Consultório virtual 2012: depressão pós-parto

A psicóloga Kátia Beal responde as perguntas dos leitores do Rio Verde Agora


Kátia, escrevo porque ando muito preocupado com minha esposa. Temos um bebê de 2 meses e tenho percebido que ela não está feliz, vive chorando pelos cantos, não se abre, não quer falar. Já ouvi falar sobre depressão pós parto, o que você me aconselha? Devo me preocupar? Devo levá-la ao psiquiatra? Mas e se ele receitar medicamento, como fica a questão do leite? Sei que o sonho dela era poder amamentar por muito tempo nosso filho, e sei também que os bebês ficam mais protegidos contra doenças se são amamentados no peito. Não quero que ela deixe de amamentar, por outro lado, fico preocupado com essa situação.Por favor me ajude, estou muito angustiado com essa situação. Muito obrigado.
 
Paulo, 28 anos

Paulo, existem duas formas de depressão no pós-parto, uma mais leve e mais comum e outra mais grave. De 2 a 5 dias depois do parto algumas mulheres (aproximadamente metade delas) tem sintomas de depressão (choro fácil e tristeza) que não impedem suas tarefas. Isso se dá por conta das mudanças físicas e principalmente emocionais na vida da mulher, pelas alterações hormonais e pela responsabilidade imposta a ela com um pequenino ser que ela tem para cuidar. Como essa fase cede espontaneamente não é estudada como o tipo mais grave, que é mais prolongada e incapacitante, precisando inclusive, de intervenção médica e psicológica.
E aí que está a resposta à sua pergunta. Alguns psiquiatras prescrevem antidepressivos tricíclicos. Segundo eles, apesar de passarem para o leite materno não causam maiores problemas para a criança. Já os pediatras recomendam a suspensão da amamentação caso seja introduzida alguma medicação antidepressiva. Não há relatos de problemas causados nas crianças em aleitamento materno cujas mães tomavam antidepressivos tricíclicos Nesse caso, eu aconselho que você procure conversar com sua esposa, tendo paciência, sendo carinhoso, explicando que está preocupado com ela e com o filho de vocês, e explicando também que é importante ela procurar sim o tratamento.

Procure incentivar a procurar primeiramente um (a) psicólogo (a), preferencialmente que utilize a abordagem cognitivo-comportamental, que costuma ser mais eficaz porque é estruturada e trabalha pensamentos distorcidos, nesse caso, acerca da maternidade. Pode ser que com este profissional ela fique mais à vontade para falar o que está sentindo. Se ele achar necessário, irá encaminhar ao psiquiatra. Mas fique tranquilo, pode ser que nem seja necessário o uso de medicação, nem a suspensão da amamentação. O que vai dizer é a avaliação do psicólogo. Pode ser que uma boa conversa e a aplicação de técnicas psicoterapêuticas ajudem a superar esse momento.

Fiquem bem, vai dar tudo certo, e precisando estou à sua disposição para maiores esclarecimentos...


Kátia Beal
Psicóloga – CRP 04/36616
Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental (UFU)
Uberlândia – MG
katiabeal@gmail.com

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