Educação ecológica

Confira o novo artigo do professor Marcus Eduardo de Oliveira


De um lado, há, no mundo, um bilhão de pessoas que passam fome. Desse contingente de famintos, quase 200 milhões são crianças e, destas, mais de 10 milhões morrem todos os anos de inanição. Do outro lado, quase 800 grupos corporativos mundiais dominam a cena da intermediação financeira e se regozijam com a "economia da acumulação e da devastação", pouco se importando se, para essa acumulação, serão gerados custos ambientais, se o ar será poluído e se as águas serão contaminadas.

Para essa "turma", detentora do grande capital, esses passivos ambientais não passam de meras externalidades, ou seja, não são contabilizados nos negócios.

Enquanto não mudarmos a forma de produção, respeitando, prioritariamente, os ciclos da natureza, estaremos longe do estado de bem-estar humano sustentável e, cada vez mais, nos aproximaremos de um crescimento fútil baseado, apenas e tão somente, no consumo material que satisfaz uma minoria, à medida que dilapida o capital natural.

É imprescindível combater os excessos e entender que progresso humano não pode ser confundido com crescimento material.

A crise ecológica ora vivenciada põe a vida de todos em perigo. Essa crise é decorrente do erro "patrocinado" por um sistema de economia que, de forma escandalosa, defende um crescimento ilimitado num mundo limitado.

Se almejarmos obter para nós e para a geração vindoura uma vida mais tranquila e um mundo mais desenvolvido e equilibrado, urge pôr um fim na absurda dilapidação que vem sofrendo o capital natural por conta das atividades econômicas exercerem forte pressão sobre os recursos da natureza. Um primeiro e importante passo para isso é criar e disseminar uma espécie de "consciência ecológica".

Essa consciência ecológica passa por eliminar aquilo que Fritjof Capra chama de "analfabetismo ecológico", termo esse que também vem sendo propagado por Leonardo Boff, alertando que "a maioria das pessoas e, especialmente empresários e gente de governo vivem na ilusão de que a Terra é uma espécie de baú inesgotável".

Esse tipo de consciência só se consegue mediante muita informação disseminada. Para tanto, desde a base, a partir dos primeiros anos de estudo, se faz necessário colocar nossos alunos em contato com os valores que norteiam às ciências ecológicas.

Para isso, há de se desenvolver uma política nacional de educação ecológica, uma verdadeira ecoalfabetização que seja capaz de sensibilizar a todos para a importância que representa o sistema ecológico em nossas vidas. Nossos alunos iniciantes precisam ser ensinados que crescimento econômico deve vir em conjunto com a justiça social, sempre resguardando a proteção do meio ambiente.

Definitivamente, não se pode tratar com descaso a questão ecológica. É necessário desenvolver uma consciência de que a natureza é a provedora inicial das necessidades humanas.

Infelizmente, parece que muitos se esquecem que somos parte da natureza e que ela não é composta apenas pelos seres humanos. Todos os seres são interdependentes e formam a grande comunidade de vida.

Pela continuidade da vida, com padrões equilibrados e economia justa, centrada no paradigma da preservação, conservação e sustentação dos princípios ecológicos e, finalmente, pelo fim do "analfabetismo ecológico". Se atingirmos esse estágio, lá na frente à vida saberá agradecer a todos.

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