Produção de etanol de milho em debate

Palestra da Tecnoshow vai orientar sobre a viabilidade e o que é preciso para que o produto conquiste espaço no mercado


A produção industrial de etanol a partir do milho é antiga no Brasil, em pequenas quantidades e voltada principalmente para fins alimentícios, cosméticos e industriais. Segundo o representante de vendas da Divisão de Biociências Industriais para a DuPont América Latina, João Occhiucci, o que se tem vislumbrado neste mercado é uma nova possibilidade de uso, com a aplicação da matéria-prima como alternativa ou complementar à cana-de-açúcar para produção do etanol combustível anidro ou hidratado em larga escala. Essa nova tendência de mercado será discutida na palestra ‘Etanol de milho no Brasil: oportunidades, tecnologia e desafios’, que ocorrerá na TECNOSHOW COMIGO, no dia 8 de abril, às 14 horas, no auditório 1, do Centro Tecnológico COMIGO (CTC), em Rio Verde (GO).
 
De acordo com o palestrante, João Occhiucci, atualmente existem iniciativas isoladas, que já estão em operação no estado do Mato Grosso, e a tendência é da expansão desta possibilidade para outras fronteiras, incluindo Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. “O conceito Flexmill - ou seja, o uso do milho como complemento à cana-de-açúcar nas atuais usinas - pode trazer fôlego novo para a indústria uma vez que agrega benefícios, como o uso do ativo fixo da usina durante o ano todo, redução de paradas pela falta de matéria-prima, principalmente em períodos de chuva, e a otimização do uso da mão-de-obra decorrente do melhor aproveitamento do pessoal operacional durante praticamente o ano todo. Como vemos, são inúmeros os benefícios”, destaca.
 
Envolvimento
Para João, ampliar a produção de etanol a partir de milho depende do envolvimento de muitos grupos, como produtores de milho e usineiros (responsáveis pela produção de etanol), além de grupos sucroalcooleiros, que precisam se estabelecer nas novas fronteiras de produção de cana e que podem contar com a ajuda adicional do milho como matéria-prima. “O mercado está apresentando a estes grupos as oportunidades do etanol de milho e as alternativas de investimento com segurança e menos risco. Além disso, setores específicos do governo também precisam ser convencidos sobre as oportunidades com esta alternativa, viabilizando crédito para o setor”, diz. Ele explica ainda que outro grupo importante é a cadeia consumidora de milho, para a qual o mercado precisa apresentar os benefícios da produção a partir do milho e o valor agregado que ela traz, principalmente para a indústria de ração por meio do DDGS (composto de valor altamente nutritivo e com grande concentração de proteínas, ideal para nutrição animal).
 
Diferenças
João Occhiucci orienta que, basicamente, a mesma tecnologia que é utilizada para cana-de-açúcar é para o milho, com uma diferença principal nas etapas iniciais de tratamento do grão, que envolve a moagem a seco e a quebra do amido contido no cereal para açúcares fermentescíveis. “Esta etapa é realizada com a ajuda de enzimas alfamilase e glucoamilase. Feito este trabalho a partir da fermentação, o processo de produção do etanol é similar ao utilizado pelas usinas sucroalcooleiras com adaptações na fermentação e destilação e operação anexa para produzir o DDGS”, afirma.
 
Já considerando a produção como um todo, o palestrante reforça que o milho reduz a instabilidade da produção que é observada no mercado de cana-de-açúcar, onde fatores climáticos podem interferir enormemente no resultado desse processamento. “Com milho, o processo se torna mais produtivo e a boa notícia é que ele pode agregar esta previsibilidade às atuais usinas de cana, trazendo um equilíbrio entre as duas fontes de matéria-prima”.

MAC Assessoria de Imprensa

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