Você é ciumento?

Saiba quando seu ciúme é normal ou possesivo


Na medida certa o ciúme pode ser compreendido como zelo, cuidado com quem se ama, assim como é normal sentir medo, inveja, luto, alegria, raiva e saudade, dentre outras emoções. Mas, na verdade, é um sentimento que produz angústia em muitos parceiros e pode atingir formas doentias, e abalar a saúde mental.

O ciúme é um sentimento, que como qualquer outro, pode ser aprendido ainda na infância, quando os bebês querem atenção exclusiva dos pais. E, aceitar esse sentimento é importante, por exemplo, quando a criança percebe que o amor dos pais não é e nem precisa ser exclusivo, é preciso que aprenda dividir com os irmãos, o que não torna o amor menor.

Assim também deveria ser na idade adulta. Ainda que um parceiro tenha amigos e outros interesses, isso não significa que nos terá menos amor. Aceitar esse sentimento é valorizar a capacidade do outro de ter amigos, de gostar da família, de ter uma vida própria.

Nos jornais, quase todos os dias, as noticias sobre crimes cometidos por ciúme (crimes passionais) são veiculadas. Quase sempre os crimes são seguidos por suicídio. Isso não é amor. É um desejo de posse total, de controle, que não permite a felicidade da pessoa amada.

Mas como saber se o ciúme passou dos limites da normalidade?
Em primeiro lugar, quando, mesmo não havendo motivos, a pessoa se sente ameaçada pela perda, quando não suporta que o parceiro ou a parceira tenha amigos, quando não aceita que o outro faça programas sem sua presença, não deixa sair de casa sozinho, quando tem crenças diferentes, quando deseja controlar a vida do outro. Muitos chegam a impedir o que o outro trabalhe fora de casa.

Quando o ciúme vira uma doença?
Quando a insegurança de perder o outro é tamanha que sufoca, prende, limita. O medo de perder pode ser por já ter sido traído (a) ou por uma ameaça real ou imaginária.

O ciúme doentio ou patológico é um transtorno afetivo grave, com pensamentos, emoções e comportamentos irracionais e extremos em que a maior preocupação é quanto à infidelidade do parceiro, mesmo que não ocorram evidências concretas. Os principais sintomas são a ansiedade, culpa, raiva, sentimentos de inferioridade, depressão, imagens intrusivas, remorso, humilhação, insegurança, vergonha, rituais de verificação (carteiras, bolsos, celular, talão de cheque, checa e-mails) desejo de vingança, angústia, sentimento de posse, baixa auto-estima, muito medo de perder o parceiro (a) para um rival, desconfiança excessiva e infundada, gerando significativo prejuízo na vida pessoal e no relacionamento.

O ciúme doentio difere entre homens e mulheres. As mulheres apresentam sentimentos de inferioridade, menor desejo sexual e, conseqüentemente, medo da infidelidade (traição) do parceiro. Por outro lado, para os homens, os temores de abandono e os delírios de infidelidade podem surgir em situações específicas, como a saúde em declínio.

Conseqüências do Ciúme Patológico
Podem variar desde ameaças de violência, espancamentos e até assassinatos. O álcool tem um papel desencadeador do ciúme, levando a suspeitas de infidelidade, distorção da percepção e interpretação errada dos fatos. A insatisfação sexual, também, pode ser detonadora de ciúme.

A baixa autoestima é mesmo a porta de entrada para esse sentimento?
A autoestima é o sentimento da importância ou valor que a pessoa tem por si mesma, é o auto-respeito e autoconsideração. Ela é construída a partir das experiências que provam e comprovam a sua competência nos vários aspectos da sua vida.
 
Quando uma pessoa tem uma auto-estima rebaixada provavelmente é tomada por fortes ilusões com respeito ao que pode esperar dos outros, tem tendência a abrigar fortes temores, além de ter uma forte predisposição para manifestar desapontamentos e desconfiar das outras pessoas. É muito comum que pessoas com baixa auto-estima escolham seus cônjuges para conseguir algo que lhes falta: pode ser a estima que esperam que o outro tenha por si.
 
O ciumento geralmente tem autoestima baixa, sente-se inferior e tortura-se com pensamentos de infidelidade.  Um medo desproporcional corrói seus sentimentos, tira seu sono e empata sua vida.  

Como frear os impulsos gerados pelo sentimento de posse?
A primeira coisa a se fazer é procurar ajuda para saber de onde vem a insegurança, a falta de confiança que não acaba, mesmo trocando de parceiro. O parceiro, por sua vez, não deve tentar provar sua inocência, mas insistir para que o ciumento se trate.

Diante da gravidade é importante atentar para a importância do tratamento psicológico e/ou psiquiátrico. Admitir o problema, não negando a situação, procurando ajuda são gestos de sabedoria. Isso porque o problema não é do outro. O problema é ele, o ciumento.  Por isso, discutir a relação com o parceiro, dividindo angústias e temores, questionando os fatos, revendo as atitudes tomadas, auto avaliar-se, entre outras atitudes benéficas, promove uma autocompreensão e autoconhecimento necessários para uma relação amorosa saudável.
 
A terapia disponibiliza através de conversas e técnicas, a exposição de problemas, de diferenças e crises, que possibilita identificar os pensamentos disfuncionais, as crenças errôneas e as distorções cognitivas e assim evidenciar os conflitos existentes e passar a lidar com as questões emocionais que geram o ciúme, proporcionando o aumento da auto-estima e a qualidade do relacionamento.

Com tanto ciúme, dá vontade de trair mesmo
O ciúme pode também ser fruto de uma profecia autorealizada, isto é, o parceiro tem que ser vigiado e controlado o tempo todo porque senão trairá. Isso pode acabar levando à traição mesmo. Quem não tem liberdade acaba ressentido e abrindo caminhos para uma relação paralela, em que a compreensão e o respeito estejam presentes e o que tanto se temia acaba acontecendo.


Por fim, vale ressaltar que:
•    O ciúme exagerado não é racional, por isso provas não resolvem;
•    A fidelidade não pode ser imposta, é inerente ao caráter da pessoa;
•    Ninguém pode garantir que o amor não acabará;
•    Ciúme na medida certa valoriza o parceiro, que se sente mais amado;
•    A falta dele pode significar falta de interesse, que é oposto do amor.
•    As palavras-chave são: respeito e confiança.

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