Tráfico de drogas avança pelo interior

Operação em Pontalina prende 24 traficantes


Uma operação da Policia Civil na manhã do dia 6 de novembro, em Pontalina, culminou com a prisão de 16 pessoas por tráfico de drogas. Os criminosos tinham a prática de transportar pequenas quantidades de entorpecentes, que eram distribuídos em Pontalina e outras cidades vizinhas.

O fato reforça que o interior do Estado há muito tempo virou um dos pontos de migração para traficantes. Só neste ano, a Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (DENARC) fez apreensão de oito toneladas de maconha e 201 quilos de pasta-base de cocaína em cidades do interior do Estado.

Em Pontalina, o grupo de traficantes era investigado desde abril deste ano. A operação terminou com um saldo de 24 pessoas detidas, sendo 16 ontem por meio de mandados de prisão expedidos pela Justiça e oito ao longo da semana passada, detidas em flagrante transportando drogas de Goiânia e Itumbiara para Pontalina.

Entre os presos, estão os três principais traficantes da cidade: Fábio Júnior Barbosa, conhecido como Tatão; Ronaldo José da Silva; e Maykon Douglas Rodrigues Costa, vulgo Chicão.

Busca e apreensão

A operação contou com o apoio de 65 policiais civis e foi desencadeada logo cedo, às 6 da manhã. Além dos mandados de prisão, foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão. Segundo o delegado de Pontalina, Patrick Fernando Carniel, que foi quem comandou a operação, na residência de Fábio Júnior Barbosa foram encontrados cerca de R$ 80 mil, parte em espécie e outra em cheque.

Carniel explica que o bando adquiria os entorpecentes em Goiânia e Itumbiara para levar para Pontalina, onde distribuíam para traficantes de menor porte, que revendiam para bocas de fumo. “Eles funcionavam como uma espécie de cadeia de venda de drogas”, diz o delegado. Ele completa que o grupo distribuía principalmente crack e cocaína. Para não despertar a atenção, a quadrilha tinha como logística transportar pouca quantidade de drogas. Durante a operação, foram apreendidos também seis quilos de cocaína.

Comércio de crack
Apesar de o grupo se concentrar em Pontalina, com vários pontos na cidade, também agia em cidades próximas, como Joviânia, Aloândia e Vicentinópolis. “O tráfico tem se espalhado pelo interior, e o comércio de crack e cocaína chegou com força. O consumo aumentou muito e isso tem propiciado muitas vendas para os traficantes. Isso pode ser visto pelo poder aquisitivo dos traficantes. Com um deles, em sua residência, havia quase R$ 80 mil”, sublinha.

O delegado diz que a partir de agora, com a prisão da quadrilha, o tráfico de drogas na região deve diminuir de intensidade. Ele acredita ainda que outros crimes que são gerados a partir do consumo de drogas também possam diminuir. “Gravita ao redor do tráfico de drogas outros crimes, como furto, roubo, lesão corporal, lesão corporal combinada com a Lei Maria da Penha (violência contra a mulher) e tentativa de homicídio, que costumam aumentar conforme o consumo de drogas avança”, destaca.

Grandes centros abastecem o interior

Segundo o delegado Adjunto da DENARC, Eduardo Prado, há muito tempo a droga já está espalhada pelo interior do Estado. “Hoje, a droga está difundida em todas as cidades. Qualquer município pequeno tem traficante”, afirma.

Ele destaca ainda que o comércio de entorpecentes é grande principalmente em cidades em que o poder aquisitivo da população é elevado, como a região sul e sudoeste do Estado, em municípios como Rio Verde e Jataí.

Para Prado, os grandes centros acabam abastecendo o interior e, em alguns casos, os traficantes preferem cidades menores na tentativa de não chamar a atenção das autoridades. “Trabalhei em Alvorada do Norte entre 2004 e 2010, e lá, uma cidade a mais de 400 quilômetros de Goiânia, na divisa com a Bahia, já havia muito tráfico de drogas, principalmente maconha, merla e crack. Cheguei a prender na região mais de 50 traficantes”, ressalta.

O delegado ressalta que a Policia Civil tem feito a sua parte em investigar, prender o traficante e apreender as drogas. No entanto, ele destaca que a legislação é falha e, em alguns casos, interpretada de forma que favorece o traficante. “Por mais que a polícia prenda, o traficante não fica detido. Já prendi uma pessoa com 10 quilos de maconha e ela foi condenada a uma pena restritiva de direito. Isso incentiva o traficante porque não há leis que punem e que deixam o traficante preso. Se não houver uma alteração na lei, vamos ficar remando contra a maré”.

Como estratégia de trabalho contra o tráfico de drogas, o delegado diz que é preciso focar nos grandes traficantes e as polícias trabalharem de forma integrada com os Genarcs, que são delegacias que atuam no interior do Estado.

Prado também defende ser preciso a criação de um departamento de combate às drogas, com autonomia financeira e administrativa para que possam trabalhar de forma mais independente do governo.

Texto: Marcelo Tavares / Jornal o Hoje

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