Conversando sobre ANOREXIA e BULIMIA

Conheça mais sobre estes transtornos com a psicóloga Kátia Beal


O que é anorexia?
A anorexia nervosa é um transtorno do comportamento alimentar caracterizado por limitações dietéticas auto-impostas, padrões bizarros de alimentação com acentuada perda de peso induzido e mantida pelo paciente. As características essenciais da anorexia nervosa são a recusa do indivíduo a manter um peso corporal na faixa normal mínima, uma busca desenfreada pela magreza, temor intenso de ganhar peso e uma perturbação significativa na percepção da forma ou tamanho do corpo.

O que é a bulimia?
É o transtorno alimentar caracterizado por episódios recorrentes de "orgias alimentares", no qual o paciente come num curto espaço de tempo grande quantidade de alimento como se estivesse com muita fome. O paciente perde o controle sobre si mesmo e depois tenta vomitar e/ou evacuar o que comeu, através de artifícios como medicações, com a finalidade de não ganhar peso.

Anorexia X Bulimia
É muito comum as pessoas confundirem ou associarem a anorexia com bulimia. Mas existem muitas diferenças entre ambas. A principal delas é que na anorexia existe a restrição alimentar com diminuição acentuada do peso, enquanto que na bulimia existe um apetite voraz que posteriormente pode ser compensado com a indução de vômitos.

Existe uma faixa etária mais propensa a desenvolver essas doenças? Qual?
Em geral, inicia na adolescência e persiste até a idade adulta. É mais comum entre os 10 e 30 anos com idade média para o seu início aos 17 anos. Raramente, inicia-se em crianças próximas da puberdade e mulheres acima de 40. Acomete mulheres em sua maioria, com uma prevalência de 8 a 10 vezes do que em homens.

No caso da anorexia, existe algum tipo de provocador comum para o desenvolvimento da doença?
Seu aparecimento está associado a um acontecimento vital estressante, como perdas, acontecimentos de significativa importância. Há casos de anorexia causados por abusos sexuais na infância. Também acreditamos na vulnerabilidade emocional, algumas pessoas são mais propensas às manifestações da magreza impostas pelo mundo da moda e pela beleza das atrizes e celebridades divulgadas pela mídia.

Na anorexia há uma negação da figura feminina adulta e o temor de assumir todos os papeis concernentes desta, inclusive a gravidez, combatida freneticamente com a recusa alimentar. Com isso, estariam sendo evitados a presença de ingestos na barriga e o aumento desta.

Acredita-se que essa negação do papel feminino e principalmente o de ser mãe, é proveniente do temor de ganhar formas mais arredondadas e de chamar a atenção das pessoas para os contornos do corpo e da barriga que, na maioria das vezes é tocada pelas pessoas como uma forma de fazer carinho ao bebê e à futura mamãe.
 
Fatores como hereditariedade e características de personalidade contribuem para o desenvolvimento do transtorno. Entre as características de personalidade, as mais evidentes e comuns são: obsessividade, perfeccionismo, passividade, introversão e autoavaliação negativa. Baixa autoestima ou autoavaliação negativa e vulnerabilidade ao estresse são fatores de risco importante para os transtornos alimentares.

A anorexia, portanto se desenvolve pelo conjunto de fatores ao longo da vida de um individuo, desde o nascimento até a vida adulta, e não somente pelo ambiente ou fatores externos.

A anorexia tem como causa e condição de manutenção fatores múltiplos, que envolvem, além do aspecto social, aspectos psicológicos, familiares, biológicos e genéticos.

Fatores sociais ou socioculturais: a incidência de anorexia pode ocorrer de acordo com o meio em que a pessoa está inserida e reage conforme as pressões do grupo.
 
Fatores psicológicos: prevalecem os perfis e características da personalidade de cada pessoa e sua vulnerabilidade.

Aspectos familiares: dizem respeito ao ambiente familiar em que a pessoa está inserida.
Fatores biológicos ou genéticos: dizem respeito à constituição física, especulando-se a participação dos neurotransmissores, principalmente aqueles ligados aos comportamentos alimentares e a transmissão genética, que pode ocorrer nos demais transtornos psicológicos também.
 
Quais os cuidados que os pais devem ter em relação aos filhos para evitar e identificar as doenças?
Os pais devem observar os hábitos alimentares dos filhos, se não estão escondendo comida nos armários, no guardaroupa, debaixo da cama, se andam somente com roupas largas, pra querer esconder o corpo, por se acharem muito obesos. Devem observar se saem da mesa muito antes que todo mundo, se vivem fazendo dietas, ou dizendo que não estão com fome. Observar também seus contatos na internet.

Se comprovado, como deve ser o procedimento dos pais para com seus filhos que possuírem a doença?
O envolvimento da família no tratamento pode ajudar a criar uma estrutura de colaboração em que os membros se tornem o meio facilitador de mudanças, uma vez que a cultura alimentar específica de cada família afeta o desenvolvimento e/ou a manutenção dos transtornos alimentares, o que se constitui como um grande desafio no atendimento.


Dúvidas? Envie e-mail para nossa colunista, a psicóloga Kátia Beal katiabeal@gmail.com

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