Vereador decidiu ontem formalizar termo de renúncia. Substituto é José do Carmo, da Cidade de Goiás

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O Partido dos Trabalhadores (PT) em Goiás viveu ontem mais um dia de fortes emoções. Após decisão tomada na terça-feira, pela manutenção da candidatura de Tayrone di Martino, que havia renunciado verbalmente à disputa, o partido viu-se surpreendido pela protocolização do pedido no Tribunal Regional Eleitoral. Às pressas, a executiva estadual da sigla se reuniu e decidiu escolher José do Carmo Alves Siqueira, advogado e professor universitário, para substituir Tayrone na chapa majoritária. A decisão, mais uma vez, foi anunciada pelo presidente regional do partido, Ceser Donisete, que ressaltou o compromisso do escolhido com os ideais do partido.

O documento em que Tayrone di Martino formaliza o pedido de renúncia foi protocolizado no TRE já no fim da tarde de ontem. Após isso, o vereador não mais foi encontrado para comentar a decisão. No dia anterior, ele havia anunciado a desistência, mas teria voltado atrás, após reunião com a executiva petista, para “não prejudicar a candidatura de Antônio Gomide”, segundo declarações do presidente do partido. No entanto, nesta quarta-feira, o vereador mudou outra vez de opinião e decidiu seguir em frente com a renúncia. A atitude de Tayrone deixa a chapa do PT em situação indefinida e vai depender de análise criteriosa da Justiça Eleitoral.

Segundo Donisete, assim que ficou sabendo da atitude de Tayrone, o partido convocou reunião para tratar da substituição do nome na chapa. “As razões que os levou a fazer isso serão tratadas em outra oportunidade”, explicou, questionado sobre a segunda mudança de ideia do ex-integrante da chapa. Ceser revelou que a reunião de terça-feira, quando Tayrone teria decidido não seguir em frente com o pedido de renúncia, transcorreu em clima de tranqüilidade. “Não dá pra explicar. Ele (Tayrone) mesmo foi quem redigiu a nota enviada à imprensa sobre a manutenção da candidatura”, disse. Segundo Ceser Donisete, assim como toda a militância, Antônio Gomide também ficou surpreso com a homologação do termo de renúncia.
 
Imbróglio jurídico
Com a renúncia, Tayrone coloca o partido numa situação delicada, já que existem divergências sobre a legalidade de uma substituição a apenas três dias do pleito. Edilberto Dias, advogado da coligação petista, disse ontem que tem “absoluta segurança jurídica” de que a substituição é possível e não acarretará impugnação da chapa. Para o procurador regional eleitoral, Marcelo Wolff, ainda é cedo para analisar a situação da candidatura, já que não há casos semelhantes já julgados em Goiás ou no Brasil. O grande questionamento diz respeito à validade da Resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que determina o prazo mínimo de 20 dias para a substituição, valeria ou não para o caso.

Em nota enviada à imprensa, o vereador negou que tenha recuado na terça-feira da renúncia, como foi informado pela sigla. “No período da noite, estive em reunião na Executiva do PT e reafirmei por diversas vezes esta renúncia. No entanto, por causa de problemas jurídicos, que poderiam interferir em todo o resultado do Pleito, com a possibilidade de os votos do Gomide serem cancelados, afirmei que não apresentaria carta de renúncia por escrito, aceitando um pedido dos advogados e membros da Executiva do PT, caso isso fosse verdade”, diz o vereador na nota. “Tanto é que a nota do partido não fala em momento algum de desistência da renúncia”, emendou.

De acordo com o vereador, ainda na nota, Edilberto Dias, que participou da reunião no diretório do partido na noite de terça-feira, teria dado uma declaração diferente ontem, dizendo que a decisão de Tayrone havia sido política e que havia segurança jurídica para substituição de candidato. “Como em nenhum momento desisti da minha renúncia e tendo a informação pública do próprio advogado do partido de que não há impedimento legal para a chapa, informo que protocolizei nesta tarde o meu pedido de renúncia no PT Estadual e no TRE Goiás”, anunciou. Para o juiz Airton Fernandes de Campos, membro do TRE, a renúncia inviabiliza a manutenção da chapa.
 
Substituto está há 30 anos no partido
Escolhido para substituir Tayrone di Martino na chapa majoritária do PT, José do Carmo Alves Siqueira, tem 46 anos de idade e milita no PT desde os 13. Filho da primeira secretária do PT na cidade de Goiás, Geralda Adélia Alves Siqueira, ele é advogado e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) e concorreu a prefeitura de Goiás em 2004. José do Carmo recebeu o convite para integrar a chapa petista na noite de ontem, em Goiás, e hoje de manhã deve voltar à capital para tratar da documentação legal da substituição. “Eu estava em Goiânia ontem e, assim que cheguei aqui recebi o telefonema”, contou. Segundo ele, que é casado e pai de quatro filhos, o convite foi recebido com satisfação. “É um reconhecimento interno”, resumiu.

Chefe de gabinete da prefeitura de Goiânia, durante a gestão de Pedro Wilson (2001-2004), José do Carmo diz ter acompanhado com preocupação os dois dias de idas e vindas dentro do partido e lamenta a atitude de Tayrone di Martino. “É uma situação inédita no partido, nunca vimos isso. É lamentável. Respeito as razões dele, mas o partido deve ser maior que os episódios. É um anti-testemunho”, declarou. Pouco antes de falar com a reportagem de O Hoje, Carmo havia recebido a ligação de Antônio Gomide. Juntos, eles já devem cumprir a agenda hoje, na capital. “Como militante, eu já estava engajado na campanha”, diz.
 
Paulo Garcia admite ter retaliado vereadores
O prefeito Paulo Garcia (PT) admitiu ontem ter retaliado os vereadores petistas Tayrone di Martino e Felizberto Tavares, com a exoneração de pessoas por eles indicadas para ocuparem cargos em comissão na prefeitura de Goiânia, por terem votado contra o projeto que fixou novas alíquotas para efeito de cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e Imposto Territorial Urbano (ITU).

Contrariados com a falta de debate em torno da proposta do prefeito e do tempo exíguo para apreciá-la em plenário, Tayrone e Felizberto, por muito pouco não impuseram uma derrota ao Paço. Na segunda votação do projeto, ocorrida na noite de domingo passado, a base aliada conseguiu os 18 votos necessários para aprová-lo. A ausência mais notada foi a do vereador Jorge do Hugo (PSL), aliado de primeira hora de Paulo Garcia. Por isso mesmo chegou a ser repreendido, nos bastidores, por ter faltado à sessão.

Ao saber da decisão do Paço, Tayrone desabafou pelo twitter. “Todas as pessoas ligadas a mim foram demitidas. Triste, porque são competentes, mas, cabeça erguida. Perco os cargos, mas não perco a dignidade”. Por sua vez, Felizberto manifestou vontade de deixar o partido, mas que temia perder o mandato. Logo em seguida, a executiva do diretório metropolitano decidiu suspendê-los por 60 dias, por desobediência.

“Se retaliação é a exoneração de cargos de confiança indicados por eles, eu afirmo que isso aconteceu”, disse em entrevista durante vistoria às obras do Programa Urbano Ambiental Macambira Anicuns (Puama). “Mas isso é natural, não é!”, observou. “Se você trabalha comigo, você é da minha total confiança, indica pessoas para exercerem cargos de confiança e você deixa de ter uma relação comigo de confiança, não é natural! (demiti-las)”.

Sobre a aprovação do projeto, o prefeito afirmou que a matéria foi debatida com a sociedade. “Estamos extremamente satisfeitos”. Em relação ao projeto complementar que atualiza a Planta de Valores Imobiliários, salientou que a proposta deverá ser encaminhada à Câmara nos próximos 15 adias, logo depois da realização de audiências públicas. O petista disse que aposta num consenso em torno do projeto, que será benéfico para a cidade. “O contribuinte pode ter certeza do nosso compromisso com a seriedade, com a transparência e com o trabalho pela cidade de Goiânia.

Macambira
Paulo Garcia falou da necessidade de acompanhar de perto o andamentos da obras no Macambira Anicuns, a cargo da prefeitura. “As obras do parque retomaram e com ritmo acelerado. Nossa expectativa é que, a cada mês, tenhamos novos resultados dessa obra que é fundamental para a cidade de Goiânia”.

Por Venceslau Pimentel – Jornal O Hoje