Municípios do interior respondem por 67,5% dos empregos gerados

Recuperação da agropecuária e expansão de polos industriais e de empresas de serviços fazem contratações saírem dos limites da capital


Ficou no passado a época em que era preciso se mudar do interior para a capital para conseguir um emprego, principalmente em tempos de crise. Este ano, 67,5% dos trabalhadores contratados com carteira assinada em Goiás e 86% das vagas captadas pelo Sine no Estado estão em municípios do interior. Goiás começou a retomar os empregos perdidos nos últimos dois anos por abrigar indústrias menos afetadas pela crise, por causa da recuperação da agropecuária e também com a expansão do setor de serviços.

Aparecida de Goiânia e Anápolis foram os municípios do interior que mais contrataram nos primeiros quatro meses deste ano, seguidos por Rio Verde, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O presidente da Associação Comercial e Industrial de Aparecida de Goiânia (Aciag), Osvaldo Antônio Pagnussat Zilli, credita o desempenho à estruturação industrial nos anos anteriores à crise, quando grandes empresas se instalaram por lá.

Hoje, o município conta com quatro polos industriais e deve ganhar mais um em breve: o Polo Metropolitano. O Produto Interno Bruto (PIB) de Aparecida passou de R$ 3,8 bilhões em 2009 para R$ 12,1 bilhões em 2016. “As empresas veem a cidade como uma oportunidade e até encerram outras operações para se instalarem aqui”, afirma Osvaldo.

Entre os atrativos, estão a localização central no País e os incentivos dados pelo município e o Estado. Só a fábrica da marca Dudalina abriu 300 postos de trabalho na cidade. A Transzilli Transportes e Armazenagem abriu cerca de 100 novos postos de trabalho este ano e tem mais 20 vagas abertas para motoristas de carreta qualificados. O gestor de Controle de Abastecimento, Giovani Oliveira Martins, de 19 anos, foi um dos contemplados, depois de ficar oito meses à procura de uma oportunidade. Estudante de engenharia mecatrônica, ele lembra que procurou trabalho na capital, mas não encontrou.

Os setores químico e farmoquímico sentiram menos os efeitos da crise e ajudaram na manutenção de empregos em Goiânia e Anápolis. Ronaldo Luiz de Miranda, segundo vice-presidente da Associação Comercial e Industrial de Anápolis (Acia), ressalta a grande capacidade da indústria de fomentar emprego e renda. Segundo ele, a maior força empregadora do município é o Distrito Agroindustrial (Daia), que abriga indústrias fortes nacionalmente e exportadoras.

Além do polo farmoquímico, Anápolis tem indústrias fortes em vários setores como construção civil, agropecuária e metalurgia. “Hoje, o Daia está com falta de espaço para instalação de novas empresas e já existe uma demanda pelo Daia 2”, destaca Ronaldo.

Goiás conta com 16 plantas industriais do setor farmoquímico em Goiânia, Anápolis e Aparecida. Incluindo toda cadeia, como indústrias de embalagens, são 59 empresas. O presidente do Sindicato da Indústria Farmacêutica de Goiás, Heribaldo Egídio, conta que, apesar da crise, o setor cresceu 9% no ano passado, pois houve um aumento da demanda por medicamentos para hospitais e algumas indústrias criaram até um terceiro turno de trabalho.

Apesar do crescimento menor, indústrias de produtos de limpeza e cosméticos sentiram menos a crise e continuaram empregando. O presidente do Sindicato das Indústrias Químicas, Jayme Canedo, lembra que são muitas pequenas empresas, que dependem mais de mão de obra e respondem rápido com geração de empregos.

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