A midas sertaneja

Com mais de 2,2 mil músicas escritas, a rainha da composição Fátima Leão batalha pelo sucesso nos palcos após passar duas décadas longe deles. Rio-verdense faz show em Goiânia


Ela viveu história parecida às de outros goianos que conquistaram a indústria musical. A diferença é que, além de ser mulher – raridade no meio –, virou recordista na criação de hits. Ao contrário de Leandro e Leandro, Zezé Di Camargo e Luciano, Bruno e Marrone e a turma do novo sertanejo, que fizeram e fazem muito dinheiro sobre os palcos, Fátima Leão tornou-se a Midas sertaneja da composição. E por 17 anos, tal qual em suas músicas, ficou longe dos palcos por causa de um amor.

Trinta anos depois do que considera marco inicial da carreira, o lançamento de Objeto de Prazer, na voz de Mato Grosso e Mathias, Fátima Leão, que completa 60 anos em exato um mês, está de novo na empreitada da estrada. Fala de tudo com o entusiasmo de jovens cantores. “Você precisa ver meu público hoje. Tem os já senhores, que me conheciam, mas também crianças e universitários”, empolga-se, em entrevista ao jornal O Popular.

Até quando fez a última contabilidade, há cinco anos, a goiana de Rio Verde somava 2.146 músicas já escritas. “Já parei de contar”, diverte-se, com a característica voz rouca. Muitas foram escritas em parcerias, mas a maioria é assinada apenas por ela, que prefere escrever sozinha. “Não tenho paciência. Muitos parceiros demoram quatro, cinco horas. Demoro uns 20 minutos. Já fiz música até em 2 minutos”, orgulha-se a compositora.

Memória, gravada em 1988, também por Matogrosso e Mathias, foi a música que mais lhe consumiu tempo: três dias. “Isso porque tinha de administrar o Felipe e Falcão, cuidar de casa e dos meninos”, diz referindo-se aos filhos Vinícius, hoje com 35 anos e com quem a mãe administra um estúdio, e Waléria, 33, também compositora. Na época, estava no primeiro casamento, com o cantor sertanejo Felipe.

Dormi na Praça
Pode ser que você ainda não tenha tido a chance de ouvir a compositora cantar, mas com certeza já ouviu algo escrito por ela. O exemplo mais famoso é Dormi na Praça, que dominou as rádios no final dos anos 1990. Mas o hit que alavancou a carreira de Bruno e Marrone não é o único. São dela sucessos como Tranque a Porta e Me Beija, A Fila Anda, Foge de Mim e, recentemente, Pecado de Amor, cujos créditos divide com a filha Waléria.

Desde pequena ligada à música, Fátima sempre teve musicalidade aflorada. A paixão a fez se mudar de Rio Verde, onde nasceu em 1955, para Goiânia, em 1975. Para conseguir dinheiro, a mãe teve de vender a máquina de costura. Na capital goiana, a vida não foi fácil. Para sobreviver, além de cantar em bares, segurava as pontas vendendo roupas e calçados. A decisão de se mudar para São Paulo, onde vive até hoje, veio em 1987, quando portas já haviam se aberto para suas composições.

Houve um período no início da década de 90 em que ela e Zezé Di Camargo, um dos parceiros de composição mais famosos, foram vizinhos de prédio. “A gente começava a compor às 10 da manhã e seguia até as 2 da madrugada.” Os resultados não demoraram a aparecer nas rádios. Chegaram a ter até 12 músicas entre as 20 mais tocadas no País no topo das paradas.

Serviço
Shows: Fátima Leão e Cleiton e Camargo
Data: Hoje, a partir das 22 horas (shows à 1 hora)
Local: Carlota Live Music (Av. C-17, continua da Av. T-7, Setor Sudoeste)
Ingresso: R$ 20 (feminino) e R$ 40 (masculino). Valores para compra antecipada, sujeitos a alteração de acordo com a demanda
Informações: 3941-7343

Jornal O Popular

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