Por mais comunidades

Confira o artigo do prefeito Paulo do Vale para o jornal O Popular


Embora tenha ampliado o acesso da população de baixa renda à casa própria, o Minha Casa, Minha Vida reproduziu o isolamento social dos mais pobres em regiões onde o programa do governo federal não foi acompanhado de um planejamento por parte dos municípios. Esta constatação pode ser verificada claramente nos bairros Nilson Veloso 1 e 2 em Rio Verde.

Passados menos de três anos da entrega das 534 casas, construídas no extremo norte da zona urbana, os cerca de 3 mil moradores padecem de uma ausência completa dos serviços básicos na região. Ao longo das 43 quadras não existem escolas, hospitais, postos de saúde, praças, parques ou centros esportivos.

Não é sem motivo, portanto, que uma simples caminhada pelo bairro revele uma enorme quantidade de pontos de pichação, muitos deles com apologia ao uso de drogas e prática de delitos, assim como um alto número de crianças e adolescentes vagando pelas ruas sem nenhuma razão aparente.

Também não ficamos surpresos que o mais recente mapeamento da segurança pública em Rio Verde tenha apontado o Nilson Veloso como palco da maior concentração de crimes e contravenções penais de toda a cidade, aquilo que os especialistas na área chamam de ‘hot points’ (pontos quentes).

Assim como a febre nada mais é do que uma defesa do organismo quando este sofre qualquer tipo de agressão, a alta temperatura da violência urbana no bairro também é um fenômeno relacionado aos problemas no tecido social. Feito o diagnóstico, escolhemos justamente o Nilson Veloso para encampar um projeto piloto com diversas frentes de trabalho e integrando todos os setores do governo.

Utilizando a tecnologia e a praticidade das salas modulares, iniciamos a instalação de uma creche para 150 crianças e de uma escola de educação infantil com mais de 350 vagas no bairro. E um imenso lote que vinha sendo usado como ponto de uso de entorpecentes está sendo transformado em uma escolinha de iniciação esportiva para atender os alunos no contraturno, além de investimentos na saúde, cultura, limpeza urbana e mesmo no paisagismo.

O avanço da violência precisa, sim, ser enfrentado com uma repressão firme das forças policiais, mas necessita também ser acompanhado de investimentos em ações de promoção social, na criação de oportunidades e no acesso aos itens de direito de todo cidadão. Caso contrário, ao invés de comunidades, estaremos criando favelas.

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