Goiás perto da erradicação da aftosa

Faz 18 anos que estado não registra nenhum caso da doença


Há 18 anos não se verifica um único foco de febre aftosa em Goiás. Há treze anos o Estado recebeu de organizações internacionais o certificado de Zona Livre de Aftosa com Vacinação. Estima-se que em, no máximo dois anos, Goiás esteja recebendo o certificado de  Zona Livre de Aftosa sem Vacinação. Isto significa que a doença estará definitivamente erradicada.

O fato foi celebrado em um evento  que reuniu autoridades, líderes classistas e pecuaristas na Fazenda Covoá, em Goianésia, no último dia 1°. O evento coincidiu, ainda, com o lançamento da 2ª Etapa da Campanha de Vacinação contra Febre Aftosa 2013.  A campanha é promovida pela Agrodefesa, autarquia estadual responsável pela vigilância sanitária animal e vegetal em Goiás.

O governador destacou o empenho da Agrodefesa em erradicar do território goiano a aftosa. “Só estamos conseguindo ampliar os nossos mercados por conta deste cuidado”, assegurou. “As exportações acontecem porque há uma cerrada vigilância”, enfatizou.

Goiás possui um rebanho bovino estimado em 22 milhões de cabeças. A exportação de carne, é, atualmente, uma das principais fontes de divisas para o Estado. Goiás tem sido fornecedor de carne bovina para a Europa, a Ásia e os Estados Unidos. O governador Marconi reparou, em seu discurso, que tem sido comum no Brasil o dumping de outros países contra os nossos produtos. Constitui o dumping uma pratica desleal de concorrência econômica que visa, entre outras coisas, desmoralizar o produto do concorrente, levando-o a ser boicotado pelo consumidor. Daí, no dizer do governador goiano, “arrumarem-se as desculpas mais esfarrapadas” para levar descrédito ao campo.

O aparecimento de um simples foco de aftosa significa o imediato bloqueio das importações da carne brasileira em todos os países do mundo. É por essa razão que o combate à febre aftosa tem um significado que transcende à mera vigilância sanitária. Ela tem um significado econômico. Para o produtor, significa maior rentabilidade. Os preços de exportação são melhores do que os do mercado interno, com um incremento em média de pelo menos R$ 2 a  arroba. É o que afirma, com a autoridade de presidente do Grupo Otávio Lage, proprietário da Fazenda Covoá, o pecuarista Ricardo Fontoura, um dos maiores exportadores de carne de Goiás.

Produtor consciente
Ricardo destaca e valoriza o esforço das autoridades estaduais em dar combate sem trégua à febre aftosa. Mas nota que os êxitos obtidos até aqui se devem, também, a uma mudança de mentalidade do produtor. Ricardo admite que até pouco tempo atrás havia, por parte do produtor, uma grande má vontade em vacinar o gado, uma espécie de resistência passiva que anulava o empenho governamental em sanear os rebanhos.

Houve tempo, segundo Ricardo, que o fazendeiro comprava a vacina só para obter o documento que o habilitava a vender seu gado para o abate. Comprava-se vacina para jogar fora. “A vacinação é cara, mas é necessária; ela judia do rebanho, que perde peso no dia da aplicação da vacina, tem que ser levado ao tronco”. E arremata: “Era uma enganação que só prejudicava a gente mesmo”. Hoje, diz ele, a mentalidade é outra. “Com eventos como este, que tivemos aqui na Fazenda Covoá, com o governador e o Ministério da Agricultura prestigiando, o pecuarista vai se conscientizando”, afirma. O Ministério da Agricultura, segundo seu superintendente em Goiás, Francisco Carlos de Assis, tem sido um importante parceiro do governo estadual no combate à aftosa. Ele informa que este ano o Ministério já alocou recursos da ordem de R$ 22 milhões para ações de defesa sanitária animal e vegetal, e aquisição de equipamentos.

Segundo Ricardo, o governo “tem feito a parte dele”, mas a erradicação da aftosa é um objetivo cuja conquista depende muito do pecuarista. “O governo está prestigiando o pecuarista, facilitando no que pode, mas sempre exigindo que se faça a vacinação”, observa. Ele qualifica de “impressionante” este esforço governamental, mas insiste em que o engajamento do produtor é fundamental.

Primeiros frutos
Antenor Nogueira, presidente da Agrodefesa, anuncia que a campanha pró-erradicação da aftosa vem dando seus primeiros frutos em termos comerciais. Ele informa que técnicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) já estão em Goiás fazendo auditorias em seis grandes indústrias candidatas ao certificado especial que as habilitará a vender carne em todo o País, diretamente, sem intermediários. Com isso, a indústria goiana da carne fica a um passo da certificação super especial que permitirá vender seu produto diretamente ao exterior.

Antenor adiantou que foi terminado o chamado inquérito da tuberculose bovina, uma ação da Agrodefesa e do Ministério da Agricultura visando erradicar a peste que atacou menos de 0,5% do rebanho goiano. Uma cifra pequena, mas que não consente às autoridades permanecer inertes. A tuberculose bovina só pode ser erradicada com o sacrifício das rezes infectadas. “Esses animais estão sendo abatidos e seus proprietários estão sendo indenizados”, informou Antenor. Segundo afirmou, nos próximos dias Goiás obterá o certificado de Zona Livre da Tuberculose Bovina, o que permitirá a inserção do Estado nos mercados que exigem o controle dessa doença.

Para José Mário Schreiner, presidente da Federação da Agricultura do Estado de Goiás, o engajamento do governo estadual no combate à aftosa terá papel decisivo na obtenção de resultados vitoriosos.  “Este é o caminho que nos levará à certificação de Zona Livre de Aftosa sem Vacinação”, vaticina.

Alcançar o certificado de  Zona Livre de Aftosa sem Vacinação  é a meta que governo, entidades classistas e pecuaristas vêm perseguindo há 13 anos, quando Goiás recebeu o certificado de Zona Livre de Aftosa com Vacinação. Isto pode acontecer já no final do ano que vem, ou até 2016, na avaliação de José Mário. Este certificado suspende as últimas restrições à carne goiana, impostas pelos mercados estrangeiros. Na expectativa de melhorar os negócios, informa José Mário, pecuaristas goianos, por meio de suas entidades, já estão instalando escritórios em Bruxelas, capital da União Europeia, e em Pequim, capital da China, o maior mercado consumidor de commodities da atualidade. “Sem a adesão do produtor não haveria isso”, comemorou o governador Marconi Perillo ao referir-se aos 18 anos de ausência da aftosa em Goiás.

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