Delações premiadas preocupam o Palácio das Esmeraldas

Dos documentos apreendidos pela Polícia Federal que listam repasses da Odebrecht para mais de 300 políticos brasileiros, o nome do governador Marconi Perillo (PSDB) aparece em dois momentos


Quatro delações premiadas, em especial, preocupam alguns integrantes do Palácio das Esmeraldas: Marcelo Odebrecht, Sérgio Machado, Gim Argello e Benedito Rodrigues. O primeiro, dono da maior empreiteira do Brasil e, o segundo, ex-presidente da Transpetro. Gim teve sua delação homologada nesta semana. O quarto, Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, é o Bené, da Operação Acrônimo, que trata do caso Caoa, que ainda pode ter consequências em Goiás. Dos quatro nomes, três já tiveram homologação da delação premiada. Falta apenas oficializar (os boatos são fortes) a do executivo da Odebrecht.

A delação de Gim foi homologada quinta-feira, 21 de julho, na Justiça Federal do Paraná. Gim é amigo pessoal do governador Marconi Perillo (PSDB). A informação é da coluna de Lauro Jardim, de O Globo. Gim está preso em Curitiba, no Complexo de Pinhais, desde abril e é defendido pelo criminalista Marcelo Bessa. O Ministério Público diz haver evidências de que o ex-senador pediu R$ 5 milhões em propina para a empreiteira UTC Engenharia e R$ 350 mil para a OAS. As duas empresas são investigadas na Lava Jato.

No Senado, Gim Argello era tratado como aliado do governador goiano. Marconi chegou a declarar que o petebista era o "quarto senador de Goiás", tamanha a sintonia entre ambos. “Tudo dele é simples e funciona”, chegou a declarar o ex-senador Gim Argello sobre Marconi Perillo em um evento protagonizado por ambos no Entorno, em 2013. “Ousado, corajoso, trabalha, não se contenta com pouco”, novamente elogiou Marconi sobre Gim.

Assim como Sérgio Machado, o ex-senador Gim Argello (PTB) gravou Renan Calheiros e outros políticos brasileiros antes de ser preso - e teria entregue tudo ao Ministério Público Federal. A entrega dessa gravação foi crucial para que as negociações dos advogados do ex-senador fechassem acordo de delação premiada com o Ministério Público.

Odebrecht
Dos documentos apreendidos pela Polícia Federal que listam repasses da Odebrecht para mais de 300 políticos brasileiros, o nome do governador Marconi Perillo (PSDB) aparece em dois momentos. Em um primeiro momento, a planilha aponta que Marconi teria recebido R$ 200 mil da Odebrecht no dia 1º de setembro de 2010. Em um segundo momento, ele teria recebido uma doação de R$ 600 mil.

Já faz mais de quatro meses que o Brasil descobriu que o governador Marconi Perillo (PSDB) aparece na planillha da Odebrecht, algo que, até hoje, o tucano ainda não explicou (e nem foi perguntado em entrevista alguma). Marconi também nada falou da operação comandada pelo juiz Sergio Moro no apartamento de Jayme Rincón em São Paulo, em fevereiro deste ano, e nem sobre o R$ 1 milhão que Rincón teria recebido, em dinheiro vivo, a quatro dias da eleição para governador de 2014.

Já a delação de Sérgio Machado foi acelerada. Tanto que foi homologada pelo STF em maio ainda. Durante a conversa gravada entre o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, Renan afirmou que um colega do PSDB mineiro, Aécio Neves, estaria com medo de uma possível delação de Machado. Em determinado momento da conversa, Calheiros e Sérgio falaram sobre o medo de alguns políticos tucanos diante de das delações e das investigações da Operação Lava Jato.

Em um trecho do áudio, divulgado em maio pelo jornal Folha de S.Paulo, Renan diz que todos estariam com medo e que Aécio pediu que ele verificasse algumas informações relacionadas ao senador cassado Delcídio do Amaral, cuja delação atingiu vários políticos de diferentes partidos. Ao falar sobre o pedido de Neves, Machado disse: "Eu fui do PSDB dez anos, Renan. Não sobra ninguém".

Em outro trecho, da mesma conversa entre Sérgio Machado e Renan Calheiros, o ex-presidente da Transpetro diz que não sobra "nenhum governador" se a delação premiada de Marcelo Odebrecht for mesmo autorizada pela PGR e pelo STF. "Do Congresso, se sobrar cinco ou seis, é muito. Governador, nenhum", diz Sérgio Machado.

Nas planilhas da Odebrecht, há um codinome atribuído a Marconi Perillo: "casero". O que é isso? Até hoje, nenhuma resposta. Os goianos esperam que uma possível confirmação de alguma delação premiada finalmente esclareça isso.

Goiás Real

Compartilhe

Comente: Delações premiadas preocupam o Palácio das Esmeraldas