O bicho: Zooterapia

A veterinária Mariana Paz Rodrigues fala aos leitores do Rio Verde Agora sobre o mundo animal


Zooterapia significa terapia realizada com a presença de animais. De um modo geral no Brasil, os trabalhos desenvolvidos ainda se restringem ao uso de canídeos e eqüídeos, entretanto isso não significa a exclusão do potencial de utilização dos demais animais, para tal finalidade. Algumas técnicas utilizadas em tratamentos zooterapêuticos estimulam o contato de pessoas com animais e assim aguçam a percepção da consciência dos pacientes, até mesmo a afetiva.

A relação subjetiva entre homens e ‘bichos’ transformou-se. Diferentemente de seus ancestrais, o animal contemporâneo não é uma simples companhia ou protetor, mas um membro da família humana. A afetividade com os animais é herança de nossos antepassados; mas na atualidade, esta relação é muito mais próxima e complexa. Interagimos com eles de forma mais profunda, buscando, muitas vezes, alívio para nossas angústias. Mais do que companhia eles são provedores de afeto. Esta maravilhosa interação psíquica entre o homem e as demais espécies animais, possibilita que nossos animaizinhos sejam importantes auxiliares em processos terapêuticos; por exemplo, os animais despertam os sentimentos de sociabilidade e de fraternidade em humanos com doenças mentais.

A zooterapia não se restringe a uma faixa etária específica e pode ser utilizada no tratamento de inúmeras doenças, tanto psicológicas quanto físicas. Entretanto, o público mais assistido pelos tratamentos zooterapêuticos é ainda formado por crianças e idosos portadores ou não de necessidades especiais e os profissionais mais envolvidos são fisioterapêutas, fonoaudiólogos, psicólogos e pedagogos juntamente com veterinários e adestradores. Os animais, chamados de co-terapêutas, empregados no tratamento devem apresentar algumas particularidades para que possibilitem, juntamente com os profissionais, um resultado satisfatório.

Em se tratando de cães e cavalos não existem prerrogativas quanto às raças que podem ser empregadas. Mas devemos ter consciência de que alguns requisitos são necessários como: o animal deve ser muito sociável, ter interesse pelas pessoas, não ser agressivo, não ser medroso. Em suma o animal deve ser calmo, tolerante, amigável e interessado para obter êxito em sua parte do trabalho.

Sob qualquer ângulo que façamos a análise, verificaremos que o vínculo homem-animal transcende o plano físico e a partir dessa relação muitos hospitais, asilos e escolas usam o recurso da zooterapia, com resultados impressionantes. A presença do animal estimula questões relativas à memória, motiva pacientes a enfrentar tratamentos difíceis, facilita a recuperação física e estimula a criatividade e a predisposição ao aprendizado. As técnicas empregadas variam de acordo com o ambiente em que serão realizados os tratamentos e com o objetivo de cada tratamento. Nas visitas aos locais onde os pacientes estejam internados, os animais são levados e acompanhados durante toda a sessão por profissionais especializados. Em outros casos os pacientes são levados a lugares como zoológicos ou aquários, onde possam ter contato com os animais, mesmo a certa distância, mas de forma a estabelecer o contato auditivo, visual ou mesmo olfativo, buscando estimular os sentidos dos pacientes e provocar-lhes reações positivas.

Os benefícios obtidos vão desde a melhoria do equilíbrio e da coordenação motora, recuperação da funcionalidade de membros à novas formas de socialização, elevação da autoconfiança e da auto-estima, melhora no aprendizado, controle da ansiedade e recuperação de memória. Como nas terapias convencionais, na zooterapia, os resultados dependem de uma série de fatores, que envolvem o profissional, o paciente e os acompanhantes ou responsáveis, com a inserção de um novo vértice que é representado pelo animal co-terapêuta, que conformará uma tríade (animal co-terapêuta x paciente x profissional).

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