BRF vai se adequar a condições impostas pela UE, diz presidente interino

Lorival Luz disse que, assim que europeus decidirem sobre o bloqueio, companhia definirá 'uma estratégia de crescimento de margem e adequação'


Diante do bloqueio às exportações de aves da BRF para a União Europeia, o presidente interino, Lorival Luz, disse em teleconferência nesta sexta-feira, 11, que "a companhia se adequará às condições impostas pela UE para atender aos mercados".

Segundo o executivo, a empresa aguarda e monitora as definições do bloco sobre a questão e ainda não existem relatórios finais dos europeus. No entanto, a BRF já realizou estudos próprios. Assim que os europeus tomarem uma decisão sobre a continuidade dos embarques, "definiremos, junto ao conselho, uma estratégia de crescimento de margem e adequação", acrescentou.

No primeiro trimestre de 2018, a receita líquida da categoria "mercado internacional" da BRF recuou 13,7%, a R$ 1,824 bilhão, ante o resultado de R$ 2,113 bilhões registrado em igual período do ano passado, conforme balanço financeiro divulgado na quinta-feira. "No mercado externo, temos o impacto de restrições dos suínos na Rússia e das restrição de frangos para a União Europeia", justificou Luz.

A pressão do mercado europeu se intensificou em meados de março, com a deflagração da Operação Trapaça (terceira etapa da Carne Fraca) pela Polícia Federal, que desencadeou a suspensão das exportações das três unidades da BRF - Mineiros e Rio Verde, ambas em Goiás, e Carambeí (PR). A investigação apura se a BRF teria adulterado laudos sobre os índices de salmonela em seus produtos para garantir o acesso a determinados mercados.


Ainda sobre os players estrangeiros, o CEO destacou na teleconferência que não existe definição sobre as exportações para a Arábia Saudita, porém a companhia conta com produção suficiente para atender àquele mercado até setembro deste ano, para o período do Ramadã. A discussão envolvendo os sauditas trata sobre o uso do atordoamento das aves antes do abate ser feito, regra que contrariaria os preceitos do abate halal.

Ajustes operacionais
Para o segundo trimestre, Luz afirmou que não poderia dar um guidance, mas esclareceu que a empresa está preparada tanto para ajustes de demanda quanto de custos. "As férias coletivas adotadas em algumas unidades fazem parte de adequação à demanda", disse.

A BRF concedeu férias coletivas de 30 dias para parte dos empregados de Rio Verde (Goiás) e Carambeí (Paraná) entre os dias 14 e 21 de maio. Na unidade de Capinzal (Santa Catarina), há férias coletivas a partir de 7 de maio para os trabalhadores da linha de abate de aves. Em Toledo (Paraná), haverá férias a partir de 2 de julho. "Se precisarmos de outras plantas com férias coletivas, será feito de maneira natural", acrescentou o executivo. O CEO disse que os cronogramas seguem uma programação de 30 a 90 dias, sem prejuízo aos ciclos produtivos dos alimentos.

"As férias foram definidas não só com base na Europa. Ficamos um período do primeiro trimestre sem esse mercado, mas também houve a questão da Rússia e optamos pela adequação de nossos estoques de produtos prontos", enfatizou Luz.

Preços
O CEO interino da BRF, Lorival Luz, disse em teleconferência nesta sexta-feira que a empresa, assim como o mercado em geral, terá que se adequar nos próximos meses à dinâmica de preços de grãos e oferta de commodities como milho e farelo de soja. Segundo o executivo, a companhia monitora a quebra de safra na Argentina, as questões climáticas no Brasil, com possível efeito negativo para a safrinha, e ainda observa o conflito entre Estados Unidos e China. "Essa conjuntura deve gerar algum impacto negativo para a companhia no segundo trimestre", estimou.

Com relação à Argentina, a empresa acredita em uma quebra de 24% para o milho e 34% para a soja. Já no Brasil, a expectativa é de que a volatilidade cambial também gere efeito sobre os preços dos grãos e, com isso, o custo da ração tende a ser maior durante o segundo trimestre de 2018, tanto no comparativo anual quanto no trimestral.

Sobre o cenário doméstico, Luz ressaltou que houve uma elevação nos preços dos produtos durante o quarto trimestre do ano passado, principalmente em embutidos, que gerou perda de market share. "Quando você faz um ajuste em preços, as vendas são pressionadas e há um tempo para o mercado acompanhar integralmente", explicou.

Em balanço financeiro divulgado ontem, a BRF destacou o aumento na oferta local e queda de 14,5% no preço médio do frango inteiro durante o primeiro trimestre de 2018, em relação ao igual período do ano anterior. Além disso, o alojamento de frango recuou 1,3%.

Estadão

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