Contando histórias: Todos os dias é um vai-e-vem na estação

O jornalista Fábio Trancolin conta um pouco da história de Rio Verde em crônicas


Chegar e partir são os dois lados da mesma viagem. Quantos daqui partiram e quantos por aqui chegaram. Passei muito por ali, ela era simples, não vou dizer que era aconchegante, mas ela tinha lá os seus encantos. Do lado da Presidente Vargas ficavam estacionados os táxis geralmente os ‘corcéicinhos’, aquele que deixou o Raul Seixas feliz, ele comprou um 73. Do outro lado algo diferente, as charretes (carinhosamente chamadas de balainhos de putas) e seus condutores, elas faziam sucesso, lembro do Tio Zé que veio de São Paulo em 1978 e achou aquilo um barato ‘táxi charrete’, fez questão de ser conduzido por uma daquelas... Os bares de rodoviária de interior com vidros embaçados e cheiro dos salgados fritos invadiam o ambiente... Carninha, pão de queijo, pastel com guaraná mineiro, mirinda ou crush... Humm ‘trem bão’!

Na rodoviária tinha o salão do barbeiro João que era irmão do Domingos Sabino mais conhecido no mundo artístico como Amarai (Belmonte & Amarai) da famosa música ‘Saudade de minha terra’ (Goiá e Belmonte) que já vendeu mais de 1.650,000 cópias e é um hino sertanejo. ‘De que me adianta viver na cidade. Se a felicidade não me acompanhar, adeus paulistinha do meu coração, lá pro meu sertão eu quero voltar... ’. Também tinha o Bazar Jerusalém, o proprietário era o Seu Munir Abdallah que veio da Palestina. Ali vendia as lembrancinhas para quem ia, e para quem chegava e um monte de coisas mais, e também tinha a generosidade do ‘turco ou libanês’ naquela época não fazia diferença o que valia era a receptividade do bom amigo Munir.

A estação ficou ali por quase vinte anos, foi na gestão do prefeito Paulo Campos que ela foi instalada naquela área, dizem que as pessoas comentavam ‘a rodoviária foi lá para cima não tem nada lá... ’ Antes disso os ônibus saiam de alguns pontos da cidade. E 1983 a história se repete, nova estação é inaugurada pelo prefeito Iron Jaime do Nascimento, e também não tinha nada naquele ponto da cidade...
Quem chega a Rio Verde e desembarca na estação vê o busto de bronze preservando a memória do empreendedor do transporte.  Na década de 40 a jardineira de Nego Portilho transportava os passageiros e malas postais.  E em homenagem a Epaminondas Portilho o pioneiro da primeira linha de ônibus da região, a rodoviária recebeu o seu nome. Essa foi uma justa homenagem.   

“Todos os dias é um vai-e-vem. A vida se repete na estação. Tem gente que chega pra ficar, tem gente que vai pra nunca mais, tem gente que vem e quer voltar, tem gente que vai e quer ficar, tem gente que veio só olhar, tem gente a sorrir e a chorar. E assim, chegar e partir...”

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