Consultório virtual: medo de dirigir

A psicóloga Kátia Beal responde as perguntas dos leitores do Rio Verde Agora


Tenho 41 anos e até hoje não consegui tirar minha carteira de motorista. Tenho carro, mas não consigo tirá-lo da garagem. Fico muito mal com isso e sempre dependo dos outros pra me levarem aos lugares. Por que isso acontece? Os homens também têm essa dificuldade? Como superar esse medo de dirigir?

Tereza


Tereza, alguns fatores podem estar relacionados ao medo de dirigir. Na maioria das vezes, estão diretamente ligados com a ansiedade. O medo (ou fobia) serve para nos proteger de situações que consideramos difíceis ou estressantes, ou seja, é necessário para o bom funcionamento do nosso corpo e mente. Assim, numa intensidade moderada, tanto o medo como a ansiedade preparam o organismo para se confrontar ou até mesmo se esquivar de uma situação de risco. Porém quando em excesso, pode impedir que a pessoa possa realizar atividades das quais gostaria, como a vontade de dirigir, por exemplo.  

Outros fatores também podem contribuir para desencadear o medo de dirigir. Entre eles, se a pessoa já passou ou teve algum conhecido que passou por acidentes sejam eles mais graves ou menos graves. Há também outros fatores como a autoestima e a maneira que a pessoa se vê diante das outras pessoas, ou seja, os fatores relacionados ao medo da aprovação dos outros.

Há perfis de personalidade mais ou menos vulneráveis em que o medo da aprovação social ou a crença de não conseguir fazer nada certo, que impedem que a pessoa realize algumas atividades, e o medo de dirigir é uma delas, na qual a pessoa fica exposta às criticas e observações dos outros.

Pesquisas indicam que as mulheres pertencem ao grupo das pessoas que mais sofrem com o medo de dirigir, mas isso não acontece somente com elas. Muitos homens também se sentem privados do ato de dirigir, pois a ansiedade que é um dos fatores que mais desencadeiam esse medo, acontece tanto com homens como com mulheres, indiferente ainda do sexo, condição social, familiar, etc. Algumas teorias explicam que os índices mais elevados do medo de dirigir estão com as mulheres porque desde pequenininhas elas são estimuladas a brincar de boneca, de casinha, de escolhinha, ou seja, brincadeiras mais femininas, enquanto os meninos costumam ganhar carrinhos, aviõezinhos, tratores, isto é, brincadeiras consideradas como mais masculinas e que envolvem a direção.

Hoje em dia há muitos métodos para superar o medo de dirigir. Na terapia cognitivo-comportamental utilizamos técnicas especificas (reestruturação cognitiva, resolução de problemas, relaxamento, dessensibilização sistemática, exposição gradual, entre muitas outras técnicas que são aplicadas de acordo com a necessidade de cada caso), para a redução da ansiedade e para a mudança de pensamentos que geram o medo de dirigir.

Quando trabalhamos com o emocional no sentido de compreender de onde surgiu o medo e como superá-lo, conseguirmos direcionar para o lado prático, resgatando a autoestima, reduzindo a ansiedade e ressaltando os pontos positivos da pessoa que proporcionam o autoconhecimento.

Dessa forma, uma boa intervenção começa quando a pessoa está disposta a:

    assumir seus pensamentos disfuncionais e encara o medo como um problema possível de resolução;
    estar motivada para a mudança;
    se propõe a se expor as situações fóbicas interpretadas erroneamente por ela como de risco, mudando a representação das mesmas;
    começa a ver o carro e o trânsito como algo bom e não como algo assustador;
    mudando a maneira como vê o carro, ocorre a mudança na relação com este e a
           habilidade de começar a praticar com o veículo e a modificar a sua vida.


Grande abraço a todos e até a próxima semana

Se você tem alguma pergunta, alguma dúvida, algum problema ou algum conflito que esteja com dificuldade de resolver, você pode enviá-los para o e-mail da psicóloga Kátia Beal katiabeal@gmail.com que iremos responder na próxima semana aqui no www.rioverdeagora.com.br

*Se preferir, as perguntas podem ser feitas de maneira anônima, ou substituiremos o seu nome para garantir o sigilo e preservar a sua identidade.

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