Caroline Arcari traz dicas de educação sexual para os leitores do Rio Verde Agora

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Menino brincando de boneca. Essa cena, incômoda para muitos pais e também para professores, gera muitas discussões em torno do brinquedo adequado para cada sexo e das preocupações sobre os efeitos da brincadeira, considerada por muitos inadequada ou sinal de homossexualidade.

Recentemente, uma loja de brinquedos francesa localizada em Paris, realizou uma oficina diferente em que garotos e garotas acima de três anos brincaram em um ateliê cercado de bonecas, berços e ambientes que simularam o espaço doméstico. Desse modo, sem distinção de sexo, a criançada brincou de fazer comida, cuidar do bebê, arrumar a casa e alimentar seus “filhos imaginários”.
 
O brinquedo é um objeto que traduz valores e conceitos de uma sociedade. Tem, portanto, forte conotação cultural. Há brinquedos que até hoje tiveram uma imagem masculina, mas isso está mudando rapidamente Lugares que sempre foram bem definidos entre o rosa e o azul, começam a se transformar com as novas concepções dos papéis sociais do homem e da mulher. Alguns pais ficam aflitos com esta questão, pois acreditam que a sexualidade será definida a partir da escolha do brinquedo. É interessante esclarecer que o brinquedo em si não influencia a sexualidade da criança, mas sim a forma como ela brinca e realiza o faz de conta. Além de vários outros fatores, a identidade e a sexualidade da criança será desenvolvida e definida a partir do contexto familiar, em como os pais se relacionam, como os papéis sexuais são vivenciados e valorizados (ou não) dentro de casa.

Se o brincar é, de fato, a atividade de preparação e experimentação do mundo adulto  que resulta na elaboração e organização de idéias e emoções, ao reprovar nos meninos brincadeiras consideradas femininas, não estaríamos bloqueando um aprendizado através do qual o menino experimentaria a função de pai participativo nos cuidados e na educação dos próprios filhos? O papel social do pai sofreu grandes mudanças nos últimos anos. A formação desse novo homem começa na infância. A função de pais e professores é participar das brincadeiras, orientar valores de respeito e amor próprio, superando os próprios preconceitos e evitando a educação machista e autoritária.

Por Caroline Arcari