Educação sexual nos Estados Unidos

Caroline Arcari fala sobre sexualidade para os leitores do Rio Verde Agora


Calorosos debates em torno das campanhas em prol da abstinência e valorização da virgindade têm chamado à atenção do mundo. Em uma campanha anti-educação sexual, o governo dos Estados Unidos investiu 300 milhões em ONGs cuja finalidade é disseminar que sexo seguro é não fazer sexo. A mensagem é simples: se a pessoa não tem relações sexuais, não corre o risco de adquirir doenças e as mulheres, de engravidar indesejadamente. Para esta filosofia, nenhum outro método é mais profilático e contraceptivo que a abstinência, segundo o governo. Até aqui, não há com o que discordar. Mas o grande problema dos programas de incentivo à abstinência é que eles se recusam a ensinar sobre métodos contraceptivos e outras informações importantes da vida sexual. Ao jovem que decide ter relações sexuais antes do casamento, nada sobra além da lacuna que o programa de Bush insiste em manter.

"Você é como uma bela rosa. Cada vez que você realiza sexo pré-matrimonial, uma das suas preciosas pétalas está sendo arrancada. Não deixe seu futuro marido segurar uma haste vazia". A campanha da Abstinence Otlet que veicula a mensagem acima, (potencialmente machista, diga-se de passagem), tenta convencer adolescentes a não transar. Mesmo com as forçosas investidas, uma pesquisa mostrou que 88% dos adolescentes que passaram pelo programas de abstinência, mantiveram relações sexuais antes do casamento e que apenas 40% dos jovens usaram algum método contraceptivo.

A ONG Why Know?, que significa Pra que saber?, apoiada pelo governo Bush levanta a bandeira da não-informação, defendendo que discutir assuntos sobre sexo incentiva a promiscuidade e a iniciação sexual precoce e irresponsável dos adolescentes. Os conservadores parecem cegos às estatísticas: um extenso estudo da Organização Mundial de Saúde que analisou mais de 1000 relatórios de programas de Educação Preventiva do mundo todo já comprovou que jovens que passaram por programas de Educação Sexual e tiveram ampla informação sobre o tema apresentaram iniciação sexual mais tardia, com maior índice de uso de preservativos e relações mais responsáveis.
 
Para aqueles que ainda não se convenceram da importância da Educação Sexual, alguns dados: os Estados Unidos, são a única nação rica que se encontra no meio do bloco do Terceiro Mundo, com 53 nascimentos por 1000 adolescentes de acordo com as estatística do Fundo Demográfico das Nações Unidas, com índices piores que  Índia e Ruanda. Os países que, segundo os conservadores, deveriam encabeçar a  lista, por terem extensos programas de Educação Sexual formativa nas escolas, encontram-se no fim da tabela. Alemanha e Noruega só têm 11 bebês por 1000 adolescentes, a Finlândia, 8; a Suécia e a Dinamarca, 7; e a Holanda, 5.

Não seria esse o mais novo escândalo sexual do governo dos Estados Unidos, depois de Clinton?

Por Caroline Arcari – Publicado no site www.edusex.org.br

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