De que lado estará Maguito em 2018?

Companheiros históricos, no PMDB, o criticam; adversários históricos , no PSDB, o elogiam


Trazido para o centro das avaliações e especulações o prefeito Maguito Vilela (PMDB), instalado na prefeitura de Aparecida de Goiânia, onde se elegeu e se reelegeu com certa tranqüilidade.

Egresso do próspero município de Jataí, ele despontou para a política como vereador, depois experimentaria as delícias dos muitos cargos eletivos que conquistou. Foi deputado estadual e líder do primeiro governo de Iris Rezende na Assembléia Legislativa, depois chegou a deputado federal, vice-governador, governador do Estado e Senador da República. Não foi reeleito governador em 1998 porque prevaleceu sua incondicional lealdade ao ex-governador Iris Rezende que tentaria, naquele ano, conquistar o governo pela terceira vez.

Em todas as instâncias do partido era consenso de que os índices de popularidade do então governador, eleito em 1994, garantiriam tranqüila reeleição. Homem de partido, ele apegou-se ao princípio da reciprocidade, em que lealdade com lealdade se paga. Fato raro na política, mas fatal para os projetos Iris, que não lograria êxito e experimentaria outros reveses.

Maguito devia sua ascensão ao governo à decisão de Iris de colocar em seu lugar o companheiro de chapa, na eleição de 1990, quando se tornou vice-governador. Muito antes, a despeito dos seus méritos e credenciais, ele teve em Iris o apoio efetivo para vencer eleições.

Mas o que importa agora é especular sobre o futuro político de um quadro do PMDB que acrescentou ao partido, ora com suas ponderações, ora com a capacidade de mobilizar as bases e retirá-las do marasmo.

Deu prova dessa disposição de lutar mesmo quando as condições lhe pareciam adversas. Preferia manter a chama peemedebista sempre acesa, pouco se importando com os riscos de derrotas eleitorais, quando ficavam evidentes as condições vantajosas do adversário. Em 2002, governador bem sucedido, Marconi Perillo marcharia para uma reeleição em larga vantagem.

Nada demoveu Maguito, já que sua candidatura servia ao parceiro Iris, candidato ao Senado. Perderam, mas consolidaram suas posições, preservando a unidade de um PMDB apoiado em duas vertentes. Maguito sempre movimentou seus pontos de apoio com muita persuasão e pouco arroubo. Costura nos bastidores como exímio alfaiate.

Pelo estilo político que sempre imprimiu em suas decisões, é um personagem que já não precisa ser desvendado. Melhor observá-lo quanto aos movimentos que vai operar até o final do segundo mandato de prefeito, e logo após.

O óbvio ululante é que ele usará de toda a liderança para fazer um sucessor de sua inteira confiança. Tudo indica que esse candidato já estaria em fase estagiária para receber a transferência de apoio indispensável e emergir na sucessão com forte chance de vitória. Óbvio também é por em relevo a figura de seu fiel companheiro e político discreto que opera nos bastidores.

O propósito de tentar preservar o comando político em Aparecida deverá focar em Euler de Morais, fiel companheiro e que despontou no governo ao comandar importante pasta. Coube a ele esculpir o perfil social daquela administração.

Caso consiga fazer o sucessor, a força política do atual prefeito será maior, pois estará consolidado seu capital eleitoral num grande colégio. Por extensão, terá seu nome disponibilizado para as futuras disputas do PMDB em 2018. Seu desempenho político nos diversos mandatos, acrescido da ação diplomática nos bastidores, representam substancial trunfo.

O PMDB de Goiás tem um comando centralizado na figura pendular de Iris Rezende. Maguito e Iris sempre foram muito afinados, mas o tempo tanto pode concorrer para cristalizar afinidades como para fragilizá-la.

Com o imbróglio inoculado no partido desde a chegada de Júnior Friboi ao pedaço, as posições de Iris e do prefeito evidenciaram diferenças de visão. Maguito advoga a conciliação e faz coro aos defensores de renovação no partido.

Sendo assim, não se pode medir com precisão o grau de afinidade que hoje permeia a relação política entre as duas vertentes lideradas por Iris e Maguito. São lideranças que não pretendem sair de cena.

Mesmo antes dos incidentes envolvendo Iris e Júnior Friboi, um distanciamento entre Maguito e Iris se insinuava nas diferenças com que eles lidavam com o governo Marconi Perillo. Enquanto Iris intensificava suas críticas ao governador, o prefeito percorria rota contrária, afinando as violas da prefeitura de Aparecida às do Palácio das Esmeraldas.

O prefeito participou de solenidades na sede do governo e discursou para louvar a parceria. Pelo mesmo princípio da reciprocidade, fazia ali o que o governador já teria feito ao participar de solenidades na sede da prefeitura de Aparecida e dar loas à aliança republicana de mútuas vantagens.

Ver dois tradicionais adversários tão afinados assim não agradava a deputada federal Iris de Araújo que, por várias vezes, manifestaria estranheza quanto à doçura da relação política entre um peemedebista e um tucano.

Portanto, permanece a curiosidade sobre o que fará o prefeito no próximo 2018, quando estará em disputa o governo do Estado. Ele lidera uma vertente, mas é contestado por históricos companheiros. Curiosamente, vem sendo elogiado por históricos adversários.

Jornal O Hoje

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