Tenoshow 2014: José Luiz Tejon abordou perspectivas do agronegócio

Para palestrante, “o maior desafio que os produtores vão enfrentar nos próximos dez anos é justamente superação”


O auditório principal da 13ª TECNOSHOW, em Rio Verde, ficou pequeno para as cerca de 700 pessoas que conferiram a palestra proferida por José Luiz Tejon, na tarde desta quinta-feira, 10. Com o tema “Os desafios do agronegócio para os próximos dez anos”, ele defendeu, de forma descontraída, a necessidade de superação, cooperativismo e interpretação crítica das informações por parte dos produtores, em um cenário de intensas inovações tecnológicas e crescente demanda dos consumidores finais no País e no mundo. “É importante caminhar cada vez mais para o conceito de agrosociedade, um passo além do agronegócio”, enfatizou. Ao elogiar a atuação da COMIGO, Tejon ressaltou que não há chances de existência para o agricultor sem exemplos concretos de associação e cooperativismo. “Fora das cooperativas não haverá possibilidade de futuro nessa nova orquestração do agronegócio”, disse.

Com uma trajetória extensa, que inclui especialização em Agribusiness em Harvard, direção de Agronegócios da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM/USP) e autoria de vários livros, Tejon acredita que o agricultor só tem possibilidade de êxito por meio do cooperativismo, considerando-se a proporção de 1,3 bilhão de agricultores no mundo para apenas mil empresas e companhias que concentram e definem as regras do jogo. Para o palestrante, não basta estar informado sobre as tecnologias disponíveis, é preciso se antecipar ao que há de mais moderno e interpretar as informações obtidas. “Nós não temos tempo para não aprender. É tão veloz a ciência, a tecnologia, que nós não podemos nos dar ao luxo de ficar um palmo de mão afastados dos cientistas”, enfatiza.

Ele destaca também a necessidade de se compreender o agronegócio, e não apenas a agropecuária ou fatores importantes como clima, preço de venda, custos de produção e incidência de pragas e doenças, velhos conhecidos dos produtores. “Agronegócio é integração”, afirma. Assim, explica José Luiz Tejon, inclui uma série de fatores incontroláveis, não unicamente na produção em si, mas também da porteira para fora, antes e após a produção, como bolsas e fundos de investimento, além de segurança alimentar, organizações não governamentais (ONGs), partidos políticos, mídia, dentre outros.

Outro aspecto levantado é a infraestrutura precária, uma das grandes dificuldades do agronegócio brasileiro que, conforme Tejon, terá de ser resolvida pela iniciativa privada e pelas cooperativas. “O Governo é uma tartaruga lenta, e o mundo se move como um coelho veloz”, compara. O palestrante citou como exemplo o grande interesse da China em fazer do Brasil um aliado na importação de milho, que já apresenta um “crescimento brutal”, e as chances que podem ser desperdiçadas por ausência de estrutura adequada.  

Valorizando a experiência dos momentos difíceis e fáceis, José Luiz Tejon alerta que sorte é importante, mas estar preparado para este mundo de novas demandas diminui as chances de azar. Ele afirma que, atualmente, o produtor tem que entender de genética, administração, legislação, sustentabilidade, sociologia, nutrição, liderança, politica, economia, sucessão, marketing e comunicação, dentre outros. Tejon pontua que, se por um lado todo este cenário traz uma complexidade enorme, por outro permite novas formas de relação entre produtores, intermediários e consumidores, com uma série de facilidades que simplesmente não existiam no passado.

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