No consultório

A psicóloga Kátia Beal responde a dúvidas dos leitores do Rio Verde Agora


Nesta semana, gostaria de responder às perguntas de duas leitoras, que buscam ajuda.

Minha melhor amiga anda deprimida, chorando muito, deixando de fazer tudo que fazia antes, como sair com as amigas, está faltando muito às aulas na faculdade, e tem ficado boa parte do tempo trancada em seu quarto. Ela está se sentindo muito triste porque perdeu sua avó que a criou. O que posso fazer para ajudá-la a sair a dessa?

Sandra, 20 anos

Sandra, primeiramente, é importante não tentar distrair sua amiga, tentando fazer de conta ou fingir que nada aconteceu. Não se deve falar pra ser forte e que não é para chorar. Pergunte se deseja que você fique com ela, ao seu lado, dê um abraço, ofereça-se para consolá-la, mas sem dizer “foi melhor assim” ou “ele estava sofrendo”, ou ainda “ele está em um bom lugar”. Perder alguém nunca é legal, nunca será melhor e o que sua amiga mais precisa nesse momento é expressar seus sentimentos, suas emoções, sua dor, seja chorando, seja precisando ficar um tempo sozinha. Às vezes, o silêncio de um amigo pode valer mais do muitas outras palavras ou atitudes. Cada pessoa tem o seu tempo para elaborar o luto, para alguns pode ser mais rápido, para outros pode demorar mais. Cada um pode ter as mais diversas e inesperadas reações, e nesse momento é fundamental ter paciência para entender sua amiga. Fique por perto e ofereça ajuda, mas sem forçar nada, querendo que ela saia de casa logo. Com o tempo ela irá retomar aos poucos as suas atividades, e se isso não acontecer, é importante buscar a ajuda de um profissional. Tristeza por uns dias, em função das perdas é normal e com o tempo a pessoa busca estratégias para superar a dor e seguir a vida adiante, mas se a tristeza persistir é sinal de que ela precisa de ajuda, pois pode estar com início de um quadro de depressão, e nesse caso, precisa de acompanhamento psicológico e/ou psiquiátrico

Há mais ou menos um mês descobri que minha filha de 18 anos é homossexual. Não sei como lidar com esta questão, e por isso não temos mais diálogos como antes. Devo levar a minha filha para fazer terapia?

Paula, 38 anos

Paula, recomendo que tenham uma conversa franca e aberta, dando espaço para ouvi-la, para falar como se sente em relação a sua sexualidade, como lida com esta questão e para você também falar dos seus sentimentos. O importante é que ambas tenham oportunidade de se expressar. Ao contrário do que muitos pensam, não se muda a orientação sexual de uma pessoa, ou seja, alguns pais pensam que a terapia fará com que o filho mude de opção, quando na verdade, esta tem a função de fazer com a pessoa expresse seus sentimentos e trabalhe as suas emoções de maneira a se aceitar, se encontrar e ser feliz. Dessa forma, se sua filha estiver querendo conversar com um profissional sobre seus sentimentos, pode ser interessante procurar uma psicoterapia sim, e quem sabe você também, como mãe, pode conversar com um terapeuta para compreender como lidar melhor com as questões da sua filha, e também com as suas próprias questões. Um conselho: se você já amava sua filha, ame-a ainda mais. Sabemos que as coisas mudaram muito, mas o preconceito persiste e filhos que são amados tem mais estrutura para lidar com os problemas na vida. Se não for amado e respeitado em casa, como pode esperar isso do mundo?

Se você tem alguma pergunta, alguma dúvida, algum problema ou algum conflito que esteja com dificuldade de resolver, você pode enviá-los para o e-mail da psicóloga Kátia Beal katiabeal@gmail.com que iremos responder na próxima semana aqui no www.rioverdeagora.com.br

*Se preferir, as perguntas podem ser feitas de maneira anônima, ou substituiremos o seu nome para garantir o sigilo e preservar a sua identidade.

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