Consultório virtual: ensinando a criança a usar o banheiro

A psicóloga Kátia Beal responde as perguntas dos leitores do Rio Verde Agora


Tenho um filhinho de 3 anos e meio de idade, mas tenho dificuldades em ensiná-lo a fazer cocô no vaso sanitário. Ele aprendeu a fazer xixi, mas quando é para fazer o nº 2, ele faz na cueca mesmo, e nem parece incomodado com o volume "extra" nas calças. Como devo me proceder? Já tentei o diálogo, já tentei ser mais ríspido e nada adiantou...

Cada criança tem um ritmo de desenvolvimento, de aprendizado e de desenvolvimento de habilidades físicas, motoras e intelectuais. Crianças forçadas no treinamento do controle dos esfíncteres (fazer xixi e cocô) quando ainda não estão preparadas podem desenvolver uma atitude negativa e desafiadora, que retardará a aquisição deste controle.

Uma boa alternativa para ter sucesso nesse treinamento é a modelagem. As crianças imitam os pais (modelos), portanto é interessante deixar seu filho acompanha-lo ao banheiro e mostrar como você faz.

A idade média de aquisição do controle dos esfíncteres é aos 3 anos. Digo média porque algumas crianças podem aprender aos 2 anos e outras podem demorar um pouquinho mais e aprender só lá por volta dos 4 anos.

Auxilie seu filho sem estresse, sem cobranças de resultados. Se preciso lance mão de estratégias de recompensa. Por exemplo, hoje existem diversos tipos de privadas para os pequenos à venda nas lojas de artigos infantis e de brinquedos. Existem alguns modelos que tocam musiquinha quando a criança faz xixi ou cocô na privadinha. Algumas tem formato de bichinhos, outras tem suporte para papel higiênico. Tudo isso para se aproximar da privada dos adultos.

Elogie o sucesso, mas não repreenda ou castigue os insucessos.

Investigue se alguém (babá, avó, berçário, irmãos ou outra criança) criticou ou fez algo quando seu filho estava fazendo cocô, pode ser que tenha sido reprimido por alguém. Muitas vezes simples atitudes ou palavras depreciativas comprometem o treinamento. Algo como “ah, fez cocô de novo!!!!, tenho que te trocar outra vez!, mas que menino!!! ou ainda, nossa que cocô fedido!!!” podem chegar na criança de maneira negativa e ameaçadora impedindo que ela peça para ir ao banheiro.

Quando possível deixe a andar pela casa sem roupas. Sem a segurança da fralda normalmente a criança presta atenção quando sentir vontade.

Observe os horários que seu filho costuma fazer cocô e nesses momentos ofereça a privadinha, pode utilizar um boneco para estimular, ensine dar tchau ao cocô, leia um livrinho.

Converse sempre, atitudes ríspidas não colaboram em nada. O diálogo, o carinho e os exemplos são bem mais eficazes.

Tenha muita, mas muita paciência, afinal, a arte de educar exige, além de muito amor, uma grande dose de paciência e não se esqueça que educar é repetir, repetir e repetir quando vezes necessário for.

Não sei se passou pela sua cabeça a encoprese (dificuldade que algumas crianças apresentam no controle do cocô). Mas se passou, quero tranquilizá-lo, pois nessa faixa etária em que seu filho se encontra a questão é apenas melhorar o treino. Contudo, se persistir e ultrapassar o 4 anos, aí pode ser necessário você procurar um psicólogo para ajudar tanto a criança como a família na aquisição dessa habilidade. Mas você não precisa se preocupar agora. Siga as dicas que vai dar tudo certo... Sucesso, grande abraço a você e ao seu pequeno...


Kátia Beal
Psicóloga – CRP 04/36616
Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental (UFU)
Uberlândia – MG
katiabeal@gmail.com

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