Suplementação de creatina

O nutricionista esportivo Jhousefer Amorim dá dicas de saúde e alimentação aos leitores do Rio Verde Agora


A suplementação de creatina tem sido largamente estudada nos últimos anos devido principalmente ao seu efeito na performance em exercícios resistidos (Musculação). Muitos estudos confirmam seus efeitos através do aumento nos estoques intramusculares de creatina que, associada a musculação, favorece o ganho de massa magra e da performance em atividades de alta intensidade e curta duração, como levantamento de peso. Existem estudos que contradizem os efeitos ergogênicos da creatina, justificado por erros estatísticos nos protocolos.

Após a suplementação de creatina, nem sempre todos os indivíduos aumentam seus estoques, existem experimentos que demonstram pequeno ou nenhum aumento nos estoques. Isto pode ser explicado por muitos fatores, por exemplo, a quantidade inicial de creatina intramuscular, que pode estar alta ou baixa, levando a respostas diferentes nos indivíduos que foram suplementados. Indivíduos que apresentam baixos estoques parecem se beneficiar mais da suplementação por aumentarem seus estoques.

A creatina é encontrada nos alimentos de origem animal, como carnes e peixes, os indivíduos vegetarianos e não treinados, por apresentarem estoques reduzidos de creatina, obtêm melhores resultados com a suplementação quando comparados a indivíduos bem treinados e não-vegetarianos.

Existem varias teorias quanto ao efeito da creatina no ganho de massa magra, no aumento de força e performance em exercícios resistidos, incluindo testes de uma mesma carga. Estudos demonstram que com a suplementação de creatina, devido ao maior estoque de creatina intramuscular, há maior disponibilidade de energia para pratica de musculação, prolongando o volume de trabalho, que a longo prazo leva a um aumento de força, dependente deste aumento de volume de treinos, portanto o aumento no volume de treinos (estímulo) é que favoreceu o ganho de força.

Tem sido demonstrado que a suplementação de creatina aumenta a quantidade de água intracelular e de acordo com estudos isto pode influenciar nos estoques de glicogênio muscular.

Diversos estudos também demonstraram que a massa magra e a força muscular aumentaram com a suplementação de creatina.

A creatina pode ser utilizada no tratamento de algumas patologias de forma benéfica, especialmente onde houver degeneração do sistema muscular.

Faltam dados que liberem o uso de creatina em crianças, adolescentes e gestantes, portanto não é recomendado para mulheres gravidas.

Apesar disso os efeitos da suplementação de creatina sobre a função renal são debatidos intensamente na literatura científica. Enquanto alguns pesquisadores posicionam-se cautelosamente quanto ao uso dessa substância, uma vez que estudos de caso têm sugerido efeitos prejudiciais à função renal, há autores que se debruçam sobre estudos longitudinais, que embora possuam sérias limitações metodológicas, indicam a segurança da suplementação de creatina. Diante da incerteza em torno do tema, a mídia e os órgãos reguladores de cada país têm tomado suas próprias posições acerca dos riscos desse suplemento.

É comum observar inúmeros especialistas da área de saúde condenando, veementemente, o consumo de creatina, sobretudo com a alegação de que esse suplemento é prejudicial à função renal. A dedução é simples e até mesmo lógica: a creatina é convertida espontaneamente a creatinina, a qual é excretada pelos rins. O excesso de creatina obtida pela suplementação geraria uma sobrecarga renal ao ser excretada.

Recente pesquisa, publicada no American Journal of Kidney Diseases, constatou que a suplementação de creatina por 35 dias em um jovem de 20 anos que apresentava apenas um rim, cuja função já estava levemente diminuída, não alterou a sua capacidade renal, sugerindo que a suplementação em curto prazo não altera a função renal, mesmo em um indivíduo com um único rim.

Apesar da existência de inúmeros relatos de caso na literatura indicando que a creatina possa prejudicar a função renal, não há evidências sustentáveis de que essa substância apresente riscos a homens saudáveis. Pesquisas bem controladas, no entanto, devem investigar sujeitos com doenças renais pré-existentes e com propensão à nefropatia. Recomenda-se a monitoração sistemática nesses consumidores, até que se ateste a segurança da suplementação nesses casos.

É de extrema importância informar que a decisão de utilizar a suplementação de creatina deve ser orientada e acompanhada por um nutricionista especialista em nutrição esportiva ou suplementação após verificação da necessidade de utilização, adequar a quantidade para cada modalidade, além de realizar avaliações periódicas dos compartimentos corporais e verificar se está ocorrendo de fato ganho de massa muscular ou se o "inchaço" é decorrente apenas do acúmulo de água intramuscular, bem como verificar se houve aumento da performance.

Por Jhousefer Amorim - Especial para o Rio Verde Agora

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