Vovó também fez: Perguntas cabeludas

Caroline Arcari comenta sobre educação sexual dentro da família


Os pequeninos sempre nos pegam de surpresa, com perguntas e questionamentos que deixam qualquer um perplexo. E mesmo quando tentamos fugir, não tem jeito. A própria natureza se encarrega de despertar a curiosidade para as questões sexuais. A gravidez da professora, uma visita a um bebê novo na família, as diferenças físicas entre os coleguinhas: parece que tudo conspira para tornar o papel dos pais cada vez mais difícil: responder às perguntas – “aquelas perguntas” – intermináveis das crianças.

Embora pareça a solução mais fácil, o silêncio perante essas situações é a atitude menos sensata que os pais podem tomar. As novas pesquisas e estudos do campo da psicologia, psiquiatria e sexologia nos encaminham para um fato: a educação sexual da criança é uma das responsabilidades dos pais e a orientação fornecida a ela influenciará o desenvolvimento da sua personalidade e da sua sexualidade na vida adulta.

A curiosidade infantil frente às questões sexuais, incômoda para alguns adultos, é, na verdade, uma oportunidade única para que pais construam conceitos verdadeiros e valores morais juntamente com seus filhos. De uma coisa, nós não podemos fugir. Para falar sobre sexo e sexualidade com nossas crianças, temos que nos informar primeiro sobre o assunto. Temos que nos manter atualizados, colher opiniões, formar nossas próprias opiniões, procurar estatísticas, novos estudos e pesquisas, temos que conhecer sobre o desenvolvimento infantil, sobre a construção do conhecimento na criança, entre tantas outras coisas.
E se queremos conversar com nossas crianças sobre sexo e sexualidade de maneira natural e informal, precisamos realmente interiorizar esta postura, para que haja consonância entre o que falamos e o que pensamos. Encarar a sexualidade como algo natural do ser humano e presente em  todos os estágios de nosso desenvolvimento é o primeiro passo.

Voltando um pouco para o tempo de nossas avós, era muito comum ouvir histórias de meninas que, ao menstruarem pela primeira vez, ainda não tinham idéia do que estava acontecendo. A mãe só explicava sobre menstruação, quando a menina menstruava. Também já ouvimos muitas histórias de mulheres que, apenas na véspera do casamento, ficavam sabendo sobre a relação sexual e sobre “o que iria acontecer” em sua noite de núpcias. Definitivamente, essa época já foi (ainda bem). E essa educação repressora, do proibido, do autoritarismo, do silêncio, já foi também.  A relação entre pais e filhos nos dias atuais mostra uma nova concepção e abre portas para um novo tipo de relacionamento: aquele baseado no carinho, no diálogo e na confiança.
 
O atual contexto familiar de relações mais abertas, a busca por uma educação mais liberal, o acesso à informação, o apelo do sexo na publicidade, nas novelas, na mídia de modo geral, geraram a necessidade (e possibilidade!) da orientação sexual o quanto antes. Os pais e educadores precisam e devem atender às curiosidades da criança para que ela tenha sempre uma fonte segura de informações corretas agregadas a valores morais. Oportunidades para conversar sobre o assunto são inúmeras. Cabe aos adultos orientadores aproveitar as ocasiões para conversar com naturalidade e sinceridade.

Por Caroline Arcari – Publicado no edusex.com.br

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