na lista dos inelegíveis se deve a um convênio firmado em 2003 com o Ministério da Cultura para a construção de um centro de eventos no valor de R$ 300 mil. Os recursos federais foram repassados em dezembro de 2003, mas a obra só foi concluída quatro anos depois, quando Humberto Machado assumiu novamente o cargo de prefeito. O processo já transitou em julgado e não existe possibilidade de recurso. O documento é uma exigência da Justiça Eleitoral e será entregue à presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Carmem Lúcia.
 
Entre as irregularidades apuradas estão o pagamento de despesas sem a correspondente execução dos serviços, aquisição de material sem utilização e alteração do local da obra sem autorização. Participaram da licitação apenas duas empresas, em que os sócios eram casados e um deles era funcionário do município. As empresas foram declaradas inidôneas para licitar e contratar com a administração pública por três anos. Além do pagamento de multas no valor de aproximadamente R$ 20 mil, o prefeito foi condenado ao recolhimento de débitos ao Tesouro Nacional no valor de R$ 50 mil, solidariamente com a Construtora Monte Sinai, e de R$ 12 mil, solidariamente com a empresa individual Daniel Almeida Rosa. (Com informações de Eduardo Sartorato)

Por Fernando Machado – Publicado no Jornal Tribuna do Sudoeste

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