Circuito Câmera Cotidiana 2014 abre inscrições

Projeto de formação audiovisual vai circular escolas públicas e pontos de cultura de Goiânia, Rio Verde, Jataí, Morrinhos e Acreúna


Celular com câmera em mãos. Ideia na cabeça. Trabalho em grupo. E um professor para orientar a união de tudo isso e ensinar a fazer, em conjunto, vídeos prontos para participar de um festival. É essa a proposta do Câmera Cotidiana, projeto de formação audiovisual de educadores e alunos de escolas públicas e pontos de cultura de Goiás. O projeto está na terceira edição e tem as inscrições abertas para educadores interessados em participar até o dia 16 de julho.

O celular, equipamento considerado quase sempre inimigo do professor em sala de aula, pode ser um aliado no processo de aprendizagem aos olhos de Joelma Paes e Erasmo Alcântara, idealizadores do projeto. Com o Câmera Cotidiana, eles mostram o potencial do uso da tecnologia, hoje acessível a maioria dos alunos de escolas públicas, para explorar a expressão artística e estética de jovens e adolescentes.

O que parece ser corriqueiro e trivial pode se transformar em roteiro, ganhar olhares artístico e técnico e se tornar um belo vídeo. A beleza que existe no dia-a-dia desses jovens e adolescentes é expressa nos vídeos feitos por eles e podem ser premiados. É o caso dos trabalhos vencedores de 2013, “Trajeto escola” e “O trabalho de meu pai”. Até hoje, já foram produzidos mais de cem vídeos.

Nessa terceira edição, financiada pelo Fundo Estadual de Cultura de Goiás e sob a coordenação de Igor Amin, 15 multiplicadores vão ser formados para então produzir vídeos com mais de 300 estudantes. A primeira etapa é a formação desses educadores que participam de um curso para ensinar, depois, os seus aprendizes a como fazer um vídeo com seu próprio celular. No curso dos educadores, eles aprendem roteiro, linguagem cinematográfica, edição e bastante prática de todas as etapas da produção de um vídeo. Depois, tudo isso também é trabalhado com seus alunos.

Produzido pela Fractal filmes, o Câmera Cotidiana já passou por Aparecida de Goiânia, Senador Canedo, Inhumas, Anápolis, Pirenópolis, Goiás, Alto Paraíso, Trindade e Goiânia. Nesta edição volta à capital e percorre, ainda, Morrinhos, Jataí, Acreúna e Rio Verde.

Professores dessas cidades podem se inscrever pelo site www.cameracotidiana.com.br. Eles devem estar vinculados a escolas públicas ou pontos de cultura. O único pré-requisito é vontade de ensinar seus alunos, além de disponibilidade para participar do curso de formação, que acontece entre os dias 28 de julho e 2 de agosto.

Maria Aparecida Vilarinho, a professora Cida da Escola Municipal Benedito da Silva de Miranda, de Goiânia, foi multiplicadora vencedora do festival de 2013. Ela conta que não teve coragem de se inscrever, porque achava que ela não tinha competência para aquilo. “Eu achava que isso não era para meu bico. Não sabia nada de edição, apenas gostava de trabalhar histórias com meus alunos”. Sua colega, professora de história, acreditando no potencial de Cida, fez a inscrição por ela. O resultado foi não só o prêmio, mas o gosto por ensinar a fazer vídeo.

Rede que cresce
O Circuito Câmera Cotidiana não tem a pretensão de chegar em um espaço de educação e fechar as portas quando o projeto termina ali. A idéia é formar uma grande rede de multiplicadores interessados em difundir conhecimento de audiovisual de forma democrática, usando mídias acessíveis a todos, como o celular. O objetivo do projeto é que as ações iniciadas pelo circuito continuem mesmo depois que o projeto chegue ao fim e contribuam para captar mentes criativa para o mercado audiovisual profissional. A idéia tem dado certo nesses dois anos de Circuito.

O projeto foi concluído em 2013 na escola onde Cida leciona, mas o trabalho continuou neste ano. Ela incluiu o trabalho no projeto político pedagógico da escola e continua a fazer oficinas com novos alunos por conta própria. O multiplicador Jeferson de Oliveira Borges, educador do Círculo de Apoio à Aprendizagem Profissional em Goiânia, criou um cineclube com seus alunos, que uma vez por mês assistem e debatem os filmes. Takaiuna, multiplicadora da primeira edição, montou com sua turma uma sala de cinema no ponto de cultura Cidade Livre, chamada Câmera Cotidiana, em homenagem ao projeto.

Todos os multiplicadores que já participaram do Circuito são bem vindos ao Câmera Cotidiana nessa edição. Os educadores que já fazem parte da Rede são convidados a continuar aprendendo e trabalhando com audiovisual. Eles podem participar da imersão que acontece no fim de julho com os novos multiplicadores e continuar o trabalho em suas escolas. Olhando para frente, o grande objetivo dos idealizadores do projeto é que daqui cinco anos, 75 multiplicadores tenham sido diretamente formados, 75 instituições articuladas, 1500 alunos, 500 vídeos produzidos e 30 participantes de intercâmbios.

Próximos passos
Após o período de inscrição de educadores, que se encerra no dia 16 de julho, começa a primeira etapa do circuito: o curso de qualificação de multiplicadores. Os educadores selecionados participarão do curso de formação organizado pela equipe do Câmera Cotidiana e ministrado pelo coordenador pedagógico Igor Amin. Durante a última semana de julho, os inscritos serão capacitados para trabalharem as informações de produção audiovisual com seus alunos.

Depois de formados, vem a segunda etapa do projeto: as oficinas Câmera Cotidiana. Os multiplicadores colocam a mão na massa e começam a trabalhar com as crianças a criação de vídeos. Eles têm os meses de agosto e setembro para deixar todos os filmes prontos, que serão exibidos durante o festival, em outubro. Essa terceira etapa é o auge do projeto, quando os multiplicadores e seus alunos disponibilizam o trabalho realizado no site do Circuito e aguardam a avaliação.

Os filmes serão disponibilizados no site para voto popular e também de júri especializado. Somente no ano passado, foram mais de 4 mil acessos durante o festival. A premiação acontecerá no dia 31 de outubro e os vencedores ganharão um intercâmbio, onde embarcarão com a equipe do Câmera Cotidiana para outra cidade do Brasil. Essa última etapa do projeto, coloca os vencedores em contato com centros de referência em produção audiovisual no país. O objetivo da viagem, que acontecerá em novembro, é que a visita promova trocas de experiências e estimule os vencedores a pensarem e aperfeiçoarem conhecimentos de produção de vídeos de bolso.

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