O bicho: castração de cadelas

A Veterinária Mariana Paz Rodrigues traz aos leitores do Rio Verde Agora dicas de como cuidar melhor de seus bichinhos de estimação


As neoplasias mamárias constituem aproximadamente 50% dos tumores diagnosticados em cadelas.  Os hormônios sexuais femininos, principalmente o estrógeno, desempenham papel fundamental no desenvolvimento dos tumores de mama em mamíferos, incluindo as cadelas. A castração precoce, realizada entre o 5º e 7º mês de vida, é um dos mais comuns procedimentos veterinários realizados nos Estados Unidos e em grande parte do mundo.  Cada vez mais, proprietários de cães e médicos veterinários têm questionado a idade ideal para o desempenho dessas cirurgias.Estudos demonstram que a castração realizada antes do primeiro estro (cio) reduz o risco de desenvolvimento da neoplasia mamária para 0,5%; este risco aumenta significativamente nas fêmeas castradas após o primeiro ciclo estral (8,0%) e o segundo (26%).
    
Quanto ao procedimento cirúrgico, pacientes mais jovens se recuperam mais rapidamente e têm uma incidência menor de complicações cirúrgicas e pós-cirúrgicas do que animais mais velhos, pois possui nenhuma ou muito pouca gordura corporal para sustentá-los, a incisão é menor, a duração da cirurgia é reduzida e a sua recuperação é bastante breve.

Dentre as vantagens da castração se incluem a ausência de cio, a diminuição da incidência dos tumores de mama nas cadelas castradas antes do 1º cio, o controle das infecções uterinas (piometra) e a diminuição do número de animais abandonados.

Outra dúvida muito comum dos proprietários e relação à castração é se ela predispõe ou não à obesidade. Há estudos que realmente relacionam o aumento de peso ao evento da castração, porém com alimentação adequada conseguimos reduzir esse risco e evitar a obesidade. Verdade é que a obesidade é causada geralmente, por ingestão excessiva de alimentos e falta de exercícios físicos.

Um mito que cerca a castração é que ela deixa o animal mais calmo, ou até mesmo apático, o que não é verdade. O animal leva a vida normalmente e mantém seu nível de atividade anterior à castração. O que acontece é que em animais não castrados não ocorre a disputa territorial, que pode ser exacerbada pela influência hormonal, eliminando, por exemplo comportamentos como urina para marcação de território, fugas em busca de fêmeas no cio (e consequente risco de atropelamentos, brigas, etc), ferimentos de combate e agressividade por disputa, mas deve ficar claro que a castração não elimina problemas de comportamento relacionados à personalidade.

Ainda hoje muitas pessoas pensam que devem deixar sua cadelinha ou gatinha gestarem ao menos uma vez antes de castrar, procedimento no qual não há vantagem alguma, pois como vimos anteriormente se castrarmos antes mesmo do primeiro cio, reduzimos muito a chance de desenvolvimento de câncer de mama.

Um conceito importante ao se discutir a castração é o de posse responsável, que inclui a preocupação com os filhotes que serão gerados, seu bem-estar, sua saúde, alimentação, moradia e cuidados básicos por toda a vida.

Portanto, não há contra-indicações para a castração de cães e gatos. Converse com seu veterinário e marque a castração de seu animalzinho, você com certeza estará fazendo um bem a ele(a) e ainda contribuirá para diminuir o número de animais abandonados.

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