Em cartaz: Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros

Filme está em exibição no Shopping Rio Verde e no Buriti Shopping Rio Verde


Sessenta e cinco milhões de anos após o último rompante de criatividade de Hollywood, o Jurassic World é um parque que atrai milhares de visitantes com seus dinossauros feitos de Lego genético. Então há um problema de segurança que resulta em confusão, caos, ganância, convenções preguiçosas, militares e dentes.

É incrível como Jurassic World (Jurassic World – O Mundo dos Dinossauros) se mostra desconcertantemente incapaz de entender a própria mensagem que deseja passar: assim como o parque que dá título ao filme, a produção se mostra tipo nem aí para os dinossauros e se preocupa só com o espetáculo, mais dentes, mais destruição, mais coisas legais para botar no trailer e chamar as pessoas. É uma neurose tão grande em fazer a coisa parecer escandalosamente grandiosa que a história em si fica ali, naquela bolsinha pequena da mochila onde ninguém mexe, enquanto os realizadores se dedicam a escrever mais linhas de códigos para CGI do que escrever o filme.

O principal problema é que não há aquele maravilhamento com os animais. Os dinossauros soam quase como McGuffins para a produção de cenas onde pessoas estão atrás de carros e um focinho do tamanho de uma kitnet aparece fungando. Isso pode até funcionar no início para mostrar como a coisa toda se tornou banalizada naquele universo; só que a ausência de um deslumbre com a presença dos bichos torna Jurassic World nada mais do que a brincadeira de pique-esconde mais perigosa do mundo (há alguns momentos que tentam capturar isso, como Gray abrindo a janela e outro momento envolvendo Owen, Claire e um brontossauro, mas são muito poucos e muito pontuais). A esterilidade emocional do filme diante dessa turma que recém saiu da extinção bombardeia nuclearmente o envolvimento do espectador. Dinossauros não precisariam estar ali, pois o fato de serem dinossauros não faz diferença. É um filme de monstros e gente correndo. Ponto final.

Muito disso vem do excesso de personagens, impedindo que um deles assuma a função de conectar o público com o amor pelos dinos. É um grupo inteiro de homo unidimensionales, com arcos dramáticos tão previsíveis quanto o resultado de amontoar um monte de bichos selvagens e vorazes no mesmo lugar, e que durante a maior parte do tempo se resumem a uma função (Owen é o brother dino; Claire é a executiva objetiva e mergulhada na carreira; Heskins é o militar desprovido de córtex pré-frontal; e assim por diante). Além disso, os dramas são atirados de qualquer jeito e nunca resgatados (o divórcio, a distância de Claire), os militares são quase vilões da Disney (Heskins chega a sorrir com a possibilidade de arrastões jurássicos) e as poucas características são logo extintas por meteoros (Masrani fala primeiro que a ideia do parque é maravilhar as pessoas para logo depois comentar que não quer detonar seu investimento). Não é apenas uma questão de não investir minimamente nas personagens: Jurassic World constantemente caminha pela fina linha que marca o início da falta de sentido.

Tanto que não há uma visão clara do que a produção quer atingir, já que, com uma frequência irritante, tentativas de humor varrem a suposta tensão para baixo do tapete (como um beijo específico quase no final). Também não há uma preocupação muito grande com a suspensão da descrença – Claire de salto alto no meio da selva, alguém correndo mais do que um dinossauro, a intervenção final – e a entrada dos militares em cena é a coisa mais sem justificativa da história desde a convocação do Robinho para a seleção. Ao menos Jurassic World consegue tropeçar em algumas sequências boas de ação, ainda que o trailer tenha estragado coisas que poderiam ser bem impressionantes – os destaques ficam para um ataque voador específico e a luta final, épica a ponto de merecer um travelling circular bem executado.

Além disso, apesar do roteiro raquítico, Chris Pratt consegue usar seu superpoder (carisma) para tornar Owen uma figura agradável e competente, enquanto a simpatia de Bryce Dallas Howard faz de Claire alguém minimamente humana (mesmo quando ela parece ser mais distante). O resto do elenco se limita a andar e falar, com exceção de Vincent D’Onofrio, que consegue andar e falar mal. E é triste também que a trilha não atinja os níveis de grandiosidade necessários – o que, em se tratando de Jurassic Park, é crime federal -, deixando na expectativa quem vai ao cinema esperando ser johnwilliamszado. No final das contas, é um filme exibicionista, feito para mostrar a capacidade dos animadores em criar coisas que não existem em CGI (que funciona muito bem na maior parte das vezes, importante destacar), feito por quem acredita que o espetáculo é feito na publicidade e expectativa e divulgação nas redes sociais, e não na produção. Os poucos momentos de humor que funcionam (“não, com ele!“) e cenas bem construídas não fazem a película funcionar. Querer que Jurassic World seja um equivalente ao mágico primeiro filme da franquia talvez seja exigir demais, mas a impressão é de que foi realizado como um relatório de números por alguém que não vê nada de espetacular no que deveria ser o objeto de admiração do filme. E se os realizadores não enxergam isso, como conseguirão fazer o público enxergar?

O filme está em exibição nos dois shoppings de Rio verde. Para conferir os horários, acesse http://shoppingrioverdego.com.br/filmes ou http://www.cineflix.com.br/programacao/buriti-shopping-rio-verde/ . O trailer do filme pode ser visto no ícone “Vídeos”.

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