Marconi participa do evento e lamenta desfiliação da senadora do PSDB

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Com o discurso de buscar um novo espaço político em Goiás, a senadora Lúcia Vânia filiou-se ontem ao PSB, dois meses depois de deixar o PSDB, após 20 anos de militância na legenda. A mudança reforça o nome de Vanderlan Cardoso à prefeitura de Goiânia, em 2016, e também carimba a pretensão dela de buscar a reeleição nas eleições de 2018 ou até disputar o governo.

O ato de filiação, realizado na Câmara de Vereadores de Goiânia, contou com a presença dos governadores Marconi Perillo (PSDB), de Goiás; de Rodrigo Rollemberg (PSB), do Distrito Federal; e Paulo Câmara (PSB), de Pernambuco; do vice-governador de Goiás, José Eliton (PP), e o de São Paulo, Marco França (PSB), além do presidente do diretório nacional do PSB, Carlos Siqueira, e ainda deputados e vereadores de várias legendas.

Ao justificar a troca de partido, a senadora foi enfática. “Só quero um espaço onde eu possa realizar alguma coisa inteiramente nova”, disse em entrevista à imprensa ao chegar à Câmara de Goiânia. Questionada se guardaria mágoa do PSDB, respondeu que não, e ressaltou a solidariedade manifestada, por exemplo, por Marconi e pelo senador e presidente do diretório nacional tucano Aécio Neves.

A senadora cogitou deixar o PSDB após desentendimento com a cúpula do partido e pela bancada no Senado, por ter sido preterida na formação da mesa diretora da Casa. Ela fez questão de destacar a receptividade na nova legenda, e da perspectiva de novos desafios, ressaltando a boa relação com bancada do partido no Congresso Nacional. Também atribuiu a troca de legenda à sua inquietude. “Entendi que devemos avançar sempre, buscar alternativas”.

Como agora já tem a defender a pré-candidatura de Vanderlan a prefeito da capital, a senadora foi questionada sobre a sua proximidade com o prefeito Paulo Garcia (PT), ao atender convite para visitar obras na cidade. Respondeu que aceitou o convite em nome da política da boa vizinhança e que não discrimina nenhum partido político. Por outro lado, disse que ainda é cedo para falar em aliança para 2016, mas ressalvando laços com os partidos da base de apoio a Marconi. “PSB tem candidato, que é o Vanderlan”, frisou. “Tenho certeza que ele poderá muito bem representar o partido”.

Presidência
Como provavelmente assumirá o comando do PSB em Goiás, hoje a cargo de Vanderlan, Lúcia Vânia  adiantou que, agora como nova filiada, quer ter oportunidade de reestruturar uma legenda, de forma aberta e transparente. Reafirmou que escolheu o partido por sua estrutura e por se identificar com projetos por ele defendidos.

Aliado de Vanderlan, o deputado Simeyzon Silveira (PSC) afirmou ontem, na Assembleia Legislativa, que a ida da senadora ao PSB carimba a pretensão dela de buscar a reeleição, dá musculatura ao partido e fortalece o ex-prefeito de Senador Canedo, que, por sua vez, disse reconhecer que a filiação da senadora ao partido reforça a sua candidatura na sucessão de Paulo Garcia.

Tanto o governador Rollemberg, como o presidente nacional do PSB, disseram que a sigla ganha expressivo reforço com Lúcia Vânia.

Marconi: ‘sensação é de entrega da noiva’
Em seu discurso, o governador Marconi Perillo não poupou elogios à senadora Lúcia Vânia. “Estamos aqui com a sensação de quem traz a noiva (ao altar no dia do casamento). E quero entregar a noiva, Lúcia Vânia, nas mãos de vocês”, disse, arrancando aplausos e risos da plateia que lotou o auditório da Câmara de Vereadores de Goiânia. “Quem é que não lamenta perder um quadro do partido como a Lúcia Vânia? Claro! Afinal, lá se vão 30 anos de amizade, de companheirismo, de lealdade, de discordâncias honestas, 30 anos de muitas emoções”, resumiu o governador. Marconi disse ter iniciado a sua trajetória política, aos 22 anos de idade, a convite de Lúcia Vânia. Primeiro, filiou-se ao PMDB, depois PP e PSDB. “São três os partidos que estivemos juntos, em 20 anos”. O governador elogiou o PSB, formado, segundo ele, por homens e mulheres éticos, decentes e comprometidos com valores e princípios. “É um partido que é comprometido verdadeiramenre com o presente e futuro do nosso País”. Ele disse que, embora em partidos distintos, não se afastará dela, em hipótese nenhuma, e lembrou o jingle dela, na campanha de 1994, quando disputou o governo de Goiás, ficando em terceiro lugar. Por fim, para ressaltar o trabalho da senadora, Marconi citou frases da senadora americana Hillary Clinton, o ex-presidente Juscelino Kubitschek, a ex-primeira ministra da Índia, Indira Gandhi, e as poetisas Cecília Meireles e Cora Coralina.

Base aliada
Marconi não concedeu entrevista à imprensa. Ao abrir o seu discurso, em saudação aos secretários presentes ao evento, ele fez questão de destacar a presença da secretária da Fazenda, Ana Carla Abrão, alvo de fortes críticas do deputado estadual Henrique Arantes (PTB), que é da base aliada. Em discurso na tribuna, na tarde de terça-feira passada, Arantes teceu críticas ao trabalho da secretária, que, segundo ele, não surtiu os efeitos necessários para debelar a crise financeira do Estado. Por fim, questionou a sua competência e sugeriu a saída dela da pasta. “Saúdo os meus auxiliares em nome da competente secretária Ana Carla”, disse Marconi. A declaração foi avaliada como um desagravo à titular da Sefaz e, consequentemente, um recado ao parlamentar. Insitada a comentar o entrevero, a senadora Lúcia Vânia, que é mãe de Ana Carla, procurou se imiscuir da polêmica. “Não gostaria de entrar nessa questão, nessa seara, que não me pertence. Acredito que ela é madura para responder a essa questão”.

O Hoje