Eleições 2014: o tempo a favor de Marconi

Governador aproveita o longo tempo até as eleições para tentar melhorar a imagem através da administração


Dos pré-candidatos – oficiais ou não – ao governo do estado de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), atual ocupante do cobiçado posto no Palácio das Esmeraldas, pode ser considerado o que mais se favorece com o correr das horas. Ao contrário dos adversários, que lutam contra o relógio para ajustarem os ponteiros das próprias campanhas, o tucano faz uso de um artifício que está apenas ao seu alcance: postergar a decisão ou o anúncio de uma nova candidatura. Com a máquina do governo nas mãos, o governador não precisa, necessariamente, se adiantar. Se fizer bem feito o que se propõe a fazer, garante a projeção de sua gestão e a divulgação natural dos feitos, sem ter de recorrer à propaganda eleitoral que ele, pela lei, ainda não pode fazer.

Em português claro, Marconi tem mais de dois meses, para fazer justamente o que vem repetindo no seu discurso: focar na gestão. É tudo o que ele precisa. Afinal, para um projeto de reeleição ter chances de dar certo, um governo bem conduzido é mais do que meio caminho andado. Feridas na imagem à parte, o tucano quer transformar as realizações no seu maior referencial de campanha. Ainda que, aos 45 do segundo tempo, resolva abrir mão de concorrer, transmitirá ao seu ungido os louros das realizações.

Aliás, a movimentação de adversários, dizem fontes palacianas, é acompanhada minuciosamente pelo líder tucano. O tão esperado anúncio de uma candidatura teria sido, inclusive, adiado por duas vezes, por conta do jogo no tabuleiro alheio. A primeira data estaria atrelada à decisão de desincompatibilização de Antônio Gomide (PT) da prefeitura de Anápolis, que aconteceu no início deste mês. A candidatura do petista, dizem aliados do próprio Marconi, estaria sendo encarada com cautela pela base aliada, mas não a ponto de colocar em xeque um projeto de reeleição. Por outro lado, a indefinição no PMDB, adversário histórico do atual governo, teria feito o governador jogar novamente o anúncio para a data limite.

Se Marconi pode esperar, dá sinais claros de que vai fazer uso do privilégio. O mesmo não pode ser feito pelos demais partidos. Com a disputa interna, por exemplo, o PMDB perde um tempo precioso de unir alas divergentes do partido. Mais do que um simples atraso, o lançamento tardio de um nome, depois da desgastante disputa entre Iris Rezende e Júnior Friboi caminha para deixar cicatrizes profundas na legenda. Neste cenário, quanto mais tempo se leva para tal decisão, menos tempo o partido terá para tratar das próprias feridas. As chances de isso ter reflexo negativo nas urnas tem incomodado a direção da sigla, que vê no relógio o adversário mais temido do momento.

Se não bastassem as faíscas do chumbo trocado internamente, a pendenga no PMDB adia ainda o projeto de união da oposição contra o atual governo. Além de ter incentivado o lançamento de nome pelo PT, o atraso pode provocar a divisão ou debandada de outras legendas do grupo.

Por Flávia Guerra – Publicado no Jornal O Hoje

Compartilhe

Comente: Eleições 2014: o tempo a favor de Marconi