Abertura da Tecnoshow vira palco de defesa do impeachment de Dilma

Parlamentares e lideranças do setor agropecuário criticaram duramente o governo e cobraram mobilização


A cerimônia de abertura da Tecnoshow Comigo, em Rio Verde, nesta segunda-feira, 11de abril, se tornou palco de apoio ao processo de impeachment da presidente da República, Dilma Rousseff, em tramitação na Câmara dos Deputados. Ressaltando a importância da agropecuária na economia, políticos e representantes do setor não pouparam críticas ao governo federal e cobraram mobilização para convencer os parlamentares a aprovarem o relatório do deputado Jovair Arantes (PTB), também goiano, que recomenda a saída de Dilma.

Um dos principais pontos de crítica dos representantes do setor foi o discurso do secretário da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag), Aristides Santos. Em um evento no Palácio do Planalto, ele defendeu a que os movimentos sociais “invadam” terras. Para as lideranças do agronegócio, deveria ter havido uma reação do governo federal ao que chamaram de incitação à violência no campo.

“Qualquer cidadão que tenha vontade de crescer se irrita com o que está acontecendo no país”, disse Antônio Chavaglia, presidente da Comigo, cooperativa que promove a feira. Com um discurso duro, ele reclamou de falta de reconhecimento por parte do governo dos benefícios gerados pelo campo à economia do país. “A corrupção está acabando com o sistema financeiro, que poderia financiar mais barato o produtor”, acrescentou.

O presidente da Federação de Agricultura de Goiás (Faeg), José Mario Schreiner, destacou o apoio formal da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) ao processo de impeachment, declarado na semana passada. “Apenas uma se absteve”, disse, sem mencionar diretamente Tocantins, estado da ministra da Agricultura, Kátia Abreu, que defende a permanência da presidente Dilma Rousseff e não compareceu ao evento.

“Não vemos condições da presidente da República coloca o país de volta nos eixos”, disse o presidente da Faeg. “A crise política agrava a crise econômica. O agronegócio está razoável, mas não tem como laranja boa sobreviver em caixa de laranja podre”, acrescentou.

O presidente da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Márcio Lopes de Freitas, defendeu que o setor não seja “morno”. Na avaliação dele, é preciso que a agropecuária se posicione em relação à situação política do Brasil.

“Políticos sérios existem e acredito que são dois terços do Congresso Nacional”, disse ele, em referência à proporção necessária de votos dos parlamentares para que o processo de impeachment seja aprovado. “Domingo é hora de não ser morno”, acrescentou, referindo-se ao dia 17, quando deve ocorrer a votação do parecer da comissão especial no Plenário da Câmara dos Deputados.

Parlamentares ressaltaram a necessidade de pressionar os deputados para votar a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff. O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) acusou o governo de transformar o Palácio do Planalto em “balcão de negócios”. Segundo ele, o governo contingenciou verbas do orçamento para liberar valores de emendas parlamentares apresentadas por deputados contrários à saída da presidente.

“Vamos levar o aviso prévio à presidente da República”, disse Caiado, em referência à votação marcada para domingo. “Nós só temos o dia 17 de abril. Os deputados vão decidir se mantêm seu compromisso com o país ou se vão aderir à negociata”, acrescentou, defendendo “marcação” sobre os congressistas.

Globo Rural

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