Cheiros e sabores

O jornalista Fábio Trancolin conta um pouco da história de Rio Verde em crônicas


Os sabores da época de criança e seus cheiros inconfundíveis eram uma mistura de tudo o que há de bom e gostoso. Em outras crônicas eu relatei cheiros, gostos, lugares e aromas que fizeram parte da infância e que não saem da memória. Já falei do Zé da Vitamina, dos armazéns e doces que eram vendidos em seus balcões e baleiros, já comentei da maça do amor da Pecuária. Dos salgados e rosquinhas dos ‘japonês’. 'O ‘Ligeirinho’ e os seus salgados tem que ser citado, no vai e vem com a bacia na cabeça lá vai ele de havaianas sobe que desce e desce que sobe. Vale também lembrar o caldo do ‘Biras bar’, quando ele era ali em frente aos Correios, no final de tarde as mesas e cadeiras eram procuradas pelo os apreciadores do mocotó.

Outros cheiros inesquecíveis eram os das padarias, tenho que falar de três que está gravada na lembrança de todos os que tiveram a oportunidade de saborear algumas iguarias em seus balcões, a Padaria Natal, que ficava ali onde está o Itaú na Rafael Nascimento, e a Flor do trigo que ficava na esquina da Costa Gomes com Coronel Vaiano, a Padaria Universo na Presidente Vargas, era um aroma que invadia narinas e te convidava a entrar.

Quando a buzina tocava e ele gritava, ‘oh o picolé e juju’. Moedinhas eram ajuntadas e corriam atrás dos ‘picolezeiros’, os do Bar da Terezinha (o bar era na descida do Demolício de Carvalho esquina com a Rui Barbosa) e os da Sorveteria Brasinha (era ali na Augusta Bastos). Era uma delicia o creme holandês, e o coco queimado. Nas portas de escola, e nas ruas se ouviam a buzina ao longe te chamar, vem experimentar... Muitos amigos empurraram os carrinhos que eram abastecidos até a tampa, eles saiam percorrendo as ruas da cidade que não era tão grande assim, logo chegavam ao fim dos seus limites, mas tinha aqueles que ousavam ir bem longe, lá pelos lados do Posto Horizonte que era longe ‘pra caramba’ a disputa era boa, mas todos vendiam muito.

Mas tem dois sabores que quem experimentou jamais esqueceu o picolé de groselha e o sorvete de ameixa do ‘Bar do Webe’. Por muitos anos ele ficou instalado na Praça Rodrigues de Mendonça (hoje é a Perfil Contabilidade) ali era ponto de encontro, frequentei muito ali. Depois ele mudou para a Rua Gumercindo Ferreira, e eu continuei frequentando... São coisas que você não esquece, ‘tudo que vai, deixa o gosto, deixa às fotos, quanto tempo faz... Deixa os dedos, deixa a memória... ’ Como é bom lembrar, recordar e sentir saudades...  Como diz o escritor alemão Patrick Süskind, ‘ O aroma é um irmão da respiração ele penetra nas pessoas... ’

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