Eleições 2014:Primeiro ato de Iris é feito sem Gomide

Candidato do PMDB minimiza apoio de Friboi a Marconi


A ausência do ex-candidato Antônio Gomide (PT) e a declaração de apoio do empresário José Batista Júnior, o Júnior do Friboi, à reeleição do governador Marconi Perillo (PSDB), repercutiram no primeiro evento da campanha de Iris Rezende (PMDB), neste segundo turno, realizado ontem no Tattersal do Parque Agropecuário de Goiânia.

O PT formalizou apoio a Iris em reunião na sede do diretório estadual, na noite de terça-feira, depois de o peemedebista ter acatado proposta de apoio à reeleição da presidente petista Dilma Rousseff (PT) e de inclusão de pontos defendidos por Gomide durante o primeiro turno.

Secretário municipal de Gestão de Pessoas da Prefeitura de Goiânia e vice-presidente do PT estadual, Paulo César Fornazier justificou a ausência de lideranças do partido no evento salientando que todos estariam em Brasília, discutindo estratégia de campanha da presidente Dilma. “O PT estará com você, Iris, em todos os lugares do Estado”, disse Fornazier, em discurso.

Na conversa que teve com Gomide, anteontem, Iris disse ter se comprometido a incluir em seu programa de governo teses defendidas pelo ex-candidato, como a restituição da titularidade aos professores da rede pública estadual de ensino, a valorização das entidades de classe e o fortalecimento da Universidade Estadual de Goiás (UEG). “Ele me disse que, caso eu assuma o governo, nós queremos que restaure a dignidade da administração estadual”, comentou Iris.
 
Friboi
Último a discursar durante o evento, Iris evitou comentar o apoio de Friboi a Marconi, optando por fazer duras críticas ao governador e buscando motivar a militância dos partidos que compõem a sua coligação. No entanto, em entrevista à imprensa, fez avaliação sobre os motivos que teriam levado o empresário, filiado ao PMDB, a declarar apoio ao tucano.

Segundo o peemedebista, Friboi se deixou subjugar ao governo em virtude da divulgação, em maio passado, de dívidas que a empresa JBS, que ele dirigiu por vários anos, teria com o Fisco estadual de R$ 1,3 bilhão, além de dívidas de ICMS estimadas em R$ 346 milhões inscritas em dívida ativa do Estado. “O Estado inteiro sabe por que ele desistiu de sua pré-candidatura”, pontuou. “Desistiu porque o governo socou no nariz dele a dívida da Friboi R$ 1,3 bilhão.”

Para Iris, a tentativa de atribuir a ele a desistência do candidato em disputar o governo não tem sustentação. “Querem colocar nos meus ombros culpa pela não candidatura dele, mas isso não pega. Por que não se falou mais dessa dívida desde que ele desistiu? O que você entende disso? Negociaram”, insinuou.

Indagado sobre a possibilidade de expulsão de Friboi do PMDB, por infidelidade partidária, o governadoriável esquivou de responder à indagação, dizendo que estava preocupado “com lideranças maiores”, procurando minimizar a força do grupo político consolidado pelo empresário, que dirigiu, por 25 anos, a maior multinacional brasileira na área de alimentos, pertencente à sua família.

Iris disse estar interessado em buscar os 54% dos votos dados pelo eleitor goiano aos candidatos da oposição. “Quero que todos se agigantem nesses 18 dias. Nós não os estamos convocando para uma aventura, não, pois 54% da população de Goiás demonstrou, através de seus candidatos que não eram ligados ao governo, que não está satisfeita com o atual governo”, salientou.
 
Presença de Caiado  constrange petistas
A pequena participação do PT no evento de ontem de Iris Rezende mostra a dificuldade de dividir palanque com o deputado federal e senador eleito Ronaldo Caiado (DEM). Causou constrangimento aos petistas a declaração dele de bradar apoio ao candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, logo agora que o governadoriável peemedebista se compromete a defender a reeleição de Dilma Rousseff.

Ao encerrar o seu discurso, Caiado disse que respeitava a opção dos demais integrantes da coligação em relação à disputa nacional, mas que tinha compromisso com o presidenciável tucano. “Ronaldo Caiado vai puxar a turma do Aécio e do Iris e caminhar por este Estado de Goiás, respeitando as demais tendências existentes dentro da nossa base”, pontuou. Para evitar atritos, assegurou que o ponto de concórdia seria a unidade de Vanderlan e Gomide em torno de Iris Rezende.

Defensor da reeleição da presidente Dilma, desde o primeiro turno, contrastando com a neutralidade de Iris, o prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela (PMDB), em seu discurso, melindrar tanto com Caiado quanto com os petistas presentes ao evento político. Focou o seu discurso no trabalho que pretende empreender no município que administra, para aumentar a vantagem de Iris sobre Marconi. “Vamos dobrar a vitória de Iris em Aparecida”, afirmou.
 
PMDB vai avaliar desobediência de Friboi
O presidente do diretório estadual do PMDB, Samuel Belchior, disse ontem que o partido vai se debruçar sobre a decisão de Júnior do Friboi em desobedecer a orientação partidária e declarar apoio ao governador Marconi Perillo (PSDB).

O empresário filiou-se ao PMDB em 15 de maio de 2013, em evento realizado na Assembleia Legislativa que contou com o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB) e do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT).

Iris, que mora a poucos metros da Assembleia, não compareceu ao ato de filiação, alegando que ainda estava convalescendo de uma cirurgia à qual havia se submetido meses atrás.

Estimulado pela PMDB e, particularmente, por Iris, Friboi começou a percorrer o Estado tentando viabilizar a sua candidatura ao governo do Estado, de quem dizia ter recebido a garantia de que não entraria no processo sucessório. Tempos depois o partido, em dezembro de 2013, reconheceu a sua pré-candidatura. Mas no final de maio de 2014 desistiu da disputa, duas semanas após Iris ter anunciado que também seria pré-candidato.

Friboi atribuiu a sua desistência ao fato de Iris, segundo ele, não ter cumprido compromisso de não disputar o Palácio das Esmeraldas. O empresário evitou fazer correlação de seu ato com a publicação de eventual dívida da JBS com o governo do Estado.

Por Venceslau Pimentel – Publicado no Jornal O Hoje

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