Nova reforma abre disputa por cargos

Com reestruturação da administração estadual, aliados já articulam espaços na nova gestão


O governo estadual espera, nesta semana, a aprovação definitiva da segunda parte do projeto que vai definir a estrutura da administração pública no Estado para 2015, fixando novos campos de atuação das secretarias resultantes da fusão de pastas e extinguindo cargos comissionados no primeiro, segundo e terceiro escalão. Enquanto isso, companheiros que estiveram ao lado de Marconi Perillo (PSDB) na última campanha já se movimentam para ocupar os postos remanescentes ou, sobretudo, aqueles que ganharam corpo e poder com a nova configuração da gestão.

Nos bastidores, aliados mais ponderados assumem o interesse, mas esperam o novo organograma para explicitarem suas metas. Na semana passada, um deputado estadual governista chegou a dizer que “não sabe pelo que brigar”, já que as vagas permanecem indefinidas até tramitação completa do projeto. Além disso, segundo o parlamentar, Marconi estaria decidido a preencher os cargos com nomes que atendam a requisitos técnicos mínimos. “Esse é o governo da vida dele e ele não vai correr o risco de indicar por indicar e colocar a perder a chance de sair reconhecido dessa gestão”, falou.

O requisito técnico, no caso, deve ter peso maior nos cargos de primeiro e segundo escalão, que dão rosto à gestão e cuidam de áreas importantes na avaliação geral do mandato. Os sinais de que o apelo político pode ser colocado em segundo plano já são dados desde os primeiros dias após a eleição que deu a Marconi Perillo o seu quarto mandato à frente de Goiás. Desde os resultados das urnas, o tucano tem dito que não tem amarras ou compromissos políticos com aliados, embora demonstre querer prestigiar aqueles que estiveram ao seu lado no pleito.

De acordo com um deputado de partido aliado, Marconi terá de se desdobrar para encontrar as pessoas que cumpram os requisitos técnicos e, ao mesmo tempo, atendam às necessidades das legendas que compuseram a chapa vencedora na eleição estadual. “Eu acredito que ele não vai ceder, já que tem pretensões maiores”, considera. Partidos como o próprio PSDB, além de PTB e PSD, por exemplo, que tiveram peso essencial e somaram votos importantes na disputa, pretendem figurar entre os postos mais altos da gestão. Entre as ambições estão, por exemplo, as supersecretarias de Desenvolvimento Econômico, Científico e tecnológico e de Agricultura, Pecuária e Irrigação e de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura e Assuntos Metropolitanos.

Outra superpasta, considerada a maior em termos de visibilidade política, a da Mulher, do Desenvolvimento Social, da Igualdade Racial, dos Direitos Humanos e do Trabalho, já estaria na mira do PDT, uma das siglas que mais demoraram a declarar apoio à reeleição do governador. Nesse caso, Marconi teria a possibilidade de indicar a deputada federal reeleita Flávia Morais, que até tem experiência no trato com o social, mas, por outro lado, figura como grande rival de um dos mais conhecidos aliados políticos do governador, o prefeito de Trindade, Jânio Darrot (PSDB). Para um governista, esse é o retrato mais fiel de como deve ser o quebra-cabeças de Marconi nos próximos dias. “O que se sabe é que alguns já estão garantidos, mas ainda tem muita peça pra mexer”, considera.

“Eu achei uma jogada de mestre”

Para um deputado estadual da oposição, que prefere não se identificar, a Reforma administrativa em pouco vai interferir nos espaços de indicação exclusiva do governador. “Ele extinguiu seis secretarias, mas, por outro lado, criou as subsecretarias. Só uma delas (Desenvolvimento Econômico, Científico e Tecnológico) vai ter cinco subsecretários, além do secretário”, reclama. Na visão do parlamentar, essa nova configuração, ao invés de dificultar, vai é abrir mais espaços para as indicações políticas. “Eu achei uma jogada de mestre”, alfineta. Apesar de vencimento um sensivelmente menor do que os secretários de Estado, os subsecretários é que cuidarão, separadamente, de áreas específicas de cada pasta.

Pelo texto da Reforma, cuja segunda parte deve passar por votação na próxima semana, os dirigentes máximos de órgãos e das entidades integrantes da administração direta, autárquica e fundacional, somam 22 postos, incluindo, além dos secretários, chefes de gabinete e comandantes das forças de segurança. Para os cargos remuneração inferior, cinco mil postos comissionados estão garantidos pelo novo texto. Ao todo, serão 2.159 cargos com remuneração de R$ 900 a R$ 1300 e 2.841 com vencimentos entre R$ 1400 a R$ 5 mil.

1ª etapa sancionada
A primeira etapa do projeto da Reforma Administrativa do Poder Executivo foi sancionado e publicado no Diário Oficial do Estado, na semana passada. Constante da Lei nº 18.687/14 a matéria já está em vigor, produzindo efeitos a partir de 1º de janeiro de 2015. A matéria tramitou na Assembleia Legislativa sem maiores polêmicas. Com o dispositivo, a Governadoria propôs modificações na estrutura administrativa do Executivo, extinguindo 3.300 cargos comissionados em secretarias, autarquias e demais órgãos da esfera do Executivo Estadual. A expectativa é que haja uma economia de R$ 300 milhões com o enxugamento.

Por Flávia Guerra – Publicado no Jornal O Hoje

Compartilhe

Comente: Nova reforma abre disputa por cargos