Ex-superintendente do Mapa em Goiás é preso em 2ª fase da Carne Fraca

O preso é Francisco Carlos de Assis, que é suspeito de destruição de provas, tentativa de dificultar mandato de busca e apreensão e prestação de favores a empresas privadas em troca de benefícios pessoais


A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira a segunda fase da operação Carne Fraca, que investiga fraudes fiscais e outras irregularidades em frigoríficos. Ao todo, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão e um de prisão preventiva. O preso é Francisco Carlos de Assis, ex-superintendente regional do Ministério da Agricultura em Goiás, que é suspeito de destruição de provas, tentativa de dificultar mandato de busca e apreensão e prestação de favores a empresas privadas em troca de benefícios pessoais (em dinheiro e produtos).

Assis será encaminhado para a PF em Curitiba (PR). Ele foi flagrado pela PF em interceptação telefônica e estaria destruindo provas consideradas relevantes para a Carne Fraca. “Asseverou a necessidade de prisão preventiva de Francisco Carlos de Assis, para a garantia da ordem pública, da instrução criminal e diante do risco à aplicação da lei penal, e da busca e apreensão nos endereços a ele relacionados, porque comprovada a existência de documentação em seu poder”, justifica o despacho do juiz Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal de Curitiba.

Segundo as investigações, Assis agia em prol dos interesses da BRF, que era representada por Roney Nogueira dos Santos, o mesmo que já havia sido preso na primeira fase da operação. O ex-superintendente teria influenciado fiscais do Ministério da Agricultura a indeferir o pedido de suspensão das atividades da unidade da BRF em Mineiros (GO), em 2016. Em troca, pedia produtos da empresa, como frango e costela suína, além de receber uma renda extra de até R$ 5 mil das empresas fiscalizadas. Procurada, a BRF afirmou que não irá comentar essa nova fase da Carne Fraca.

Assim como no Paraná, Roney seria a ligação entre integrantes dos órgãos públicos e a BRF. “Por ora, há elementos de conexão suficientes que justificam a concessão das medidas urgentes por este juízo, permitindo a coleta e a preservação das provas, justificou o juiz, acrescentando que desmembrar a investigação poderia prejudicar a coleta de provas.

Os demais investigados nessa segunda fase da Carne Fraca são Dinis Lourenço da Silva e Welman Paixão Silva Oliveira, ambos fiscais com atuação no Sipoa-GO, e Júlio Cesar Carneiro, superintendente da Superintendência Federal de Agricultura do ministério em Goiás.

Em uma das gravações feitas pela PF, Roney pede a Dinis ajuda para que a unidade de Mineiros (GO) não seja suspensa. Em uma outra gravação, ele pede a Assis, também chamado de Mineiro, a influir na decisão de Dinis. “A fábrica não é uma fábrica assim tão complicada. Rio Verde até é, mas Mineiros a planta é tranquila. Sempre foi uma planta legal”, disse a essa pessoa. Mais tarde, esse Mineiro confirma que já falou com Dinis e, em troca, pede produtos da BRF. “O Dinis é gente boa demais. Pode abrir a caixa de ferramentas para ele, está bom?”, diz Mineiro ao representante da BRF.

Ainda segundo a PF, os investigados responderão por crimes de obstrução de investigação criminal, além de outros crimes.

A primeira etapa da Carne Fraca ocorreu em 17 de março em seis estados e o Distrito Federal.

Jornal Extra

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