Parto de cadelas e gatas
A veterinária Mariana Paz Rodrigues dá dicas de como cuidar de seu animalzinho de estimação
A gestação de cadelas e gatas tem duração de aproximadamente 2 meses (entre 58 e 63 dias). Esse tempo é influenciado por diversos fatores como por exemplo, número e tamanho dos filhotes.
Com 30 dias de gestação é possível detectar a gravidez por simples palpação abdominal. A fiabilidade deste exame é baixa e em fêmeas obesas muitas vezes não é de todo possível fazer uma avaliação.
A partir dos 45 dias de gestação é possível fazer RX, o que permite confirmar a gravidez e também contar o número de fetos. A gestação também pode ser confirmada por ultra-sonografia, que mostrará o número de fetos e sua posição no útero, sendo muito importante para o acompanhamento do desenvolvimento dos fetos.
Uma fêmea grávida deve fazer uma boa alimentação (uma ração premium ou de crescimento); estar vacinada (os anticorpos vão passar para os filhos protegendo-os); e desparasitada e não deve tomar medicamentos (a menos que sejam receitados pelo veterinário). A recomendação aos proprietários ou criadores, é que não alterem a rotina que vinham mantendo com seus animais agora gestantes, unicamente pelo fato de encontrarem-se agora nesse estado. Deixe-as continuar sua rotina diária, inclusive com gestantes merece especial cuidado: deve ser fracionada em mais vezes por dia, e aumentando gestante para bem gerar seus futuros filhos necessitar de maior quantidade de nutrientes.
Uma semana antes do parto, defina o local onde a fêmea dará a cria. Coloque uma caixa ou caminha de tamanho suficiente para acomodar a fêmea e a ninhada, confortavelmente. As laterais da caixa devem ter altura que permita a entrada e saída da fêmea com facilidade, mas que impeça que os filhotes saiam. Coloque panos ou cobertores na caixa, para que a fêmea vá se acostumando com o local.
Quando o momento para o parto estiver próximo, e será facilmente visível pelo próprio aumento de volume da fêmea gestante, além de concomitante desenvolvimento das mamas e mesmo estado geral de engorda do próprio animal, será notado que seu andar fica mais lento e cuidadoso, além dela mesma se tornar mais sonolenta e preguiçosa. Chegado o momento realmente do parto, a fêmea demonstrará inquietação, micções frequentes.
Vinte e quatro horas antes do parto a fêmea deixa de comer e começa a se aninhar, procurando lugares mais calmos e mesmo escuros, muitas vezes carregando para onde estiver roupas que tenha a seu alcance como se estivesse fazendo o próprio ninho para suas crias. A temperatura corpórea baixa em 1 ou 2ºC.
Quanto mais próximo do momento do nascimento, mais agitada e inquieta a fêmea ficará. Impeça que ela vá parir em locais de difícil acesso (em baixo de camas ou móveis).
A fêmea começa a ter contrações regulares cada vez mais frequentes. Pode deitar-se ou pode querer movimentar-se, ao fim de algumas horas (até 12 horas no 1º parto) faz-se a expulsão do primeiro filhotinho. A bolsa de àgua pode romper-se antes ou durante a expulsão do feto. Depois do primeiro filhote nascer, os restantes vão nascendo com intervalos de tempo que podem ir de alguns minutos até uma ou duas placentas expulsas, porque a retenção placentária pode originar uma infecção do útero.
Após o nascimento do primeiro filhote, a fêmea irá cortar o cordão umbilical, lamberá o filhote para o estimular e secar, e irá comer a placenta. Cada filhote será acompanhado de uma placenta. Deixe que ela coma, pois a placenta fornecerá nutrientes para a gata.
Você deve ligar para o veterinário quando o trabalho de parto durar mais que 12 horas sem o nascimento de nenhum animal; se você suspeitar de que ainda há fetos no útero e já tiverem se passado mais de 2 horas desde o nascimento do último filhotinho; e sempre que houver hemorragias exuberantes. Deve ser feita uma consulta pós-parto nas 48h seguintes para avaliar a saúde da mãe e dos recém nascidos.
Causas de perda da ninhada:
• demora na saída de algum filhote, por falta de dilatação ou devido a fetos muito grandes;
• falta de contrações para expulsão dos filhotes;
• eclâmpsia: falta cálcio, o útero não se contrai; É considerada uma emergência veterinária e portanto a fêmea deve ser levada imediatamente ao consultório;
• tempo de gestação prolongado (acima de 62 dias);
• torções do útero que impeçam a expulsão dos filhotes.
Desde que o estado da parturiente seja normal, não há necessidade de maior cuidado: infrutíferas as contrações, sem o aparecimento de nenhum feto pela abertura natural da cadela, será razão para procura do profissional competente para as medidas que se fizerem necessária.
A placenta pode ser expelida logo após o nascimento de cada filhote, ou ficar retida por algum tempo, para posteriormente ser expelida e ingerida pela cadela. Ao final do trabalho de parto, a cadela mostra-se tranqüila, sem contrações uterinas e deixa os filhotes amamentarem. Caso isto não ocorra, procure o seu veterinário. Poderá ser necessário ajudar os cachorrinhos a sair, mas às vezes a intervenção de alguém que não sabe o que está a fazer pode piorar a situação. Nunca tente puxar um cachorro se este lhe parecer entalado, porque são muito frágeis e poderão morrer. Alguns casos resolvem-se.
Fique atento aos sinais de sua cadela ou gata e a qualquer suspeita de problema procure o veterinário de sua confiança!