Procura por testes de HIV aumenta em mais de 40% após Carnaval

Mesmo com tanta informação disponível, descuidos em relação à prevenção às DSTs/Aids ainda são muito frequentes, sobretudo em períodos de festas carnavalescas


Normalmente a procura por testes de HIV aumenta em mais de 40% após o Carnaval. A informação é do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) da Secretaria Estadual da Saúde de Goiás (SES-GO), que realiza esses exames. De acordo com o coordenador Estadual de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)/Aids da SES, Edvan Miranda, a procura que durante o restante do ano varia entre 150 a 200 atendimentos mensais, nos dois meses após o Carnaval chega a 360 atendimentos por mês, “é quase que o dobro do normal”, alerta ele. Segundo ele, nesta época do ano o abuso de substâncias como álcool e outras drogas contribui muito para uma situação de vulnerabilidade, fazendo com que as relações desprotegidas possam ocorrer com mais facilidade, o que se torna ainda mais grave em um período em que a diversidade de parcerias sexuais acaba sendo muito frequente.

Descuido
Mesmo com tanta informação disponível, descuidos em relação à prevenção às DSTs/Aids ainda são muito frequentes, sobretudo em períodos de festas carnavalescas. “Umas das hipóteses para esse descuido é o fato da banalização da Aids, isso pelo  fato de as pessoas saberem que a doença hoje tem  tratamento”, explica Edvan. Ele afirma ainda que, embora seja próprio da cultura dos jovens da década de 1990 para cá o uso do preservativo, a partir do momento que se estabelece um vínculo entre os casais, o uso do preservativo é abandonado, e aí  é que ocorre o maior risco ou até mesmo a contaminação por Aids e outras DSTs.

Quem mais procura o serviço
De acordo com Edvan Miranda,  o CTA é mais procurado por homens que fazem sexo com outros homens (HSH), a população de jovens gays, bem como a população de travestis e transexuais. “Essa população tem acesso constante a esse serviço e se sente mais à vontade ao procurá-lo porque é atendida por profissionais altamente qualificados para recebê-la e que o fazem de forma humanizada, segura e sigilosa”, diz ele. A faixa etária de pessoas que mais acessam os serviços do CTA está entre 15 e 30 anos. “Mas é sempre bom lembrar que o Centro está aberto a pessoas de qualquer idade, orientação sexual e de qualquer classe social”, esclarece Edvan.

Unidade de referência com tratamento gratuito
Os Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs) são unidades de saúde de referência cuja função é oferecer a testagem para HIV, hepatites B e C e sífilis. “Uma vez que o indivíduo que acessa esse serviço e tem diagnóstico positivo para algum desses agravos,  já é encaminhado para tratamento. No caso de HIV ele será encaminhado para o Serviço de Atendimento Especializado (SAE) ou para o Hospital de Doenças Tropicais (HDT), unidade de referência estadual”, explica o coordenador.  E no caso de alguma DST, o paciente será encaminhado para tratamento nas unidades básicas de saúde, que são as responsáveis para tratar DSTs. Tanto a testagem quanto o tratamento (para o HIV e para qualquer outra DST) são oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) à população de forma inteiramente gratuita.  Todos os testes são realizados (também de forma gratuita) de acordo com a norma definida pelo Ministério da Saúde e com produtos registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e por ela controlados.

Onde funciona
Atualmente, Goiás conta com 16 unidades do Centro de Testagem e Aconselhamento espelhadas em municípios estratégicos do Estado como Jataí, Anápolis, Caldas Novas, Itumbiara e Aparecida de Goiânia, entre outros. Em Goiânia o CTA funciona no prédio do Centro de Referência em Diagnóstico e Terapêutica (CRDT) Cândido José Santiago de Moura (na Avenida Contorno N° 2151, Ala Norte da Área do Terminal Rodoviário de Goiânia, no Setor Norte Ferroviário) e atende pelos telefones: 3524-8700 /3524-8707/ 3524-8713. Distribuição de preservativos A distribuição de preservativos para o período de Carnaval em Goiás já teve início na semana passada por meio das 17 Regionais de Saúde do Estado, que fazem também a distribuição de material informativo para as respectivas secretarias municipais de saúde de todo o Estado.  “Até agora já distribuímos um milhão e meio de preservativos para dar suporte às ações de prevenção que estarão acontecendo neste período de Carnaval”, afirma Edvan.

O público-alvo da campanha
Se tem festa, festaço ou festinha, tem que ter camisinha. Esse é o tema da campanha que este ano terá como público-alvo, sobretudo os jovens de 15 a 24 anos. De acordo com dados epidemiológicos apurados pela Secretaria e pelo Ministério da Saúde, tanto em nível de Goiás quanto em nível de Brasil, um número significativo da população nessa faixa etária tem apresentado contaminação pelo vírus da Aids nos últimos anos. “A contaminação por HIV é maior principalmente entre os jovens gays, o que é muito preocupante para nós, se esses adolescentes estão se contaminando tão cedo, é porque a iniciação sexual está se dando de forma muito precoce e de forma desprotegida. É por isso que nós vamos focalizar sobretudo nessa população e tentar alertá-los para o uso consciente do preservativo em todas as suas relações sexuais”, diz ele.

Além do uso de preservativo, a Secretaria da Saúde orienta aos foliões sobre a moderação no consumo de bebidas alcoólicas e a ingestão de bastante água para hidratar o organismo e diminuir os danos causados por essas e outras substâncias.

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