PMs são afastados após abordagem que terminou com morte de jovem em Rio Verde

Rafaela Morais, de 19 anos, foi baleada na cabeça e ficou dois dias internada, mas não resistiu. Delegado diz que depoimentos têm contradições


A Polícia Militar recolheu as armas e afastou das ruas os dois policiais militares que teriam trocado tiros com pessoas em uma festa no final de semana, em Rio Verde, região sudoeste de Goiás. Baleada no local, a jovem Rafaela Morais, de 19 anos, foi socorrida e chegou a ficar dois dias internada, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Outra mulher também foi atingida na ocasião.

Em nota, a PM disse que uma equipe “realizava patrulhamento preventivo” quando se deparou com uma situação suspeita e decidiu fazer a abordagem. “[Os PMs] foram recepcionados com disparos de arma de fogo e, com intuito de repelir a injusta agressão, revidaram os disparos. Contudo, os suspeitos lograram êxito.”

O marido da vítima, o cabeleireiro Vinícius Silva, questiona a versão. Rafaela, que tinha uma filha de 1 ano, foi enterrada nesta quarta-feira (14).

O caso é investigado pela Polícia Civil. O delegado responsável, Carlos Roberto Batista, disse haver contradição em todos os depoimentos. Já foram interrogadas dez pessoas, incluindo os militares e oito participantes da festa. O inquérito deve ficar pronto em 30 dias, assim que os laudos periciais forem concluídos.

A PM disse que também instaurou investigação. Os policiais envolvidos no caso não terão dados divulgados. As armas deles foram recolhidas para perícia e só serão devolvidas após o fim do procedimento administrativo. Até lá, eles farão apenas atividades internas.

Confronto

O tiroteio ocorreu no último domingo (11), no Setor Campos Elísio. Rafaela morreu na terça-feira (13), na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Rio Verde. A outra mulher ferida também foi levada para o hospital, mas não corre risco de morrer. Ela já recebeu alta.

A PM não detalhou quais seriam as atitudes suspeitas que levaram a equipe a entrar na festa. O marido de Rafaela diz que ainda não sabe dizer o que, de fato, ocorreu, mas não descarta que a esposa tenha sido alvo de uma emboscada ou morta pelos policiais.

"Não sei qual foi o sentimento da pessoa querer fazer uma coisa dessas com ela. Não sei se foi casinha que fizeram para minha esposa, não sei, ou se foi a polícia. Perder uma pessoa que eu amava tanto. Inconformável [sic] isso, não tem como não. [Quero] Justiça, com certeza", desabafa.

G1

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