Eleições 2014: Gomide vai ao ataque

Candidato do PT passa a defender Dilma Rousseff e acusa governador de tentar ludibriar eleitor escondendo “triste recorde de homicídios”


A 66 dias do primeiro turno das eleições, o candidato a governador Antônio Gomide (PT) assumiu nova postura na campanha. Depois de conviver em tom de cordialidade com o governador Marconi Perillo (PSDB) enquanto era prefeito de Anápolis, entre 2009 e o início deste ano, o petista resolveu rebater declarações e número apresentados pelo tucano. E a bola da vez é a segurança pública e os homicídios em Goiás.

Em resposta à entrevista concedida pelo governador à Rádio CBN Goiânia na manhã de segunda-feira (28), Gomide retrucou afirmações de Marconi pela internet. Por meio de uma extensa nota publicada no site da campanha do petista, o ex-prefeito de Anápolis acusou o tucano de tentar esconder o “triste recorde de homicídios” e o “fracasso” das “três gestões” de Marconi na segurança pública.

“O governador de Goiás, Marconi Perillo, que agora busca seu quarto mandato, tenta ludibriar o eleitor quando cita números da segurança pública no Estado e mente quando cita números da segurança pública no País”, acusa Gomide na nota.

Ao discordar de dados apresentados pelo governador, o petista afirmou que em quatro anos houve aumento de 56% nos assassinatos. “O atual governador disse, em tom comemorativo, que a escala de crescimento de homicídios em Goiás está caindo desde 2011. Verdade. O que ele não disse é o que isso significa!”

Com crescimento de homicídios apresentado por Gomide – de 26% entre 2010 e 2011; 22% de 2011 para 2012; 6% entre 2012 e 2013; e de 4% até agora de 2013 a 2014 –, o petista criticou a política de segurança pública do governo: “(Marconi) Deveria informar à população que há 16 anos, em 1998, quando foi eleito governador pela primeira vez, estávamos na 18º posição no ranking de homicídios do Brasil e hoje, infelizmente, estamos quase chegando ao pódio das mortes, na quarta colocação, segundo dados do Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos.”

Defesa de Dilma
Além de adotar postura de ataque ao governador na disputa eleitoral, Gomide passou a defender com mais ênfase a candidata a reeleição à Presidência, Dilma Rousseff (PT), e sugeriu “reflexão ao povo goiano” sobre a “tentativa covarde” do governador de “jogar a culpa” no governo federal pela “crescente violência” no Estado. O ex-prefeito de Anápolis defendeu a gestão da segurança pública do governo federal: “Em 2012, corrigindo o dado, de um bilhão, que Marconi disse, durante entrevista na Rádio CBN, foram investidos 3,5 bilhões”. Com a afirmação de que “nunca se investiu tanto” na área em todo o País, Gomide disse que os investimentos no setor subiram 150%.

Comparação
O petista comparou investimentos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Dilma. “Enquanto a presidenta Dilma investiu R$ 10,5 bilhões em seus três primeiros anos de governo, FHC, do mesmo partido do atual governador, investiu R$ 1,8 bilhão nos três primeiros anos de mandato.”

Resposta: discurso é oportunista e superficial
Também em nota, a coligação Garantia de um Futuro Melhor para Goiás, do candidato à reeleição Marconi Perillo (PSDB), respondeu Antônio Gomide (PT) e disse que o discurso acusatório do petista é “superficial” e “oportunista”. “O ex-prefeito de Anápolis tenta reduzir o debate sobre os problemas da Segurança Pública utilizando-se de dados defasados, como o ranking que ele cita, que é de 2012.”

Ao acusar a oposição de usar de “demagogia” para debater “questões tão importantes” como a segurança pública, a coligação de Marconi afirmou que Gomide deixou de falar sobre a posição do Brasil, de sétimo lugar mundial, em número de homicídios para tentar defender o governo federal. “Convenientemente, não citou também que, de todo o montante financeiro utilizado nas Secretarias de Segurança Pública em todos os estados brasileiros, 80% dos recursos são provenientes dos próprios Estados, 3% dos municípios e apenas 17% da União, de acordo com dados da Secretaria do Tesouro Nacional (STN).”

A coligação rebateu que os R$ 49 bilhões da União que deveriam ter sido enviados aos Estados para investimentos em Segurança, só R$ 6 bilhões seriam “recursos exclusivos” do governo federal, “sendo que parte disso foi destinada às polícias Rodoviária Federal e à Federal”. Os R$ 43 bilhões, de acordo com a nota, seriam recursos estaduais reconhecidos pela STN. “Infelizmente o governo federal não investe proporcionalmente em Segurança como faz com Educação e Saúde, por exemplo.”

A nota voltou a falar em mudança na legislação penal, considerada por Marconi em seu discurso como “leis frouxas”, nas quais as polícias prendem os bandidos, mas eles ficam impunes. “Nunca se prendeu tanto quanto se prendeu como no ano passado em Goiás. O trabalho da Polícia Militar e da Polícia Civil é um trabalho fantástico. Só que prende hoje, daqui a dois dias está solto”, disse o governador em evento da PM no início do ano.

Por Augusto Diniz – Publicado no Jornal O Hoje

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