Navegação é 40% mais barata que rodovia

Escoamento pelo porto São Simão é mais economia em relação o transporte terrestre


O Sudoeste Goiano está comemorando como poucos o retorno da navegação na hidrovia Tietê-Paranã-Paranaíba. A região é uma das mais prósperas no Brasil na produção de grãos, principalmente soja e milho, além de celulose e madeira. O escoamento dos grãos pelo porto de São Simão, Sul de Goiás, pelos rios Paranaíba e Tietê provocam uma economia de 40% em comparação com o transporte em caminhões. Trata-se de um trajeto de 2.400 quilômetros. No caso de exportações, a soja tem o destino de Santos, em São Paulo, o principal porto brasileiro. O restabelecimento da cota vai garantir o trânsito de comboios de barcaças entre os Estados de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e Goiás, interligados pela hidrovia.

Em Goiás, Antônio Chavaglia, presidente da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo), uma das mais importantes do País, comemorou a reabertura da hidrovia. Foram quase 20 meses se seca dos rios, impedindo a navegação das barcaças. A Comigo, sediada em Rio Verde, é uma das grandes exportadoras de farelo de soja e que consome insumos básicos. Chavaglia observa que o Sudoeste Goiano sofre com uma série de restrições para o escoamento de sua produção. É comum o sistema rodoviário apresentar precariedade. Nesse aspecto, os produtores lastimam os prejuízos com os custos de transportes.

Empresas de grande porte sediadas na região, como a Cargill e a Caramuru não se pronunciaram, mas concordaram com as manifestações do presidente do Sindicato dos Armadores de Navegação Fluvial do Estado de São Paulo (Sindasp), Edson Palmesan, de satisfação com as cheias dos rios Tietê, Paraná e Paranaíba, possibilitando a navegação das barcaças em seu leito. Em Goiás, a reabertura da navegação desses rios a partir de fevereiro mereceu palavras de estímulo à produção e seu escoamento em níveis mais competitivos do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás.

José Mário Schreiner está otimista. “Acredito que seis milhões de toneladas poderão sair das estradas e entrar na hidrovia, o que trará benefícios para Goiás”, diz. “Só em transporte podemos economizar 40% em comparação com a rodovia”, observa. As barcaças retiram das rodovias cerca de 200 caminhões. Segundo o assessor técnico da Faeg, Pedro Arantes, a hidrovia abastece o Estado e as regiões com as quais ele faz fronteira. “O caminho ainda alimenta uma parte do Mato Grosso do Sul e, principalmente, o Sudoeste Goiano”, explica. Além disso, também desafoga o trânsito das estradas.

O presidente do Sindasp, Sindicato dos Armadores de Navegação Fluvial de São Paulo, afirma que durante a seca mais de mil demissões foram registradas nas empresas envolvidas no processo. “O prejuízo direto e indireto chegou a R$ 1 bilhão, com estaleiros parados, demissões e troca no modal de transporte”, diz o presidente.

Mas agora, com a navegação liberada, a tendência, segundo o presidente, é que as contratações voltem a ser feitas. “Só em contratação de tripulação devemos ter 350 novas contratações. O problema que estamos enfrentando é que muita mão de obra foi para outras regiões do País e agora estamos enfrentando problema para as contratações”, afirma.

A hidrovia do Paraná-Tietê envolve influência numa área de 1,5 milhão de quilômetros quadrados, com 80 milhões de habitantes, que responde por 75% do PIB brasileiro. São 1.653 km de vias fluviais navegáveis, interligando cinco Estados, inclusive Goiás. Segundo estudos da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), as linhas de origem em São Simão (Go) a Pederneiras (SP) ocupou 45,5% do total de toneladas transportadas por esse tipo de navegação. Em relação aos tipos de carga, a soja foi o produto mais movimentado, com 1,14 milhões de toneladas,o que correspondeu a 38,98% do total de 2,94 milhões de toneladas da navegação interestadual.

Diário da Manhã

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