O bicho: doença inflamatória intestinal

A veterinária Mariana Paz Rodrigues dá dicas de como cuidar de seu bichinho de estimação


A doença inflamatória intestinal em animais na verdade, refere-se a um grupo de distúrbios gastrointestinais sem causa definida. Este termo coletivo é usado para descrever pacientes que são afetados por sinais gastrointestinais crônicos em que há  uma infiltração de células inflamatórias para a mucosa intestinal, sem que qualquer causa conhecida tenha sido demonstrada. Os sinais clínicos associados geralmente são inespecíficos, e compatíveis com uma variedade de doenças do trato gastrointestinal e outros sistemas orgânicos. O diagnóstico da DII é alcançado por exclusão. Uma vez que determinadas doenças tenham sido excluídas, o uso de tentativas clínicas de tratamento como ferramenta de diagnóstico pode ainda ajudar a classificar o transtorno, como por exemplo as doenças do trato gastrintestinal responsivas à mudanças na alimentação.

Os últimos estudos apontam como possível causa interações anormais entre a flora microbiana intestinal e o sistema imunológico na mucosa gastrointestinal. Outra possibilidade é que  o aumento do número bactérias em infecções intestinais possa desempenhar um papel no desenvolvimento da DII por causarem anormalidades na mucosa. Animais afetados pela DII são geralmente de meia-idade para animais mais velhos, mas a faixa etária é ampla e inclui animais muito jovens também. Não há predileção por raça ou sexo, porém animais de raça pura costumam ser mais afetados que os sem raça definida.

Os sinais clínicos mais comumente observados são diarréia, vômitos, perda de peso e anorexia. No entanto, alguns animais podem ter um normal aumento do apetite e muitos gatos, ao contrário dos cães, não têm diarréia na apresentação. Eles geralmente exibem sinais intermitentes, o que confunde seus proprietários  que acabam procurando o veterinário  apenas no final do curso da doença.

A doença inflamatória intestinal pode ser classificada como de trato gastrintestinal (TGI) inferior ou superior com base em sinais clínicos. Vômitos e perda de peso sugerem doença GI superior, enquanto sangue nas fezes, diarreia com muco e sinais de urgência são frequentemente atribuídos a doença de TGI inferior. No entanto, os sinais clínicos não são suficientes para localizar definitivamente a doença. Assume-se, então, que é uma doença é difusa durante a determinação do planejamento diagnóstico e tratamento. O exame físico  é muitas vezes impreciso. Achados anormais podem incluir perda de condição corporal, desidratação, espessamento de alças intestinais ou dor abdominal.

Quanto ao diagnóstico, já que os sinais podem ser muito inespecíficos, o primeiro passo é descartar doenças que podem apresentar um quadro clínico semelhante. Outras doenças gastrointestinais, tais como reação adversa a alimentos, infecção parasitária, infecção bacteriana, infecção fúngica e intestinal
neoplasia podem apresentar os mesmos sinais clínicos. A análise laboratorial inicial deve incluir a análise completa hematológica e bioquímica, urinálise, e análise fecal. Radiografias abdominais podem ser indicada se houver obstrução parcial crônica ou uma massa intra-abdominal, maso ultra-som sempre preferível nos casos de suspeita de DII.

O tratamento é baseado inicialmente na substituição da alimentação por uma nova fonte de proteína. Proteínas de alta digestibilidade e fibras altamente solúveis, como polpa de beterraba, são indicadas. Se o paciente não melhorar dentro de 5 a 7 dias, deve ser considerada a possibilidade de tratamento adicional, como anti-inflamatórios, imunomoduladores e antibióticos. O engajamento do proprietário é notoriamente um importante fator e todas as medidas necessárias devem ser tomadas para garantir o controle dos sintomas. Um proprietário dedicado e vigilante pode ter um efeito positivo sobre o resultado final do caso. Alternativamente má aderência e / ou monitoramento pode tornar a doença muito difícil ou mesmo impossível de gerir.

É importante lembrar que a doença inflamatória intestinal é uma condição que exige atenção constante, mas que tem prognóstico muito bom. Fique atento!

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