Eleições 2014: Friboizistas sobem tom contra Iris

Apoiadores de ex pré-candidato resistem a apoiar Iris Rezende para governador, reforçando a crise no PMDB


A guerra interna do PMDB ganha novos ingredientes a cada dia. E a temporada desta batalha, em exibição no momento, tem o ex-governador Iris Rezende (PMDB) como alvo direto e assumido. Sob o argumento de que seu insucesso como pré-candidato foi culpa de Iris, o empresário Júnior Friboi (PMDB) entrou em ação e começou a articular para inviabilizar a sua postulação. O HOJE apurou com pessoas próximas a ele que Friboi parte do princípio de que o ex-governador não disputará uma convenção partidária. Posto isso, ele prepara uma chapa concorrente.

Dentro da estratégia de resistência, em menos de uma semana já ocorreram lançamentos de duas pré-candidaturas e uma tentativa de emplacar o movimento “volta, Friboi”, iniciativas que não vingaram. O último intento foi a postulação indireta, em que aliados do empresário lançaram o deputado federal Sandro Mabel pré-candidato a governador. Não durou 24 horas. Diante de uma situação que poderia prejudicar seus projetos pessoais, Mabel recuou e jogou um ”balde de água fria” nos “friboizistas”.

Ontem, o deputado estadual Francisco Gedda (PTN) e o ex-deputado Marcelo Melo (PMDB) confirmaram a indicação de Mabel. O argumento era de que ele sanearia o problema da insatisfação de alguns peemedebistas com a possível candidatura de Iris. Quem abortou a operação foi o próprio postulante, que não se disse disposto a enfrentar o imbróglio partidário e tratou de anunciar publicamente que não toparia.

Daniel Vilela (PMDB), que também foi indicado como opção, negou logo em seguida. Focado em seu projeto de eleição à Câmara federal, o deputado afirmou preferir manter-se distante da briga interna. Apesar de não negar sua preferência pelo nome do empresário, Daniel ressaltou para a reportagem do jornal O HOJE que não incentivará a divisão da legenda. “Temos que pensar no PMDB. Caso contrário, o partido correrá o risco de terminar este processo muito pequeno”, disse.

Outra preocupação do parlamentar é com as alianças partidárias. Daniel Vilela destacou que a prorrogação dessa briga pode inviabilizar parcerias e deixar o PMDB com um pequeno tempo de TV e um grande risco de eleger poucos deputados para as bancadas federal e estadual.

Presidente do partido, o deputado estadual Samuel Belchior trabalha pela unidade. Segundo ele, a proximidade das convenções deverá provocar uma solução natural. “Teremos de resolver. Estamos discutindo o processo, existem divergências, mas vamos acabar afunilando. Acredito que podem até restar algumas diferenças, mas chegaremos a uma conclusão no prazo certo”, explicou.

Samuel reuniu os deputados estaduais no salão nobre da Assembleia Legislativa e cobrou cautela de todas as partes. Como presidente, o parlamentar espera encontrar uma saída “tranquila” para a situação, de modo que o interesse partidário prevaleça em relação aos interesses pessoais.
 
Alianças
Os pequenos partidos que apoiam o empresário Júnior Friboi cobraram uma decisão do PMDB. Segundo o deputado Francisco Gedda, que lidera o grupo, os representantes das siglas resolveram aguardar até o início de junho para que apresentem o candidato. A reportagem do HOJE apurou, porém, que algumas dessas siglas já procuraram o governador Marconi Perillo (PSDB) para a viabilização de uma coligação.
 
Ronaldo Caiado mantém conversa com Iris
O deputado federal Ronaldo Caiado (DEM) tem mantido contato constante com o ex-governador Iris Rezende. O objetivo é abrir caminho para uma possível composição na chapa majoritária. O parlamentar tem feito campanha aberta e independente para o Senado. Até o momento, deixou em aberto várias possibilidades. Aliados do democrata, no entanto, garantem que ele tem um grande interesse em compor com o PMDB, desde que a cabeça da chapa seja de Iris.

O deputado estadual Simeyzon Silveira (PSC), que compõe o grupo do pré-candidato Vanderlan Cardoso (PSB), confirmou a aproximação entre os grupos políticos. Segundo ele, Vanderlan também tem conversado com Iris. Em sua avaliação, a possibilidade de composição é real. “Só não acredito que o candidato ao governo seja do PMDB. Eles estão muito divididos. Mas podem compor a chapa majoritária do PSB. Tudo pode mudar”, ressaltou.

Samuel Belchor, como presidente do PMDB, valorizou a movimentação. “O deputado Ronaldo Caiado e o Vanderlan seriam grandes reforços. Uma ajuda fundamental. Eu acredito na possibilidade de formação de uma chapa com eles, ainda que seja pequena. De qualquer forma, é uma conversa muito benéfica que pode trazer bons resultados”, acrescentou.

A única dificuldade para a continuidade dessas negociações, para o presidente peemedebista, é a indefinição do PMDB. “Só precisamos definir primeiro quem será o nosso candidato. Caso contrário, é difícil concretizar qualquer coisa.”

Por Lênia Soares – Publicado no Jornal O Hoje

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