Alunos da rede pública aprendem a fazer vídeos com celular

Oficinas do Circuito Câmera Cotidiana acontecem em escolas de Goiânia, Rio Verde, Jataí, Morrinhos e Acreúna


Com um simples celular, um universo de possibilidades de criação se abre para 300 jovens goianos. As oficinas do Câmera Cotidiana, projeto que tem como eixo ensino e produção audiovisual com mídias portáteis, acontecem essa semana em escolas de cinco municípios goianos. Guiados por educadores que passaram por formação em julho, esses jovens, explorando criatividade e imaginação, estão aprendendo a produzir vídeos com o que tem em mãos.

Os selecionados pelo Circuito Câmera Cotidiana passaram por uma intensa troca de experiências e muito aprendizado. Eles participaram do curso teórico e prático de audiovisual entre os dias 28 de julho e 2 de agosto em Nerópolis, sob a coordenação pedagógica do arte-educador e artista multimídia, Igor Amin.

Agora, de volta às suas cidades, eles compartilham esse conhecimento e ensinam seus alunos a produzir vídeos com mídias portáteis. Os vídeos têm que estar prontos até o fim de setembro para participar, em outubro, do festival online. Dali sairão os vencedores que embarcarão com a equipe do Câmera Cotidiana para um intercâmbio em alguma cidade brasileira, para conhecer outros projetos que trabalhem a democratização audiovisual.

As oficinas acontecem a todo vapor em três escolas municipais de Goiânia: Silene de Andrade, Rui Barbosa e Geralda de Aquino. Também em Rio Verde, na Escola Municipal Prof. Selva Campos, Escola Estadual T.I. Maria Ribeiro Carneiro e CORES – Escola de Ser. Em Morrinhos, na Escola Municipal Celestino Alves, no Colégio Estadual Xavier de Almeida e na Secretaria Municipal de Educação. Também em Acreúna, no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculo e no Cineclube 7ª arte. E, em Jataí, na Universidade Federal de Goiás, no Instituto Federal de Goiás e no Telecentro da Secretaria de Cultura.

Os multiplicadores, durante as oficinas, ensinam aos seus alunos roteiro, linguagem cinematográfica, edição e bastante prática de todas as etapas da produção de um vídeo. Para cumprirem essa etapa com êxito, a produtora do Câmera Cotidiana, Tamara Benetti, diz ser essencial estimulo à criatividade e inspiração. “É fazer com que o aluno se encante pelo audiovisual e estimular o seu potencial criativo Quando o aluno curte o assunto e tem criatividade de sobra, ele passa por qualquer dificuldade técnica e consegue produzir”, comenta.

As expectativas da produção do Circuito são grandes para essa etapa. “O trabalho é muito intenso daqui até o final das oficinas. Os multiplicadores descobrem suas potencialidades, mas também se deparam com obstáculos. No panorama atual, nos parece que o resultado será muito bom”, diz a produtora Tamara Benetti.

Sobre o Circuito Câmera Cotidiana

O celular, equipamento considerado quase sempre inimigo do professor em sala de aula, pode ser um aliado no processo de aprendizagem aos olhos de Joelma Paes e Erasmo Alcântara, idealizadores do projeto. Com o Câmera Cotidiana, eles mostram o potencial do uso da tecnologia, hoje acessível à maioria dos alunos de escolas públicas, para explorar a expressão artística e estética de jovens e adolescentes.

O que parece ser corriqueiro e trivial pode se transformar em roteiro, ganhar olhares artístico e técnico e se tornar um belo vídeo. A beleza que existe no dia-a-dia desses jovens e adolescentes é expressa nos vídeos feitos por eles e podem ser premiados. É o caso dos trabalhos vencedores de 2013, “Trajeto escola” e “O trabalho de meu pai”. Até hoje, já foram produzidos mais de cem vídeos.

Nessa terceira edição, contemplada pelo Fundo Estadual de Cultura de Goiás, 14 novos multiplicadores foram qualificados para então produzir vídeos com mais de 300 estudantes. Produzido pela Fractal o Câmera Cotidiana já passou por Aparecida de Goiânia, Senador Canedo, Inhumas, Anápolis, Pirenópolis, Goiás, Alto Paraíso, Trindade e Goiânia. Nesta edição volta à capital e percorre, ainda, Morrinhos, Jataí, Acreúna e Rio Verde.

Rede que cresce
A idéia do Circuito Câmera Cotidiana é formar uma grande rede de multiplicadores interessados em difundir conhecimento de audiovisual de forma democrática, usando mídias acessíveis a todos, como o celular. O objetivo do projeto é que as ações iniciadas pelo circuito continuem mesmo depois que o projeto chegue ao fim e contribuam para captar mentes criativa para o mercado audiovisual profissional. A idéia tem dado certo nesses dois anos de Circuito. 

O projeto foi realizado em 2013 na escola onde Cida Vilarinho leciona, em Goiânia. Mas o trabalho continuou neste ano. Ela incluiu o trabalho no projeto político pedagógico da escola e continua a fazer oficinas com novos alunos por conta própria. O multiplicador Jeferson de Oliveira Borges, educador do Círculo de Apoio à Aprendizagem Profissional em Goiânia, criou um cineclube com seus alunos, que uma vez por mês assistem e debatem os filmes. Takaiúna, multiplicadora da primeira edição, montou com sua turma uma sala de cinema no ponto de cultura Cidade Livre, chamada Câmera Cotidiana, em homenagem ao projeto.

Os educadores que já fazem parte da Rede foram convidados a continuar aprendendo e trabalhando com audiovisual e participaram da imersão que aconteceu durante o curso em Nerópolis juntos com os novos multiplicadores, o que encantou os realizadores do projeto. “Estamos felizes com o empenho para ministrar novas oficinas, mesmo sem estarmos acompanhando de perto. Essa é a ideia da Rede, que eles trabalhem por si”, diz Tamara.

Olhando para frente, o grande objetivo dos idealizadores do projeto é que daqui cinco anos, cerca de 75 multiplicadores tenham sido diretamente formados, 75 instituições articuladas, 1500 alunos envolvidos, 500 vídeos produzidos, 21 cidades e 30 participantes de intercâmbios.

Próximos passos

Os alunos e multiplicadores têm os meses de agosto e setembro para deixar todos os filmes prontos, que serão exibidos durante o festival, em outubro. Essa terceira etapa é o auge do projeto, quando os trabalhos realizados em sala de aula ficam disponibilizados no site do Circuito e aguardam a avaliação.

Os filmes serão disponibilizados no site para voto popular e também de júri especializado. Somente no ano passado, foram mais de 4 mil acessos durante o festival. A premiação acontecerá no dia 31 de outubro e os vencedores ganharão um intercâmbio, onde embarcarão com a equipe do Câmera Cotidiana para outra cidade do Brasil. Essa última etapa do projeto coloca os premiados em contato com centros de referência em produção audiovisual no país. O objetivo da viagem, que acontecerá em novembro, é que a visita promova trocas de experiências e estimule os vencedores a pensarem e aperfeiçoarem conhecimentos de produção de vídeos de bolso. 

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