Câncer em pequenos animais

A veterinária Mariana Paz Rodrigues tras dicas de como cuidar de seus bichinhos de estimação


As neoplasias, mais conhecidas como câncer, se tratam de uma proliferação de determinado tipo de célula de forma descontrolada e acelerada, sem organização, prejudicando o organismo de diversas formas. A causa é desconhecida, apenas a prevalência é maior em animais de idade mais avançada.

As neoplasias podem acometer vários órgãos e tipos celulares, podem ser benignas ou malignas. Dentro das malignas, existem graus de malignidade: quanto mais firme e aderido ao órgão, quanto mais vascularizado, quanto mais rápido o crescimento dessa neoplasia e mais rápido aparecimento de metástase (disseminação do tumor para outras regiões do corpo), mais maligno o tumor é.

Câncer é um termo que define os tumores malignos. Os cães e gatos estão também propensos a desenvolver este tipo de patologia. Com o passar dos anos a casuística de tumores em geral tem aumentado, isto porque a expectativa de vida das espécies de companhia também tem aumentado. A metástase consiste na disseminação do câncer do local inicial para outros órgãos, por via sanguínea ou linfática, atingindo em cães principalmente os pulmões. O câncer é uma das principais causas de mortalidade em animais domésticos na atualidade e apesar das técnicas de terapia do câncer virem se aprimorando, para alguns tumores não existe um tratamento eficaz.

Um importante fator de risco para o desenvolvimento do câncer em humanos e nos animais é a idade. Nos humanos, por exemplo, o câncer produz um enorme impacto na comunidade geriátrica de todo o mundo, ocupando o segundo lugar de causa de óbito entre os idosos. Nos animais essa característica também se repete. Atualmente, mais bem tratados do que nunca, cães e gatos estão vivendo por mais tempo. Muitos fatores são importantes para o aumento da longevidade dos animais, tais como nutrição adequada, imunização, tratamento e controle de outras doenças. A exposição prolongada a agentes carcinogênicos, a instabilidade genética e as alterações da imunidade são características encontradas nos idosos que contribuem para o aparecimento das neoplasias.

Os tipos de neoplasia mais comuns em animais domésticos são:

TVT (Tumor Venéreo Transmissível), uma neoplasia que ocorre na área genital e é contagiosa, por meio do ato sexual, o que, dentre outros, consiste em um motivo importante para a indicação da castração de animais criados sem fins reprodutivos.

As cadelas e gatas são frequentemente acometidas por neoplasias mamárias. Essas neoplasias são mais comuns em cadelas, mas costumam ter mais malignidade nas gatas. Etiologicamente, apresenta alta correlação com a produção de hormônios, como estrógeno e progesterona e, portanto, quanto mais jovem o animal é castrado, menores são as chances de câncer de mama. Quando castradas antes do primeiro cio, as chances de tumor mamário são praticamente inexistentes. Animais que sofrem de gravidez psicológica têm maior predisposição. Ocorre comumente em animais geriátricos, com média de 7 a 12 anos de idade, não castrados ou castrados após vários ciclos estrais, acometendo diferentes raças.

Cerca de 1% de todos os tumores diagnosticados em cães e gatos se encontram na cavidade nasal e/ou nos seios paranasais e podem ser benignos ou malignos. Os sinais comumente apresentados em casos de tumores nasais são intermitentes, inicialmente, e constituem-se de descarga nasal, com ocorrência unilateral; sangramento nasal; espirros; congestão nasal e/ou obstrução de vias aéreas superiores, provocando ruídos. A dor pode ainda forçar o animal a andar com a cabeça baixa e levar a alterações comportamentais como agressividade ou depressão.

Os osteossarcomas, ou as neoplasias malignas de tecido ósseo têm incidência maior em animais de raças grandes ou gigantes, com idade média de acometimento por volta dos 7 anos.

A variedade de tumores de pele descrita em cães é bastante grande, o que dificulta os clínicos de pequenos animais conhecerem todas essas condições. Os tumores malignos de pele (carcinomas cutâneos) estão entre os cânceres mais comuns. São mais comuns nos animais de pele muito clara, com pouca pigmentação e mais freqüente em felinos que em cães.
Animais albinos (com pêlo branco e pele rosa) têm maior predisposição a neoplasias cutâneas e por isso é importante que os proprietários adotem medidas de proteção aos raios solares, evitando que o animal saia de casa nos períodos de maior incidência de raios UV ou utilizando filtro solar.

A oncologia é um grande desafio especialmente no que se refere ao tratamento. Na medicina veterinária, as formas de tratamento do câncer incluem a cirurgia, a radioterapia, a quimioterapia e a imunoterapia, além de várias outras opções que têm sido utilizadas por médicos veterinários na tentativa de provocar regressão dos tumores e/ou alcançar a cura. É importante lembrar que neoplasia não se adia; à qualquer ameaça de reação tumoral é essencial que se tomem medidas terapêuticas imediatamente. Há tratamento e este pode ser de dois tipos: paliativo ou curativo. O tratamento paliativo visa minorar o sofrimento do animal, quando não perspectiva de cura. Visa aliviar a dor, corrigir disfunções que comprometam a qualidade de vida do bichinho. O tratamento curativo apresenta bons resultados em alguns casos e efeitos colaterais não são tão intensos no cães e gatos, como nos humanos.

Antes de iniciar o tratamento é de extrema importância que se proceda uma avaliação diagnóstica correta através de exames radiológicos, histológicos e histopatológicos, tomografia computadorizada, ressonância magnética, e análise citológica. A intervenção terapêutica deve adotar um protocolo que deve ser feito individualmente para cada paciente. Os agentes quimioterápicos antineoplásicos possuem baixo índice terapêutico, ou seja, a dose que produz uma resposta de tratamento desejada é muito próxima da dose que produz uma resposta tóxica indesejada. Por isso, o médico veterinário e o proprietário (quando a medicação for prescrita para uso em domicílio) devem estar atentos à administração da dose correta.

Deve-se sempre levar em conta a importância do diagnóstico precoce. A cura depende do início precoce do tratamento. Leve sempre o seu animalzinho ao veterinário, pois, mesmo pequenas lesões, nódulos, ferimentos que não cicatrizam, devem ser biopsiados com brevidade. Receber o diagnóstico de que o animal está com câncer não é nada fácil para o proprietário, assim como para o veterinário também é difícil dar essa notícia. A maioria dos casos ainda tem um final infeliz, mas com os avanços da medicina e o diagnóstico precoce, muitas neoplasias podem ser curadas ou controladas, e em muitos casos, o animal consegue ter uma sobrevida longa e de qualidade.

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