Eleições 2014: PMDB faz reunião, mas só iristas comparecem

Presidente do partido se diz surpreso com desistência de Friboi e defende Iris


Após uma reunião esvaziada pela ausência dos membros partidários de Friboi, o presidente do diretório estadual do PMDB, Samuel Belchior (foto), rebateu ontem a declaração do empresário José Batista Júnior, o Júnior Friboi, de que teria desistido de sua pré-candidatura a governador por não ter tido respaldo do partido, e disse que Iris Rezende é bola da vez.

Belchior garantiu que o partido deu liberdade a Friboi, principalmente depois da decisão de Iris de sair da disputa, ao promover eventos e reuniões com a participação dele. Daí a discordância. “Se por ventura ele não quis ser candidato por algum motivo, nós respeitamos a decisão dele, mas por falta de oportunidade dentro do PMDB não foi não”, disse em entrevista à imprensa à saída da reunião da executiva do partido.

O dirigente partidário se refere à nota divulgada por Friboi, no dia 22 de maio, em que ele comunica a sua desistência de disputar o Palácio das Esmeraldas. Segundo Belchior, o partido foi pego de surpresa, tanto que ele sustenta ter tomado conhecimento da decisão pela imprensa. “Não sei por que ele tomou a decisão de não disputar. Respeito, só não concordo quando ele diz que não teve oportunidade no PMDB”, reafirmou.

Para Belchior, portanto, o recuo do empresário se deve a outras questões, inclusive de ordem familiar. O próprio pai de Friboi – José Batista Sobrinho – teria sido decisivo para a tomada dessa decisão. Também teria pesado a divulgação de que o grupo JBS seria uma dos maiores devedores de ICMS, em Goiás, com dívida estimada em mais de R$ 1 bilhão.
 
Deslealdade
No entanto, para os friboiistas, a queixa do empresário é mais especificamente contra a falta de lealdade de Iris, como ele próprio ressaltou na nota. Mas o grupo considera que o diretório teria dado guarida e até mesmo servido de trincheira para iristas, inconformados com o recuo do principal líder peemedebista. Como forma de mostrar seu descontentamento, os apoiadores do empresário esvaziaram a reunião de ontem da executiva. Deixaram de comparecer, por exemplo, os deputados federais Pedro Chaves, Leandro Vilela e Sandro Mabel, e os estaduais Daniel Vilela, Wagner Siqueira, Luiz Carlos do Carmo e Paulo Cezar Martins. Apenas o deputado Bruno Peixoto esteve no diretório, mas saiu de lá antes do final da reunião.

Com a saída do Friboi do páreo, Samuel Belchior diz que a bola da vez agora está com Iris. “Ele sempre disse que se o partido precisasse dele e não tivesse um candidato à altura, ele estaria pronto”, afirmou. Ele não soube precisar, porém, quando Iris iria se manifestar sobre o assunto.

Por conta dessa convicção é que o dirigente peemedebista assegurou que o diretório não trabalha com plano B, negando qualquer movimento no partido em torno do deputado estadual Daniel Vilela. O nome dele passou a ser cogitado pelo deputado Francisco Gedda, presidente estadual do PMN, um friboizista de primeira hora.
 
“Friboizistas” querem valorizar “passe de apoio”
Após a desistência do empresário Júnior Friboi (PMDB) de disputar o cargo de governador do Estado, peemedebistas que apoiavam sua postulação resolveram sair de cena. O objetivo, implícito na estratégia que se desenha, é valorizar o “passe” dentro do partido. Na manhã de ontem, por exemplo, todos os defensores de Júnior boicotaram a reunião da Executiva. Fato que seria encarado com naturalidade se o requerimento para a realização do encontro não tivesse partido dos ausentes.

Apesar do sumiço público, porém, o grupo tem realizado reuniões de articulação. Movimentação que destoa do período em que Friboi era pré-candidato. Após a inversão no cenário, os aliados do empresário se apressaram para reencontrar um lugar no partido. Terão de decidir primeiro para, depois, apresentar um discurso. Ou justificam uma reaproximação, ou um rompimento definitivo.

Enquanto isso, a expectativa dos “iristas” é de união. Ainda que não seja o pré-candidato oficial, o ex-governador Iris Rezende (PMDB) tem mantido conversas constantes. O trabalho de busca dos aliados é mantido sob sigilo, mas peemedebistas confirmam uma prioridade na tentativa de aliança com o PT para a chapa majoritária.

É aqui, diante das negociações partidárias, que o imbróglio peemedebista torna-se preocupante. A divisão exposta dificulta o contato com o PT, que desde o início justificou o lançamento do ex-prefeito Antônio Gomide (PT) pela falta de união do PMDB.

E o discurso de coesão partidária é utilizado como “arma de defesa” dos friboizistas.

Por Lênia Soares – Publicado no Jornal O Hoje

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