Os jovens e as bebidas alcoólicas

A pedagoga Caroline Arcari fala sobre educação aos leitores do Rio Verde Agora


O abuso regular de bebidas alcoólicas, fenômeno cada vez mais freqüente entre os adolescentes britânicos, favorece o vício em drogas, o alcoolismo e a delinqüência quando eles chegam à idade adulta. Essa é a conclusão de um estudo que examinou os hábitos em matéria de consumo de álcool de 11 mil adolescentes de 16 anos em 1986 e constatou algum tempo depois o que tinha acontecido com os mesmos jovens ao completarem 30 anos. Segundo o estudo, publicado na revista britânica de medicina “Journal of Epidemiology and Community Health”, os jovens que abusaram do uso do álcool durante a adolescência não só eram mais suscetíveis ao alcoolismo e à delinqüência, como também sofriam com outros problemas graves. Comprovou-se que eles tinham 40% mais probabilidade de consumir drogas ilegais e sofrer problemas mentais que os que não tinham abusado da bebida quando eram adolescentes.

Poucos sabem, mas o alcoolismo é considerado uma doença pela Organização Mundial de Saúde. Os excessos alcoólicos são responsáveis por grande parte de acidentes de trânsito, traumas físicos, brigas, morte violenta e suicídio. Dos adolescentes entre 12 e 17 anos, 48,3%, já beberam alguma vez na vida. Desses, 14,8% bebem regularmente e 6,7% são dependentes de álcool .

Estudos comprovam que o alcoolismo deve ser combatido em casa. Grande parte de jovens dependentes iniciou o consumo do álcool dentro da família. A criança começa a observar o comportamento dos pais desde muito cedo, e com isso percebe que situações de alegria e prazer estão relacionadas ao consumo de álcool. No decorrer de sua vida, repetirá esse comportamento, relacionando-o sempre às situações de descontração, desafio e coragem, nunca a um vício. Daí a importância da informação aos pais, educadores e, em especial, aos próprios adolescentes, pois quando mais tarde estiver configurado um quadro de alcoolismo, algumas perdas já terão ocorrido no âmbito pessoal, familiar e social, além do trabalho curativo e a recuperação dependerem de inúmeras variáveis, pois as perdas acumuladas geralmente retro alimentam a dificuldade de iniciativa para motivar mudanças nesse estilo de vida.

Como tudo que se refere à educação, as diretrizes, os limites e a prevenção começam na infância. E como todo efeito educativo, em relação ao álcool não poderia ser diferente: o exemplo dos pais é essencial. A coerência entre discurso e prática deve fundamentar a educação no lar.

Por Caroline Arcari

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