Taxista preso pela Polícia Civil

Ele é suspeito de estuprar duas passageiras


A prisão em flagrante de Bruno Vicente Ferreira, de 24 anos, suspeito de estuprar duas passageiras, abalou a classe de taxista de Goiânia. A delegada Ana Elisa Gomes, titular da 2ª Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), revelou que Bruno teria feito sua primeira vítima na madrugada do dia 8, quando esta saía do Centro Cultural Oscar Niemeyer. Uma semana após, outra mulher contratou os serviços do taxista na Rua 10, no Centro, e também sofreu violência sexual.

A primeira mulher a sofrer abuso sexual, uma profissional da área médica de 27 anos, explicou à delegada Ana Elisa que, ao tomar o táxi dirigido por Bruno Vicente, estranhou o roteiro escolhido pelo motorista e telefonou para a família, porém ele tomou o celular de suas mãos e a enforcou até que ela desmaiasse. Depois de desacordar, a vítima foi violentada sexualmente.

A segunda vítima, promotora de eventos, revelou em depoimento que Bruno a golpeou com murros na cabeça e, chegando às proximidades do Autódromo Internacional de Goiânia, praticou o ato.

A delegada Ana Elisa informou, ainda, que as duas mulheres foram submetidas ao exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal. O laudo pericial, segundo ela, confirma que a enfermeira e a promotora de eventos realmente foram vítimas de abuso sexual. “Não há o que contestar”, disse a titular da Deam.

O taxista foi apresentado na manhã de ontem (segunda-feira, dia 20) na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam). Ele foi preso na tarde do último domingo (19) perto da casa dos pais dele, no Conjunto Vera Cruz, em Goiânia. A delegada Ana Elisa tomou o depoimento do acusado na tarde ontem e, segundo ela, mesmo não entrando em detalhes, negou tudo. “Ele alega que as vítimas se insinuaram para ele e que depois se negaram a manter relações sexuais com ele”, revela.

Os crimes, de acordo com a titular da Deam, ocorreram nos dias 8 e 14 deste mês. Bruno teria agido da mesma forma. As duas vítimas tomaram seu táxi durante a madrugada após saírem de eventos sociais, sempre tomando caminhos diferentes aos indicados pelas clientes para violentá-las e depois as deixou próximos ao destino solicitado por elas.

Segundo a delegada, foram 15 dias de investigações até que o suspeito fosse preso. Ela diz que o taxista agia com violência. “No primeiro caso, a vítima foi muito agredida. O suspeito enforcou a mulher até que ela desmaiasse. O estupro foi praticado quando ela estava desacordada”, descreveu.

No segundo caso, Ana Elisa contou que o suspeito chegou a ser simpático no início da corrida, mas depois se tornou agressivo. Ele chegou a desferir alguns socos na cabeça da vítima antes de cometer o abuso.

A delegada revelou que existe suspeita de uma terceira vítima, que teria sido estuprada pelo taxista depois de sair da Exposição Agropecuária de Goiás, mas não há confirmação. “A mulher não procurou a Polícia Civil, portanto não temos informações oficiais sobre isso”, afirmou.

Bruno, que trabalhava em uma cooperativa como taxista havia apenas dois meses, será indiciado por estupro e cárcere privado, uma vez que manteve as vítimas presas no carro. Se condenado, ele pode pegar até 15 anos de prisão por cada crime.

Escrito na testa
O diretor-presidente da cooperativa para a qual Bruno prestava serviço havia cerca de dois meses, Hugo Nascimento, explicou ao Diário da Manhã que esta é, possivelmente, a primeira vez que acontece um caso como este. “Nossa empresa está no ramo há 31 anos e nunca tivemos conhecimento de um fato assim. Infelizmente ninguém vem com a palavra ‘honesto’ escrito na testa. Ele apresentou todos os documentos necessários para trabalhar com um táxi. Já fez curso no Sest/Senat e, inclusive, já trabalhou em outra cooperativa”, disse.

Hugo também reconheceu que Bruno é recente na área. Fizemos contato com a outra cooperativa, mas somente agora nos chamou a atenção o fato de ele ter registrado três ocorrências em que aparece como vítima de roubo lá e outra aqui na nossa empresa”, revelou.

Manifestação
Os motoristas de táxi de Goiânia, de acordo com Hugo Nascimento, estão se preparando no sentido de se unirem e fazer uma manifestação pública “para dizer à população que o serviço que nós prestamos é de confiança e mostrar que estamos, todos, consternados com o fato, até pelo fato de, me parece, ser este o primeiro crime de violência sexual que teria sido cometido por um profissional do volante. Estamos tristes, somos pais e mães de família, temos nossos filhos, nossas irmãs e jamais iríamos desejar isso a quem quer que seja”.

O presidente do Sindicato dos Taxistas de Goiânia, Silone Antônio dos Santos Pacheco, é outro que garante que a classe “está decepcionada e agora se sente até aliviada com a prisão deste delinquente”. Segundo ele, a entidade e os taxistas se empenharam no sentido de chegar ao acusado. “Fornecemos todos os dados de que dispúnhamos às autoridades policiais, pois a classe é formada por cidadãos honestos e sérios”.

Silone Pacheco reconhece, no entanto, que a credibilidade dos motoristas de táxi fica abalada quando ocorre um crime como este. “Os taxistas estão estarrecidos. Tanto que até queriam linchá-lo, mas conseguimos contornar a situação e os taxistas, apesar de tensos, compreenderam nossas ponderações e preferem que a Justiça puna o acusado com todo o rigor que a lei preconiza”.

Os taxistas temem, de acordo com o presidente da entidade da classe, que Bruno, por não ter antecedentes criminais, sendo portanto réu primário, possa estar em liberdade em breve. “Esse é o nosso temor. Ele pode ser colocado em liberdade e ninguém sabe o que pode acontecer”, disse.

Fonte: Polícia Civil

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