Pediatria de cães e gatos

A veterinária Marina Paz Rodrigues traz dicas de como cuidar de seu animal de estimação


O surgimento da pediatria como especialidade da Clínica Médica de Pequenos Animais, durante a evolução da Medicina Veterinária, veio atender às necessidades de conhecimentos que melhorassem os cuidados no manejo dos neonatos e os cuidados pediátricos minimizando a mortalidade de filhotes. Estima-se uma alta mortalidade de filhotes de cães e gatos antes do desmame, e possivelmente este número aumente até antes da puberdade. A neonatologia e pediatria canina e felina requerem do médico veterinário cuidados especiais durante as fases de seu desenvolvimento, verificando o tamanho da ninhada, idade, condição corporal, alimentação, tamanho e aparência do filhote em relação à ninhada, local onde fica, freqüência da alimentação, acesso às mamas e atitude do filhote e da ninhada. A pediatria veterinária deve incluir os aspectos fisiológicos do crescimento e os patológicos das doenças e também o estudo das necessidades ambientais do desenvolvimento psíquico e da evolução da conduta do cão e do gato. Sendo assim a pediatria veterinária representa o estudo das circunstâncias de um filhote desde o nascimento até a puberdade.

Após o parto é importante realizar a inspeção de cada filhote recém nascido, para verificação de seu estado assim como imperfeições que necessitem cuidado veterinário, além obviamente, de assistência para sua amamentação nos primeiros momentos, colocando-os diretamente nas mamas da mãe, previamente deitada em

local calmo e adequado. Todo cãozinho, com até dez dias de idade, é considerado um neonato. É um período onde diversos cuidados devem ser tomados, pois nosso amiguinho ainda não possui todas as defesas orgânicas para sobreviver em nosso mundo. Manter a fêmea muito bem alimentada, para suprir seu gasto energético com a amamentação. Uma fêmea mal alimentada pode deixar de amamentar e até comer seus filhotes. A fêmea e sua ninhada devem estar sempre abrigados de frio e vento; devendo ser o local seco, ter temperatura agradável e ventilação indireta.

Os filhotes irão mamar logo após o nascimento e irão adquirir os anticorpos passados pelo leite materno. Fêmeas não vacinadas fornecerão bem menos anticorpos do que aquelas que tem a vacinação em dia. A mãe permanecerá no ninho o dia todo, só saindo para urinar e defecar. Coloque água e comida próximo ao animal. Muitas fêmeas podem ficar agressivas com a aproximação de estranhos ou mesmo do dono.

Não insista, pois o instinto materno falará mais alto e a fêmea poderá atacar. A fêmea irá lamber os genitais e ânus dos filhotes, o que os estimulará a defecar e urinar. A mãe irá comer os dejetos dos filhotes. Os filhotes abrem os olhos com 10 a 15 dias de idade.

Os dentes começam a nascer entre 25 e 30 dias. Com 15 dias eles já começam a dar os primeiros passos, meio arrastados. A partir de 20 a 25 dias de idade a gata começa a rejeitar a ninhada. É hora da orientação do veterinário quanto ao desmame. Durante a transição, pode-se oferecer ao filhote de cão uma mistura espessa, semelhante a uma papa, de alimento de boa qualidade para filhotes, próprio para crescimento e misturada com água na proporção de uma parte de alimento seco combinada com três partes de água ou duas partes de alimento enlatado misturada com uma parte de água. Uma vez que o filhote esteja comendo satisfatoriamente a papa, deve-se reduzir gradualmente a quantidade de leite ou água da mesma, até que o filhote esteja consumindo apenas comida sólida. O filhote aprendendo a comer e a beber satisfatoriamente já pode ser separado da mãe.

Os gatinhos podem ser separados da mãe a partir de 45 dias de idade. Oriente o novo proprietário a levar o filhote ao veterinário para exames e início da vacinação. Não deixe que o filhote saia na rua ou tenha contato com outros animais antes de completar todas as vacinas.

As exigências nutricionais, a alimentação e os cuidados com cães e gatos durante a fase pediátrica são substancialmente diferentes durante seus vários estágios de crescimento. Uma nutrição adequada consiste na suplementação de todos os nutrientes em quantidades e em proporções adequadas. A fase de crescimento é um período fundamental na vida de filhotes de cães e gatos, a qual envolve a interação de hereditariedade, regulação hormonal, ganho de peso e nutrição apropriada. Os filhotes de cão e de gato deixarão de atingir o tamanho determinado, a menos que consumam alimentos suficientes e de qualidade adequada. As desordens relacionadas à utrição ocorrerão com freqüência se forem administradas, durante o crescimento, rações comerciais de baixa qualidade, não balanceadas ou rações caseiras com poucos itens alimentares.

Na prática veterinária, cuidados pediátricos com os cães e gatos ocorrem do nascimento até os 6 meses de idade. Os filhotes devem ser vermifugados com 2-3 semanas de vida a critério do médico veterinário. A primeira vacina, normalmente ocorre às 6 semanas de vida (45 dias). Deve ser realizado um exame físico completo, verificando-se condições mentais, postura, locomoção e respiração. Um neonato saudável é firme, rechonchudo e vigoroso. O choro ocorre em resposta a dores, frio, falhas na amamentação, ou pouco contato com a mãe.

Se o neonato é separado da mãe são necessárias algumas providências com relação ao ambiente. O ideal é que seja mantido à uma temperatura ambiente de aproximadamente 29ºC e umidade de 55% a 65%. Alguns artifícios podem ser utilizados para esquentar os filhotes como bolsas de água quente, lâmpadas, garrafas com água aquecida, etc, porém deve-se ter o cuidado de não expor os animais à queimaduras ou a ambientes muito quentes. Hipotermia (temperatura entre 23 e 35ºC) é comum e está associada a depressão respiratória, bradicardia, paralisia gastrointestinal e coma. O colostro excretado nas primeiras 48 a 72 horas é de fundamental importância para os filhotes, pois são ricos em imunoglobulinas. Os componentes fundamentais do colostro (as imunoglobulinas) só podem ser absorvidos pelo intestino do filhote do cão ou do gato, durante as primeiras 72 horas. Não existe nenhum outro leite que seja por si só um bom substituto do leite da gata ou da cadela, nem mesmo o da vaca. É indicado que para tornar o leite bovino um substituto mais adaptado às necessidades das crias, deve ser complementado, pois tanto o leite da cadela quanto o da gata são mais ricos em todos os componentes principais (proteínas, gorduras, energia, cálcio e fósforo), com exceção da lactose, sendo assim a opção é o leite artificial cuja composição se aproxime o mais possível no conteúdo, consistência e paladar do leite natural.

A dentição definitiva no gato estará completa em torno da 7 meses no gato, e no cão esse processo se completa entre a 7º e 8º mês de vida. O final dessa fase está relacionado à chegada da puberdade e inicio da capacidade reprodutiva. Determinando assim o completo desenvolvimento do organismo. Aproveite essa fase gostosa com seu filhotinho e a todo e qualquer problema, consulte sempre um veterinário.

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